Linhas de Cuidado

Adolescente

Preencher a Caderneta do Adolescente (Menino e Menina) em TODAS as consultas.

As informações preenchidas na caderneta devem ser compartilhadas com os pais e com os adolescentes, explicando a evolução nas curvas de crescimento, os marcos de desenvolvimento e a sua realidade atual. Essa atitude é importante para a promoção de corresponsabilidade e autonomia perante a gestão dos cuidados.

Aspectos gerais

A adolescência é um momento único, que molda as pessoas para a vida adulta. Nesta fase, múltiplas mudanças físicas, emocionais e sociais irão ocorrer. Por essa razão, é importante que em toda consulta de hebicultura seja realizada uma avaliação abrangente da saúde do adolescente que considere seu micro e macroambiente - família, vínculos afetivos e comunidade.

A abordagem clínica deve favorecer o estabelecimento de vínculo de confiança entre a equipe de saúde, o adolescente e sua família.

Uma atitude acolhedora, centrada no indivíduo, respeitando seus valores e buscando conhecer a realidade e necessidade frente a adaptação dos cuidados, possibilitará a continuidade de um trabalho com objetivos específicos e resultados satisfatórios no dia a dia. O adolescente precisa perceber que o profissional de saúde inspira confiança, que adota atitude de respeito e imparcialidade, como considerar sua fala, não tratando-a como menos importante por se tratar de alguém em desenvolvimento, assim como não julgar as questões emocionais e existenciais escutadas.

É importante demonstrar atenção e interesse pelo que o adolescente tem a dizer, e também estar atento para apreender os aspectos que são difíceis de serem expressados oralmente por eles. O adolescente precisa estar seguro do caráter confidencial da consulta, estando ciente das situações nas quais o sigilo poderá ser rompido (situações relacionadas a violências, riscos para si e para os outros). Ele deverá ser comunicado quando a quebra de sigilo for necessária e orientado quanto a sua necessidade.

Situações em que o sigilo deve ser interrompido ou mantido na consulta de adolescentes

Quebra do sigilo 

Manutenção do sigilo

Presença de qualquer tipo de violência: emocional, maus tratos, sexual, bullying, cyberbullying, interpessoal no namoro etc.

Ficar, namoro; iniciação/ envolvimento sexual a partir dos 14 anos (excluída violência por sedução ou imposição explícita)

Uso escalonado (cada vez maior) de álcool e outras drogas; sinais de dependência química

Experimentação de psicoativos (sem sinais de dependência)

Autoagressão, ideações suicidas ou de fuga de casa; tendência homicida

Conflitos ligados à sexualidade 

Gravidez; abortamento

Prescrição de contraceptivos (para adolescente com maturidade para adesão)

Sorologia positiva de HIV (comunicar aos familiares e à parceria sexual)

Não adesão a tratamentos, deixando o adolescente ou terceiros em risco

Infecções Sexualmente Transmissíveis (afastada violência sexual e desde que adolescente tenha maturidade para adesão ao tratamento)

Diagnóstico de doenças graves, quadros depressivos e outros transtornos do campo mental 

Distúrbios alimentares ligados à imagem, como bulimia, anorexia, vigorexia e ortorexia

Fonte: Adaptado de Consulta do adolescente: abordagem clínica, orientações éticas e legais como instrumentos ao pediatra. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019.

Frequência das consultas

A data de aniversário da criança (em meses no primeiro ano e em anos após) é um bom marco para lembrar da data das consultas.

Todo protocolo deve ser flexível, permitindo que determinadas circunstâncias indiquem a necessidade do aumento do número de consultas. Consultas geradas por demanda espontânea ou urgências não são consideradas consultas programáticas do adolescente.

Visitas domiciliares: recomendadas quando a família não comparecer à consulta previamente agendada. A periodicidade deve ser pactuada com a família a partir das necessidades, dos fatores de risco e de proteção e se houver alguma perda de seguimento do adolescente. Em todas as visitas domiciliares, é fundamental que o profissional de saúde saiba identificar sinais de perigo à saúde do adolescente.

