Definição - Síndrome de infecção congênita pelo vírus Zika (SCZ)
A Linha de Cuidado da Síndrome de infecção congênita pelo vírus zika compreende medidas de prevenção, diagnóstico precoce, acompanhamento e tratamento de crianças expostas ao vírus Zika durante a gestação.
Doença aguda ou infecção pelo vírus Zika na gestante
Usualmente ocorre a partir da picada do mosquito do gênero Aedes infectado pelo vírus Zika na gestante. Outros mecanismos de infecção viral documentados são por via sexual e transfusão de sangue.
Possui um período de incubação de 3 a 12 dias. Em geral, apenas uma em cada cinco das pessoas infectadas apresentam sintomas e/ou sinais clínicos. Quando presente o quadro é leve e autolimitado, com duração de até 7 dias. Apresenta-se com mal-estar e febre baixa (menor do que 38,5°C), que dura em torno de 48 horas, exantema maculopapular pruriginoso, de duração variável (2 a 7 dias), dor de cabeça, dor muscular leve, dor e edema nas articulações (intensidade leve a moderada) e conjuntivite não purulenta, mas pode ser assintomática. Os casos graves manifestam-se com desidratação, acometimento articular severo, encefalite e síndrome de Guillain-Barré, mas são menos comuns. É importante ressaltar a necessidade de investigar outras causas de exantema tais como intoxicações exógenas, alergias a medicamentos ou substâncias alergênicas no diagnóstico diferencial desta arbovirose, além das eventuais manifestações clínicas da toxoplasmose, infecção pelo vírus herpes, rubéola e citomegalovírus.
Durante a gestação, é possível que ocorra a transmissão do vírus Zika da mãe para o embrião ou feto em desenvolvimento. Quando diagnosticada, essa gestante deverá ser acompanhada para vigilância tanto da mulher como do feto em risco, possibilitando um diagnóstico precoce do bebê.
*Síndrome de infecção congênita pelo vírus Zika
Fonte: Adaptado de Guia de apoio para profissionais da Atenção Primária à Saúde no contexto da Síndrome da Zika Congênita. Recife: Fundação Altino Ventura, 2020.
Crianças expostas ao vírus Zika durante a gestação e assintomáticas ao nascimento
Crianças expostas à infecção pelo vírus Zika na gestação, mesmo quando não apresentem alterações sugestivas da Síndrome de infecção congênita pelo vírus Zika ao nascimento, podem manifestar alterações da síndrome tardiamente e, por este motivo, devem ser acompanhadas pelos serviços de saúde em articulação com a vigilância em saúde.
Crianças com a Síndrome de infecção congênita pelo vírus Zika (SCZ)
A Síndrome de infecção congênita pelo vírus Zika (SCZ) caracteriza-se por um padrão de anomalias e deficiências congênitas encontradas entre fetos e bebês infectados com o vírus Zika durante a gravidez. Embora muitas das características possam ser causadas por outras infecções durante a gravidez, geralmente há um padrão das características que envolve o comprometimento do crescimento e desenvolvimento neurocognitivo, motor, sensorial e odontológico, levando a complicações definitivas em muitas crianças.
A microcefalia é uma das consequências mais evidentes em crianças expostas à infecção pelo vírus Zika na gestação, com evidências de ser um preditor de mau prognóstico para sequelas neurológicas. Entretanto, outras alterações que podem não ser perceptíveis em recém-nascidos com perímetro cefálico normal, compõem o espectro da SCZ.
São manifestações da SCZ:
- Alterações neurológicas (tecido cerebral diminuído com um padrão específico de dano estrutural), motoras, oculares (cicatrizes, alterações de pigmento na parte posterior do olho), auditivas e de linguagem
- Dismorfias craniofaciais
- Alterações músculo-articulares e de outros membros: articulações com amplitude limitada de movimento (como pé torto) e tônus muscular restringindo grandemente os movimentos do corpo logo após o nascimento
- Atraso no desenvolvimento neurocognitivo