Linhas de Cuidado

Planejamento assistencial - Crianças expostas ao vírus Zika na gestação e assintomáticas ao nascimento

Aspectos gerais

A Atenção Primária à Saúde tem papel fundamental no acompanhamento das crianças expostas ao vírus Zika durante o período gestacional, mas sem manifestações clínicas no momento do nascimento, para a intervenção precoce das crianças, contribuindo para um melhor prognóstico.

O acompanhamento das crianças com diagnóstico suspeito ou confirmado deve ser compartilhado com a Atenção Especializada. Em casos de alterações leves, coordenado pela Atenção Primária e quando apresentação da síndrome típica, coordenado pela Atenção Especializada.

A primeira consulta de puericultura na APS deve ser realizada, se possível, até o 5º dia de vida do recém-nascido, cabendo ao profissional de saúde verificar se todas as avaliações diagnósticas e encaminhamentos para especialistas foram realizados antes da alta da maternidade.

Check-list de avaliações do Recém-nascido (RN)

Para todos RN expostos ao vírus Zika durante a gestação

Exames laboratoriais
  • Sorologias da mãe e do RN: IgM por captura e IgG quantitativo para dengue, Chikungunya, Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes, Elisa para vírus Zika (IgM e IgG, quando disponível) e VDRL
  • Teste molecular para vírus Zika (RT-PCR) nos materiais biológicos
  • Hemograma completo 
  • Aminotransferases hepáticas e bilirrubinas
  • Uréia e creatinina
Exames de imagem
  • Ultrassonografia transfontanela
  • Tomografia Computadorizada do Crânio, sem Contraste (TC) ou Ressonância Nuclear Magnética (o que estiver disponível)
Triagem biológica
  • Teste do Pezinho
Exames oculares
Triagem auditiva
  • Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (PEATE)
Triagem do coração
  • Teste do coraçãozinho (oximetria de pulso)
Avaliação da cavidade bucal
Imunizações

Avaliação clínica

Aspectos gerais

Todos os RN expostos ao vírus Zika devem receber avaliação e acompanhamento regular durante a infância, incluindo: Crescimento da cabeça, avaliação de neurodesenvolvimento, exame físico geral, incluindo avaliação da audição e ocular, avaliação do padrão alimentar.

Verificar informações no relatório de alta do recém-nascido, além das disponíveis nas Cadernetas da Gestante e da Criança.

O acompanhamento inclui o exame físico completo, com a avaliação neurológica não-especializada da criança, em todas as consultas.

Para mais informações sobre a anamnese e exame clínico da criança, consulte a Linha de Cuidado da Puericultura.

Avaliação clínica

Circunferência da cabeça

Os recém-nascidos devem ter a circunferência da cabeça medida, utilizando as tabelas a seguir, conforme orientação da Caderneta da Criança (Meninos e Meninas):

  • Crianças pré-termo (idade gestacional menor que 37 semanas de gestação ao nascer): A medida deve ser interpretada utilizando a tabela InterGrowth (específica para o RN pré-termo), até completar as 64 semanas pós concepcionais. Após esse período, o acompanhamento da criança pode ser continuado nas curvas da OMS, sem a necessidade de corrigir a idade. Para utilização das curvas da OMS, antes de completar as 64 semanas pós concepcionais, é necessário corrigir a idade, conforme orientação de cálculo presente na Caderneta da Criança
  • Criança a termo: A medida deve ser interpretada por meio das curvas de crescimento da OMS

Critérios da OMS segundo os seguintes pontos de corte:

Microcefalia: Recém-nascidos com perímetro cefálico (PC) com mais de 2 desvios-padrão abaixo da média para idade gestacional e sexo, correspondendo a um PC menor ou igual a 31,5 centímetros para meninas e 31,9 para meninos, nascidos à termo.

Microcefalia grave: Recém-nascidos com PC com mais de 3 desvios-padrão abaixo da média para idade gestacional e sexo.

Microcefalia com anormalidade cerebral: RN com microcefalia que apresenta anomalias congênitas do cérebro, diagnosticadas por exames de imagem ou anormalidades neurológicas ou de desenvolvimento.

