Vigilância em saúde
A educação da população é fundamental: Aumenta a consciência coletiva sobre os transtornos decorrentes do uso de álcool e alerta sobre a possibilidade/disponibilidade de tratamento na Rede de Atenção à Saúde.
Recomenda-se avaliar/reavaliar o consumo de álcool em todas as consultas na Unidade de Saúde, desde a adolescência, e registrar em prontuário clínico para acompanhamento.
Oriente sobre o consumo moderado ou álcool zero de acordo com as características individuais. Consulte doses máximas de consumo.
Ações de conscientização e identificação precoce (sensibilização das pessoas para os perigos do álcool e seus efeitos no organismo e possibilidade de tratamento nas unidades de saúde) devem ser realizadas por todos os profissionais de saúde.
Aplicação do teste AUDIT-3 (reduzido) para identificação de problemas relacionados ao uso de álcool (pode ser aplicado por qualquer profissional de saúde).
1. Com que frequência você toma bebidas alcoólicas? |
(0) Nunca (1) Mensalmente ou menos (2) de 2 a 4 vezes por mês (3) de 2 a 3 vezes por semana (4) 4 ou mais vezes por semana |
2. Quando você bebe, quantas doses você consome normalmente? |
(0) 1 ou 2 (1) 3 ou 4 (2) 5 ou 6 (3) 7 a 9 (4) 10 ou mais |
3. Com que frequência você toma 5 ou mais doses de uma vez? |
(0) Nunca (1) Menos de uma vez ao mês (2) Mensalmente (3) Semanalmente (4) Todos ou quase todos os dias Se a soma das questões 2 e 3 for 0, avance para as questões 9 e 10 |
*AUDIT (Alcohol use disorders identification test): O teste de Identificação de distúrbios por uso de álcool é um instrumento desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde. O AUDIT-3 (versão reduzida) pode ser utilizado para rastreamento.
Fonte: Adaptado de Is the full version of the AUDIT really necessary? Study of the validity and internal construct of its abbreviated versions, Austin: Alcohol Clin Exp Res, 2010.
Resultado acima de 3 pontos para mulheres e acima de 4 pontos para homens - encaminhar para avaliação médica.
Na avaliação, todos os pacientes devem ser caracterizados em uma das categorias de consumo de álcool.
Categorias |
Homens |
Mulheres |
INTERVENÇÃO |
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Abstêmios |
Sem consumo de álcool nos últimos doze meses |
Avaliação em consultas de rotina Questionar sobre uso de álcool prévio |
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Consumo moderado |
14 doses de álcool ou menos por semana e não mais do que 4 doses em uma ocasião |
7 doses ou menos por semana e não mais do que 3 em uma ocasião |
Avaliação em consultas de rotina Orientar em relação aos limites de risco Avaliar se há indicação de consumo zero |
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Consumo de risco |
15 doses ou mais por semana ou 5 ou mais doses em uma ocasião |
8 doses ou mais por semana ou 4 ou mais doses em uma ocasião |
Avaliação dos riscos, intervenção breve e entrevista motivacional com agendamento de retorno idealmente em 1 mês. Consulte Estágios de Mudança |
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Transtorno por uso de álcool A gravidade do transtorno baseia-se na quantidade de sintomas apresentados: Leve: 2 a 3 sintomas Moderada: 4 a 5 sintomas Grave: 6 ou mais sintomas |
Um padrão problemático de uso de álcool, levando a comprometimento ou sofrimento clinicamente significativos, manifestado por pelo menos 2 dos seguintes critérios, ocorrendo durante um período de 12 meses:
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Transtorno LEVE Intervenção breve ou entrevista motivacional com agendamento de retorno idealmente 1 mês. Consulte Estágios de Mudança Transtorno MODERADO OU GRAVE Estabelecimento de plano terapêutico |
*Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, DSM-5).
Fonte: Adaptado de Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
Medidas de Prevenção
A educação da população é fundamental: aumenta a consciência coletiva sobre os transtornos decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas e alerta sobre a possibilidade/disponibilidade de tratamento na Rede de Atenção à Saúde.
Ações de prevenção aplicadas em diferentes ambientes, como escolas, locais de trabalho, organizações religiosas, clubes, associações e por meio da mídia, favorecem a conscientização.
Sempre que possível, as ações devem ter caráter permanente.
Deve ser dada atenção especial às populações de jovens, idosos, mulheres e gestantes que apresentam maior vulnerabilidade aos efeitos do álcool, por suas características fisiológicas específicas.
Fonte: Adaptado de Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2020. São Paulo: Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), 2020 e OMS, 2014.
Os principais objetivos dos programas de prevenção são prevenir ou retardar o início do uso da substância e retardar a progressão do uso do experimental para o regular e dependência.
Os programas de prevenção devem ser de longo prazo, com intervenções repetidas, abordar todas as formas de abuso de substâncias psicoativas, isoladamente ou em combinação, incluindo o uso de drogas legais como o cigarro ou álcool; o uso de drogas ilegais, como por exemplo, a maconha, a cocaína, o crack, e o ecstasy; e o uso inadequado de substâncias obtidas legalmente, como os medicamentos, prescritos ou não.
Estes programas, devem ser adaptados para abordar riscos específicos, de acordo com as características da população alvo, como idade, sexo e etnia, para melhorar a eficácia do programa.
Identifique os fatores de risco modificáveis e busque fortalecer os fatores de proteção
Fatores de Risco |
Domínio |
Fatores de Proteção |
Comportamento agressivo precoce |
Individual |
Controle de impulsos |
Falta de supervisão parental |
Familiar |
Controle parental/Comunicação |
Abuso de substâncias |
Pares |
Competência acadêmica |
Disponibilidade de drogas |
Escolar |
Políticas contra o uso de drogas |
Pobreza |
Comunitário |
Forte vínculo à vizinhança |
Fonte: Adaptada de Preventing Drug Use among Children and Adolescents. 2ª ed. Bethesda: NIH Publication, 2003.
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A Política Nacional sobre Drogas (PNAD) visa a construção de uma sociedade mais saudável por meio da prevenção, do tratamento, do acolhimento, da recuperação e reinserção social, garantindo o direito à assistência intersetorial, interdisciplinar e transversal, às pessoas com problemas decorrentes do uso indevido ou da dependência do álcool e de outras drogas com incentivo a promoção da abstinência
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Lei do Álcool no trânsito: Considera infração administrativa qualquer concentração de álcool no sangue dos motoristas ou alteração da capacidade psicomotora. Considera a infração como crime se a concentração de álcool no sangue for igual ou superior a 0,06% (0,06 g/100 mL) ou 0,3 mg/L no etilômetro (bafômetro)
A Lei do Álcool (“Lei Seca”) vem contribuindo para a redução dos acidentes e mortes relacionados ao álcool no trânsito.