Fatores de risco que podem indicar a necessidade de aumento do número de consultas:
Pessoais Familiares Ambientais
  • Comportamento difícil
  • Baixa autoestima
  • Desenvolvimento atípico
  • Deficiência física
  • Alimentação inadequada
  • Astenia ou prostração frequentes
  • Sedentarismo
  • Pessoa vivendo com HIV
  • Doença crônica
  • Consumo de álcool, tabaco e outras drogas
  • Má higiene pessoal
  • História familiar de cardiopatia
  • Doenças hereditárias
  • Situação de conflito entre os pais e/ou familiares
  • Famílias numerosas
  • Doença/perda de um dos pais ou familiares
  • Falta de apego/falta de afeto
  • Situações de violência
  • Isolamento social
  • Racismo/violência
  • Discriminação e estigmatização
  • Escolas deficientes/bullying
  • Falta de acesso à ações de saúde
  • Vulnerabilidade Social
  • Eventos estressantes
  • Criança em situação de rua
  • Domicílios muito populosos
  • Desastres naturais
  • Crianças em itinerância (ciganos, circenses, etc), refugiados, apátridas e imigrantes
Intervalo das consultas para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento puberal, conforme a fase em que paciente se encontra

Fase do crescimento 

Intervalo da consulta

No início da puberdade

De 3 em 3 meses

Aceleração 

De 4 em 4 meses

Desaceleração

Uma vez ao ano, próximo ao mês de aniversário

Fonte: Adaptado de Consulta do adolescente: abordagem clínica, orientações éticas e legais como instrumentos ao pediatra. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019.

Determinantes sociais de saúde

É fundamental avaliar se o adolescente está exposto a: 

  • Fatores de risco: Violência interpessoal e/ou autoprovocada, segurança do local de moradia, itinerância, saneamento básico, e uso de substâncias ilícitas e/ou abuso de álcool por membros da família e familiares tabagistas
  • Fatores protetores: Vínculo com familiares e colegas, conexão com a comunidade, desempenho escolar, enfrentamento do estresse e tomada de decisões

Avaliação Clínica

Anamnese

Alguns aspectos importantes aproximam a relação do profissional da saúde com a família:

  • Chamar as pessoas pelos seus nomes
  • Valorizar as preocupações da criança e da família, esclarecendo as suas dúvidas
  • Fornecer informações de fácil compreensão, considerando as especificidades culturais
  • Criar uma parceria efetiva com a família (reconhecendo capacidades e dividindo as tarefas com os pais e outros membros da família)
  • Aprimorar o uso de momentos próprios para ações educativas
  • Personalizar a orientação preventiva (utilizando perguntas abertas e sugestões com foco nas condições reais da família) 
  • Atentar à quantidade de informações fornecida e utilizar linguagem adequada

Sugere-se as chamadas “perguntas gatilho": 

  • “Que preocupações você gostaria de me contar hoje?”
  • “Ocorreu alguma mudança importante na família, desde a nossa última consulta?”
  • "Como você está alimentando o seu filho?"
  • “Existe algo no comportamento do seu filho que os preocupa?”
  • "Alguém em sua casa faz uso de cigarros, bebidas alcóolicas ou alguma droga ilícita que pode gerar problemas para o seu filho?"
  • "Alguém em sua casa tem posse de arma de fogo? Se sim, onde essa arma fica guardada?”
  • "Alguém da família já sofreu maus-tratos ou foi ameaçado?"

As consultas devem incluir, no mínimo, as seguintes avaliações:

  • Consumo alimentar
  • Curva de crescimento: Parâmetros antropométricos adotados pelo Ministério da Saúde
  • Estado vacinal: Segundo o calendário oficial de vacinas do Ministério da Saúde 
  • Marcos do desenvolvimento
  • Desenvolvimento físico: Puberal, de crescimento, ortopédico, obesidade
  • Desenvolvimento cognitivo: Atraso de desenvolvimento, transtornos de aprendizagem, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade- TDAH
  • Desenvolvimento sócio-emocional: Transtornos comportamentais, emocionais e depressão, moderada a grave. Autoagressão e tentativa de suicídio
  • Em situação de insegurança: Negligência, abandono, insegurança alimentar, sob tutela do Estado, risco de violência intrafamiliar, vítima ou testemunha de violência
  • Comportamentos de risco: Sexualidade precoce, sexualidade desprotegida, consumo problemático de álcool e drogas
  • Horas de consumo em tecnologia segundo padrão orgânico
  • Condições do meio ambiente e cuidados domiciliares dispensados à criança
  • Padrão quantitativo e qualitativo do sono
  • Saúde bucal
  • Desempenho escolar e dos cuidados dispensados pela escola
  • Desenvolvimento da sexualidade (para adolescentes - acima de 10 anos)