Critérios microcefalia
  • Utilize uma fita métrica que não estique
  • Com cuidado, passa a fita ao redor maior circunferência possível da cabeça
    • Na testa, usualmente um a dois dedos acima da sobrancelha
    • Acima das orelhas
    • Na parte mais proeminente da parte de trás da cabeça
  • Meça três vezes e selecione a maior medida com precisão de até 0,1 cm
  • O melhor momento para medir é entre 24 e 36 horas após o nascimento, quando a modelagem da cabeça já diminuiu

Fonte: Adaptado de Anomalias congênitas do sistema nervoso: microcefalia. USA: Centros para Controle e Prevenção de Doenças, 2021.

Avaliação clínica

Avaliação neurológica

Avaliar: Estado de alerta, postura adotada, tônus, lateralização da cabeça no primeiro mês de vida, movimentos e, de acordo com a idade, os reflexos primitivos.

Reações e Reflexos Primitivos

Fonte: Adaptado de Diretrizes de estimulação precoce: crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

Avaliação clínica

Manifestações oftalmológicas

A deficiência visual está presente na maior parte das crianças com SCZ. O diagnóstico e intervenção visual precoces favorecem um melhor prognóstico e melhora na qualidade de vida da criança.

As estruturas oculares mais afetadas na SCZ, devido ao neurotropismo do vírus Zika, são a retina e o nervo óptico, estando associados a um prognóstico visual reservado. O dano causado ocorre no período intra-útero e pode ser detectado ao nascimento pelo exame de fundo do olho.

Outras alterações incluem: Defeitos do campo visual, baixa sensibilidade ao contraste, hipoacomodação e erros de refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo), coloboma de íris, subluxação da lente, catarata, glaucoma, calcificações intra-oculares, microftalmia e outras deficiências neuro-oftálmicas, como paresia dos músculos oculomotores e abducentes com estrabismo convergente, perda de respostas pupilares e nistagmo.

A avaliação oftalmológica realizada por especialista é essencial para o planejamento e execução do programa de intervenção precoce e estimulação visual da criança.

Atenção: O recém-nascido que nasceu assintomático, mas que foi exposto ao vírus Zika durante a gestação (quadro clínico materno, teste molecular (RT-PCR) e/ou sorologia materna positiva para o vírus Zika), deverá realizar exame de fundo do olho se não tiver sido realizado na maternidade.

Avaliação clínica

Manifestações auditivas

Crianças expostas à infecção pelo vírus Zika durante a gestação, necessitam de triagem auditiva, conforme rotina da puericultura. Algumas crianças, apesar de apresentarem a audição periférica normal ao nascimento podem ter um desenvolvimento auditivo e de linguagem atípicos, devendo ser encaminhadas para estimulação auditiva/linguagem o mais precocemente possível.

Crianças com perda auditiva devem ser encaminhadas para a reabilitação em serviço de referência em reabilitação auditiva: Centro Especializado em Reabilitação - CER (com modalidade auditiva) ou Centro de Reabilitação Auditiva.

Avaliação clínica

Exames de imagem

Recém-nascidos que nasceram assintomáticos, mas que foram expostos ao vírus Zika durante a gestação (quadro clínico materno ou sorologia materna positiva para o vírus Zika, deverão fazer exame de imagem neurológico, se não foram realizados na maternidade.

Tomografia Computadorizada de Crânio sem Contraste (TC) ou Ressonância Nuclear Magnética (o que estiver disponível): Para detecção de anormalidades estruturais do cérebro nos RN em avaliação.

Recomenda-se a realização de ultrassonografia transfontanela, como método diagnóstico auxiliar, para identificação de alterações do sistema nervoso central. 

Principais alterações encontradas: Calcificações cerebrais, distúrbio do desenvolvimento cortical cerebral e predomínio frontoparietal do espessamento cortical. 

Avaliação clínica

Investigação Laboratorial

Realizar teste RT-PCR e sorologia (IgM) para o vírus Zika e rastreamento de STORCH.

Acompanhamento

Aspectos gerais

Independente da complexidade do serviço em que o paciente esteja sendo atendido, o vínculo com a Atenção Primária à Saúde deve ser mantido.

