Acompanhamento e Orientações complementares
Acompanhamento
- Consumo moderado: Avaliação anual/consultas de rotina
- Consumo de risco: Avaliação em 1 mês após a intervenção inicial
- Transtorno por uso de álcool:
- Leve: Avaliação em 1 mês após a intervenção inicial
- Moderado a Grave:
- Pacientes em programa de desintoxicação: O paciente deve ter acompanhamento intensivo durante o período de desintoxicação e a frequência deverá ser definida de acordo com a evolução do caso
- Na desintoxicação ambulatorial, o mínimo recomendado é avaliar no 2º dia do programa, e se o paciente estiver assintomático, no 7º dia
- As reavaliações podem ser feitas por enfermeiro treinado, e se os sintomas não estiverem controlados ou o paciente apresentar sinais de gravidade (desorientação, alucinações, confusão mental, hipertensão arterial), encaminhar para avaliação médica
- Nos CAPS-AD que oferecem leitos de observação/internação, recomenda-se que os pacientes façam o processo de desintoxicação na permanência do CAPS pois dessa forma é possível monitorar e manejar os sintomas de abstinência com maior segurança
- Reforce que a desintoxicação vai adaptar o organismo a redução gradual do álcool com segurança e por isso deve ser acompanhada pelo profissional de saúde
- Oriente o paciente sobre sua condição e sintomas, quando procurar o serviço de saúde, exames laboratoriais
- Suspenda o programa se o paciente retomar o consumo de álcool. Estimular a motivação para retomar o tratamento, orientar os familiares ou rede de apoio para que possam observar riscos e motivar o paciente a se engajar novamente no tratamento, considerar outras opções como comunidade terapêutica
- Se houver sinais de deterioração ou nenhuma indicação de melhora, considere interromper o tratamento atual, revisar a necessidade de realizar tratamento para as síndromes decorrentes de hipovitaminose e encaminhar para desintoxicação no CAPS AD (modalidades III ou IV)/Unidade Hospitalar
Para todos os pacientes
- Considere a avaliação de déficit cognitivo (ex. Mini Exame do Estado Mental) para auxiliar no Projeto Terapêutico Singular, se o paciente apresentar indícios de comprometimento cognitivo, principalmente após um período de abstinência ou redução significativa na ingestão de álcool
- Sugira que procure o suporte de amigos e familiares próximos que não consomem álcool ou grupos de suporte (ex. Alcoólicos anônimos)
- Se o paciente estiver procurando um tratamento mais intensivo, considere o encaminhamento para comunidades terapêuticas/centros de convivência. Consulte comunidades terapêuticas-orientações complementares
- Pacientes que após abstinência de álcool (normalmente após 3-4 semanas), não apresentaram melhora significativa das comorbidades associadas, avalie o encaminhamento para tratamento específico de comorbidades associadas
- Para informações sobre as comorbidades associadas, complementares consulte:
Programas estruturados
De acordo com a disponibilidade do paciente e da Unidade de Saúde, considere um programa terapêutico estruturado individual ou em grupo, com duração de 6 a 12 semanas ou mais, em que os encontros/consultas são mais frequentes principalmente nas primeiras 3 semanas.
Em pacientes com problemas contínuos que não respondem às intervenções iniciais, o tratamento com intervenção motivacional de longo prazo deve ser considerado.
Comunidades terapêuticas/centro de convivência
Comunidades terapêuticas (CT) são entidades que realizam o acolhimento, em caráter voluntário, de pessoas com problemas associados ao uso nocivo ou dependência de substâncias psicoativas. As CTs funcionam como uma residência transitória para estes indivíduos, com a proposta de formação de vínculos e desenvolvimento pessoal. O acolhimento nestas entidades pode ter duração de até 12 meses, consecutivos ou intercalados, ao longo de um intervalo de 24 meses.
As CT devem realizar um Plano de atendimento singular articulados junto à unidade de referência de saúde, à rede de proteção social, e com acompanhamento das famílias, atendendo assim as necessidades do usuário.
Devem possuir mecanismos de encaminhamento e transporte à rede de saúde dos acolhidos que apresentarem intercorrências clínicas decorrentes ou associadas ao uso ou privação de substância psicoativa, como também para os casos em que apresentarem outros agravos à saúde.
Para mais informações sobre o Plano de atendimento singular acesse a Resolução nº 1, de 19 de agosto de 2015.
Os Centros de Convivência são unidades públicas, articuladas à Rede de Atenção Psicossocial, onde são oferecidos à população em geral espaços de sociabilidade, produção e intervenção na cultura e na cidade. Contribuem para a inclusão social das pessoas com transtornos mentais e pessoas que fazem uso de crack, álcool e outras drogas, por meio da construção de espaços de convívio e sustentação das diferenças na comunidade e em variados espaços da cidade.
As comunidades terapêuticas e os centros de convivência podem auxiliar os pacientes na REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL, por meio do enfrentamento do estigma, inclusão social e promoção da saúde.
O Ministério da Cidadania criou um mapa virtual que contém a localização de todas as comunidades terapêuticas cadastradas junto ao governo federal. O serviço oferece georreferenciamento e informações, como nome, contato e número de vagas.
Orientações complementares
O uso de álcool pode trazer prejuízos ao tratamento de doenças crônicas, como alterações na pressão arterial, na glicemia, bem como a descompensação aguda pela dificuldade no uso regular das medicações.
- Enfatize no plano de cuidados o uso adequado de todas as medicações prescritas, respeitando os horários
- Avalie os desafios em conjunto com o paciente valorizando as experiências vividas
Avaliação do processo de cuidado
- Pactuar metas de cuidado com o paciente/família e avaliar as metas estabelecidas a cada encontro
- Observe e acompanhe a cada retorno (recaída, eventos adversos relacionados ao tratamento medicamentoso, sintomas de abstinência, etc)
- Avalie o grau de satisfação e engajamento do paciente ao tratamento