Abordagem breve/mínima
Os profissionais de saúde devem estar preparados e sensibilizados para estimular e apoiar os pacientes a parar de fumar. As abordagens devem ser centradas no paciente, considerando sua individualidade e a realidade do ambiente sócio-cultural em que está inserido.
Uma abordagem breve/mínima (cerca de 3 minutos), que não inclui o acompanhamento do paciente, pode ser feita por qualquer profissional de saúde durante a avaliação e após a estabilização do quadro inicial.
Inclui 4 etapas:
- Pergunte sobre o uso do tabaco
- Avalie a vontade de parar
- Aconselhe a cessação do tabagismo com mensagens claras e personalizadas
- Prepare para a cessação
Perguntas:
- Você fuma? Há quanto tempo? (permite diferenciar a experimentação do uso regular)
- Quantos cigarros fuma por dia? (≥ 20 cigarros/dia - maior chance de ter fortes sintomas de síndrome de abstinência)
- Quanto tempo após acordar acende o 1º cigarro? (fumar nos primeiros 30 minutos após acordar - maior chance de ter fortes sintomas de síndrome de abstinência)
- O que acha de marcar uma data para parar de fumar? (avaliar se está disposto para iniciar o processo de cessação)
- Se sim, perguntar: Quando?
- Já tentou parar?
- Se sim, faça a próxima pergunta
- O que aconteceu? (identificar o que ajudou e o que atrapalhou)
No aconselhamento para parar de fumar, considere as características individuais do paciente.
Oriente sobre a melhora na saúde, a maior expectativa de vida, as várias tentativas de parar de fumar antes de ter sucesso e a existência de opções de tratamento que podem auxiliar.
Questione: está disposto a parar nos próximos 30 dias?
NÃO está disposto |
SIM, está disposto a parar de fumar |
Muitos pacientes não querem ou não conseguem mudar comportamentos:
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Ajude com um plano: etapa de preparação Escolha com o paciente uma data para parar Reforce a importância de: procurar ajuda da família/amigos/grupos, evitar situações associadas ao hábito de fumar (remover cigarros/isqueiros/cinzeiros, restringir o uso de café e de bebidas alcoólicas,etc) Oriente sobre as estratégias para controlar a vontade fumar: estabelecer um limite de tempo antes de desistir, postergar o quanto possível (faça uma inspiração profunda e solte o ar lentamente (10 vezes), tomar água, escovar os dentes, etc) Explique os sintomas da abstinência (alterações de humor, irritabilidade, ansiedade, inquietação, aumento de apetite, dificuldades no sono) e que geralmente melhoram em 2 semanas |
Tabagismo passivo é a inalação da fumaça de dispositivos eletrônicos para fumar (tais como cigarros eletrônicos) e da fumaça de derivados do tabaco, tais como cigarro, charuto, cigarrilhas, cachimbo, narguilé e outros produtores de fumaça, por indivíduos não fumantes, que convivem com fumantes em diferentes ambientes respirando as mesmas substâncias tóxicas que o fumante inala.
A fumaça do tabaco contém mais de 9.000 compostos e substâncias químicas. Estudos indicam que no mínimo 69 destes compostos e substâncias provocam câncer. A fumaça é uma mistura de milhares de substâncias tóxicas diferentes que constituem-se de duas fases fundamentais: a particulada e a gasosa. A fase gasosa é composta, entre outros, por monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído e acroleína. A fase particulada contém nicotina e alcatrão.
Alcatrão é um composto de mais de 40 substâncias comprovadamente cancerígenas, formado a partir da combustão dos derivados do tabaco. Entre elas, o arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, resíduos de agrotóxicos, substâncias radioativas, como o Polônio 210, acetona, naftalina e até fósforo P4/P6, substâncias usadas em veneno para matar rato.
O monóxido de carbono (CO) tem afinidade com a hemoglobina (Hb) presente nos glóbulos vermelhos do sangue, que transportam oxigênio para todos os órgãos do corpo. A ligação do CO com a hemoglobina forma o composto chamado carboxihemoglobina, que dificulta a oxigenação do sangue, privando alguns órgãos do oxigênio e causando doenças como a aterosclerose.
A fumaça que sai da ponta do cigarro e se difunde homogeneamente no ambiente, contém em média três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que o fumante inala. A exposição involuntária à fumaça do tabaco pode acarretar desde reações alérgicas (rinite, tosse, conjuntivite, exacerbação de asma) em curto período, até infarto agudo do miocárdio, câncer do pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) em adultos expostos por longos períodos.
Crianças e bebês são particularmente mais suscetíveis ao tabagismo passivo e com risco aumentado de desenvolver asma e ter crises de exacerbação da doença, doença do ouvido médio e a síndrome da morte súbita infantil.
Mulheres grávidas expostas ao tabagismo passivo correm maior risco de natimorto, malformações congênitas e feto com baixo peso ao nascer. Não há nível seguro de exposição ao tabagismo passivo e a única maneira de proteger adequadamente fumantes e não fumantes é eliminar completamente o tabagismo em ambientes fechados.
Para conhecer mais sobre o tema e ficar ciente da legislação, acesse: Tabagismo passivo.
Atenção: Avalie o encaminhamento do paciente para tratamento e acompanhamento na Atenção primária ou consulte o centro de referência estadual de acordo com o Programa Nacional de Controle do Tabagismo.