A avaliação do desenvolvimento integral da criança exposta ao vírus Zika deve ser contínua, envolvendo a equipe multidisciplinar, o que possibilitará uma atuação abrangente e efetiva junto às crianças, famílias e comunidades, com ações direcionadas ao controle das complicações associadas à síndrome, com objetivo de promover o desenvolvimento neuropsicomotor e reduzir complicações e sequelas.

As crianças que foram expostas à infecção pelo vírus Zika na gestação devem realizar consultas de puericultura mensais no primeiro ano de vida e seguir com atenção a sinais de comprometimento no neurodesenvolvimento nas consultas seguintes, a fim de identificar alterações que possam se manifestar tardiamente.

O acompanhamento periódico, sistemático e cauteloso do desenvolvimento neuropsicomotor nos primeiros três anos de vida, tem como objetivo identificar precocemente sinais de desenvolvimento atípico.

As consultas de acompanhamento devem incluir: Exame físico completo e triagem para detecção de comprometimento motor, ocular e visual, auditivo e do desenvolvimento neurocognitivo.

Quando identificados sinais de alerta, a criança deve ser encaminhada para avaliação por especialistas.

Para informações sobre o exame físico completo, consulte a Linha de Cuidado da puericultura.

Acompanhamento

Avaliação do desenvolvimento

A Caderneta da Criança é um instrumento de vigilância em saúde que facilita o acompanhamento integral do desenvolvimento infantil.

Atenção: A importância da estimulação precoce independente da confirmação de diagnóstico, seja no provável atraso no desenvolvimento, seja em alerta para o desenvolvimento e de apresentação de sintomas, caso a mãe tenha sido exposta ao vírus.

Atenção: Às crianças expostas ao vírus Zika que passaram na triagem auditiva neonatal devem ser encaminhadas para a primeira avaliação audiológica (realizada pelo especialista otorrinolaringologista/audiologista e fonoaudiólogo) em até 30 dias de vida e a segunda entre 18 meses e 24 meses.

identificação precoce de perdas auditivas possibilita intervenção imediata, oferecendo condições para o desenvolvimento da fala, da linguagem, da sociabilidade, do psiquismo e do processo educacional da criança, permitindo prognósticos mais favoráveis. 

A audição, nos primeiros anos de vida, auxilia na organização de processos neuropsicológicos, orgânicos, afetivos e simbólicos. O sistema auditivo está formado no nascimento e a estimulação sonora promoverá maturação das vias auditivas, no tronco encefálico.  

O período de maior plasticidade neuronal da via auditiva compreende a faixa etária que vai do nascimento aos 2 anos de idade. Durante esse período, o sistema auditivo central encontra-se maleável às modificações, por isso a importância de detecção precoce de alterações.  

O profissional da APS no momento da primeira consulta de puericultura deve verificar se a criança realizou o Teste de triagem auditiva neonatal, uma vez que esse exame tem por finalidade a identificação precoce de deficiências auditivas e deve ser realizado, preferencialmente, nos primeiros dias de vida ainda na maternidade. 

Respostas motoras ao estímulo sonoro de crianças de zero a 2 anos

Faixa etária  

Respostas motoras 

Reflexo cócleo-palpebral 

Zero a 3 meses 

No início, resposta de sobressalto ou de Moro em recém-nascidos com audição normal com estímulo de 65 dB NPS* ou mais alto, apresentado de forma súbita. Reação de sobressalto/resposta de atenção/virar a cabeça 

Presente 

3 a 6 meses 

Entre 3 e 4 meses: O lactente pode começar a virar lentamente a cabeça. Resposta de atenção/virar a cabeça/localização lateral 

Presente 

6 a 9 meses 

7 meses: Os músculos do pescoço do lactente estão suficientemente fortes para permitir que ele gire a cabeça diretamente para o lado de onde vem o som 

Resposta de atenção/localização lateral 

Localização INDIRETA para baixo 

Entre 7 e 9 meses: Começa a identificar a localização precisa da fonte sonora com uma virada direta da cabeça para o lado. A resposta é brusca e firme 

Ainda não olha diretamente para o som apresentado acima do nível dos olhos 

Presente 

9 a 13 meses 

10 meses: Começa a localizar o som acima da cabeça 

Localização para o lado 

Localização DIRETA para baixo 

Presente 

16 a 21 meses 

Localiza diretamente os sons para o lado, para baixo e para cima 

Presente 

21 a 24 meses 

Localização direta do som para o lado, para baixo e para cima 

Presente 

*NPS: Nível de Pressão Sonora.

Fonte: Adaptado de Diretrizes de estimulação precoce: Crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

Se houver suspeita de alteração no desenvolvimento típico para a idade (conforme instrumento de avaliação disponível na Caderneta da Criança (Menino e Menina), a criança deve ser encaminhada a um especialista.

As funções da visão são importantes para o desenvolvimento infantil, pois integram as informações recebidas pelos outros sentidos e influenciam outros aspectos do desenvolvimento, como o desenvolvimento motor, cognitivo e pessoal-social. 

Ao nascimento, tanto o sistema nervoso central, quanto o sistema ocular são imaturos, sendo necessárias experiências visuais para que ambos se desenvolvam. Os primeiros anos de vida da criança são considerados períodos críticos para o desenvolvimento da visão e as experiências visuais são fundamentais para a formação das conexões cerebrais responsáveis pela visão. 

Toda criança nasce com baixa visão, conforme os estímulos visuais aos quais é exposta, nas primeiras semanas de vida, tanto retina, vias ópticas e córtex visual têm um rápido desenvolvimento, sendo o primeiro ano de vida o período evolutivo de maior importância. 

Até os 4 anos, há um refinamento do desenvolvimento das funções visuais que se completa entre 9 a 10 anos de idade. 

O profissional da APS no momento da consulta de puericultura deve realizar, desde que capacitado, o teste do reflexo vermelho na primeira consulta do recém-nascido e repetir aos 4, 6 e 12 meses de idade e na consulta dos 2 anos de idade, a fim da detecção precoce de possíveis problemas visuais que podem interferir sobremaneira no desenvolvimento infantil.

Marcos do desenvolvimento visual da criança (zero a 3 anos de idade)

Idade 

Comportamentos visuais presentes 

30 a 34 semanas de idade gestacional 

Reação pupilar à luz, fechar as pálpebras diante de luz intensa e reflexo de fixação 

Ao nascimento 

Busca da fonte luminosa, fixação visual presente, mas breve, tentativas de seguir objeto em trajetória horizontal 

1 mês 

Contato visual e fixação visual por alguns segundos, seguimento visual em trajetória horizontal em arco de 60 graus, preferência por objetos de alto contraste e figuras geométricas simples 

2 meses 

Fixação estável e muito bem desenvolvida, inicia coordenação binocular, seguimento visual em trajetória vertical, interesse por objetos novos e com padrões mais complexos, inicia sorriso social 

3 meses 

Desenvolve acomodação e convergência, inicia observação das mãos e faz tentativas de alcance para o objeto visualizado. Até o 3 º mês, a esfera visual é de 20 a 30 centímetros 

4 meses 

Pode levar a mão em direção ao objeto visualizado e agarrá-lo 

5 a 6 meses  

Fixa além da linha média, aumento da esfera visual, capaz de dissociar os movimentos dos olhos dos movimentos de cabeça, acuidade visual bem desenvolvida, reconhece familiares, amplia o campo visual para 180 graus, movimentos de busca visual são rápidos e precisos. Pode apresentar desvio ocular, mas, se for persistente, é necessária avaliação oftalmológica 

7 a 10 meses 

Interessa-se por objetos menores e detalhes, interessa-se por figuras, esfera visual bastante ampliada, busca e reconhece objetos parcialmente escondidos 

11 a 12 meses 

Orienta-se visualmente no ambiente familiar, reconhece figuras, explora detalhes de figuras e objetos, comunicação visual é efetiva  

12 a 24 meses 

Atenção visual, aponta para o objeto desejado, mesmo que esteja à distância, muda o foco de visão de objetos próximos para distantes com precisão, identifica em si, no outro ou em bonecos as partes do corpo, reconhece o próprio rosto no espelho, reconhece lugares, rabisca espontaneamente 

24 a 36 meses 

Tenta copiar círculos e retas, constrói uma torre com três ou quatro cubos. Percepção de profundidade está quase completa 

Fonte: Adaptado de Diretrizes de estimulação precoce: crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.


Se houver suspeita de desvio no desenvolvimento típico para idade, a criança deve ser encaminhada ao especialista.

As etapas do desenvolvimento motor evoluem de forma gradativa e organizada, para avançar para a próxima etapa é necessário completar a etapa anterior.

acompanhamento das aquisições é feito por meio da avaliação observacional da: 

  • Motricidade espontânea 
  • Motricidade provocada 
  • Motricidade liberada e dirigida 
  • Avaliação do tônus muscular 
  • Avaliação das reações e dos reflexos primitivos  

A avaliação do desenvolvimento motor normal é realizada através da Escala de Denver II, contida na Caderneta da Criança: Menino e Caderneta da Criança: Menina

Assim como outros instrumentos de triagem, o Denver II não tem um constructo de hipóteses pré-estabelecido, ele apenas define a idade com que uma criança cumpre uma determinada tarefa.  

A complementação de fatores de risco provenientes do protocolo de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes da Infância (AIDPI) agrega, além de categorias de risco para o atraso nos marcos do desenvolvimento, outros fatores de risco relevantes associados como alterações fenotípicas e perímetro cefálico -2Z escores ou +2Z escores. 

ausência ou presença de estímulos nos momentos adequados podem alterar o curso do desenvolvimento.

O desenvolvimento cognitivo integral está ligado a relações entre as funcionalidades sensorial, perceptiva, motora, linguística, intelectual e psicológica. O progresso depende das etapas críticas da maturação neurocerebral do indivíduo.

Deve-se garantir a promoção de relacionamentos estimulantes e ricos em experiências de aquisição. Os benefícios alcançados serão permanentes à saúde emocional e física da criança.

Se houver suspeita de desvio no desenvolvimento típico para idade, a criança deve ser encaminhada ao especialista.

A avaliação objetiva de habilidades motoras, de comunicação, de interação social e cognitiva deve ser realizada de acordo com os marcos propostos na Caderneta da Criança.

Avaliação do desenvolvimento: Orientação para a tomada de decisão
Dados da avaliação Classificação Conduta

Perímetro cefálico < -2Z escores ou > +2Z escores, ou presença de 3 ou mais alterações fenotípicas*, ou ausência de 1 ou mais marcos para a faixa etária anterior (se a criança estiver na faixa de 0 a 1 mês, considere a ausência de 1 ou mais reflexos/posturas/habilidades para a sua faixa etária suficiente para esta classificação)

PROVÁVEL
ATRASO NO
DESENVOLVIMENTO

Acionar a rede de atenção especializada para avaliação do desenvolvimento

Ausência de 1 ou mais reflexos/ posturas/habilidades para a sua faixa etária (de 1 mês a 6 anos)

ou

Todos os reflexos/posturas/habilidades para a sua faixa etária estão presentes, mas existem 1 ou mais fatores de risco

ALERTA PARA O DESENVOLVIMENTO

Orientar o cuidador da criança sobre a estimulação

Marcar retorno em 30 dias

Informar cuidador sobre os sinais de alerta para retornar antes de 30 dias

Todos os reflexos/posturas/habilidades para a sua faixa etária estão presentes

DESENVOLVIMENTO ADEQUADO

Elogiar o cuidador

Orientar o mãe/cuidador para que continue estimulando a criança

Retornar para acompanhamento conforme a rotina do serviço de saúde

Informar o mãe/cuidador sobre os sinais de alerta

* Exemplos de alterações fenotípicas frequentes em recém-nascidos: fenda palpebral oblíqua, implantação baixa de orelhas, pescoço curto e/ou largo, prega palmar única e quinto dedo da mão curto e recurvado.

Fonte: Adaptado de Caderneta da Criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Para saber sobre a vigilância do desenvolvimento infantil, acesse Apurando o Olhar para a Vigilância do Desenvolvimento Infantil – Playlist com todos os vídeos.

Acompanhamento

Aleitamento materno

As condutas assistenciais em aleitamento materno orientadas pelo Ministério da Saúde são baseadas nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que preconiza o aleitamento materno contínuo até os 2 anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros 6 meses de vida.

Para mais informações sobre o aleitamento materno, consulte a Linha de Cuidado da Puericultura e o Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos.

Acompanhamento

Avaliação da saúde bucal

As orientações sobre cuidados bucais da mãe e do bebê devem fazer parte do pré-natal odontológico, acompanhando até a consulta do puerpério e se mantendo ao longo das consultas de puericultura.

As consultas odontológicas das crianças devem ser realizadas a cada três meses, seguindo a rotina de atendimento de crianças sem alterações aparentes, tendo como foco as ações de promoção em saúde baseada na higiene bucal e na dieta, ressaltando a importância da não introdução de alimentos cariogênicos e fermentáveis. Devido ao alto risco de desenvolvimento de cárie, a odontologia preventiva se torna uma ferramenta fundamental para a garantia do tratamento, promoção e prevenção da saúde das crianças expostas ao vírus Zika na gestação e assintomáticas ao nascimento.

Durante avaliação clínica, o cirurgião-dentista deve identificar e observar o atraso na cronologia de erupção dos dentes, o crescimento dos arcos mandibulares, coloração das mucosas e inserção ou ausência do freio lingual (Teste da Linguinha) e sua possível contribuição para a dificuldade de amamentação, mastigação e deglutição da criança com a SCZ.

A amamentação tem papel importante no desenvolvimento do sistema estomatognático, estimulando o desenvolvimento de músculos faciais e correto posicionamento da língua, para que dessa forma exista o crescimento mandibular, a tonicidade da cápsula articular da articulação temporomandibular e os seus ligamentos. Além disso, a amamentação promove o desenvolvimento infantil, especialmente as funções de sucção, respiração e deglutição. Durante o pré natal é fundamental que a gestante seja encorajada e apoiada a amamentar o seu bebê, independente do resultado advindo do teste do vírus Zika.

Os profissionais de saúde devem orientar as famílias quanto aos marcos do desenvolvimento dentário e a higiene bucal. Consulte a Linha de Cuidado da Puericultura.

Acompanhamento

Vacinação

A vacinação das crianças expostas ao vírus Zika deve seguir o calendário vacinal, conforme o Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde (PNI/MS), e ser registrada na Caderneta da Criança (Menino e Menina).

Encaminhamento para atenção especializada

Para qualificação do encaminhamento, o caso clínico deve ser discutido com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.

O referenciamento para a atenção especializada deve conter as seguintes informações:

  • Condição que indique acompanhamento em serviço especializado
  • Número da teleconsultoria, se caso discutido com Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543

Centros Especializados de Reabilitação (CER): Atenção ambulatorial especializada em reabilitação que realiza diagnóstico, tratamento, concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, constituindo-se referência para a Rede de Atenção à Saúde da criança exposta ao vírus Zika no território. Possui quatro modalidades de atenção: Física, intelectual, auditiva e visual.

Todas as crianças com alterações compatíveis com a SCZ, desenvolvimento de linguagem atípicos devem ser acompanhadas por equipe multiprofissional, compostas por neurologista, além dos profissionais que atuam com estimulação precoce e reabilitação, no primeiro mês de vida, em Centros Especializados de Reabilitação (CER) ou conforme o fluxo das redes locais. Assim como, as crianças devem ser encaminhadas para avaliação, classificação e estratégias para o manejo da disfagia.

Encaminhar toda criança com suspeita ou confirmação de infecção pelo vírus Zika na gestação para realizar um exame oftalmológico completo. O seguimento e frequência das consultas deve ser definido pelos especialistas de uma equipe multidisciplinar, de acordo com os achados encontrados.

Crianças com falha no teste da Triagem Auditiva Neonatal, devem ser encaminhadas para diagnóstico em Centros Especializados de Reabilitação (CER) com modalidade auditiva, ou aos Serviços de Saúde Auditiva, para caracterização do tipo e do grau da perda auditiva. O seguimento e frequência das consultas deve ser definido pelo especialista, de acordo com os achados encontrados.

As crianças que passaram na triagem auditiva neonatal devem ser encaminhadas para a primeira avaliação audiológica (realizada pelo especialista otorrinolaringologista/audiologista) entre 7 meses e 12 meses e a segunda entre 18 meses e 24 meses.

Encaminhar os meninos com criptorquidia para realização de cirurgia.