Avalie a presença de situações de risco e vulnerabilidade:

  • Adolescente residente em área de risco
  • Mãe com menos de 18 anos de idade
  • Mãe com baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo)
  • História familiar de morte de criança com menos de 5 anos de idade
  • Aleitamento materno ausente ou não exclusivo até os 6 meses de idade
  • Gestação gemelar
  • Malformação congênita
  • Ausência de pré-natal ou sua realização incompleta
  • Cobertura vacinal inexistente ou incompleta
  • Identificação de atraso no crescimento e/ou desenvolvimento

Situações familiares consideradas em situações de vulnerabilidade:

  • Gestação de alto risco ou eventos traumáticos
  • Conflitos dos pais ou dificuldades de assumir a parentalidade 
  • Separações e lutos na família
  • Mãe em situação de sofrimento agudo (doença orgânica ou mental)
  • Parto difícil ou traumático
  • Famílias com problemas como uso abusivo de álcool e outras drogas (lícitas e ilícitas), empobrecimento e condições habitacionais precárias
  • Situação de itinerância
  • Moradias sem saneamento básico

Orientações preventivas são consideradas importantes para a promoção da saúde da criança. Incluem tópicos nas áreas de higiene física, segurança e adaptação psicossocial, que devem ser discutidos com os pais/cuidadores e com a criança.

Orientar, em todas as visitas, a higienização de mãos por todas as pessoas que têm contato com a criança, com o objetivo de evitar a propagação de vírus causadores de doenças respiratórias.

  • Se a mãe tiver algum problema no seio, tais como ingurgitamento, mamilos doloridos ou infecção, prestar-lhe tratamento ou referi-la para atendimento especializado
  • Verificar a situação de vacinação dos cuidadores e, se necessário, atualizar o seu cartão de vacinação de acordo com o calendário básico do MS vigente
  • Certificar-se de que tenham acesso a recomendações sobre saúde reprodutiva, planejamento familiar e sobre prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis e HIV
  • Horas de consumo em tecnologia segundo padrão orgânico e funcional
Avaliação da atenção integral do adolescente
Avaliação da atenção integral do adolescente

Fonte: Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

Adolescente saudável

Fonte: Adaptado de Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

Avaliação Clínica

Exame Clínico

O exame físico deve ser uma oportunidade de o profissional abordar temas educativos em relação ao corpo, como por meio da instrução do autoexame das mamas e dos testículos. A orientação sobre hábitos higiênicos é também um aspecto importante a ser tratado. 

É importante tranquilizar o adolescente e diminuir seus temores. Além da ansiedade frente ao manuseio do corpo, é comum ante a perspectiva de achados anormais. É desejável que o profissional responda a essa expectativa, revelando o que está normal durante a avaliação.

Deve ser realizado o exame físico completo na primeira consulta, incluindo um screening da acuidade visual, pesquisa de cáries dentárias, observação cuidadosa de pele e mucosas, exame da coluna vertebral, do aparelho genital, entre outros. Todos os adolescentes deverão ter sua pressão arterial aferida anualmente. 

Considerar a presença de um profissional da equipe, durante o procedimento.

Realizar e especificar, segundo o exame físico – adolescente de 10 a 19 anos
Realizar e especificar, segundo o exame físico – adolescente de 10 a 17 anos

Fonte: Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

Normal e Anormal

Fonte: Adaptado de Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

Durante a adolescência, os dados antropométricos se tornam ainda mais importantes para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, devido à característica única do estirão puberal e da velocidade rápida de mudanças corporais. A puberdade pode se iniciar, em meninas, entre 8 e 13 anos e, em meninos, entre 9 e 14 anos.

Avaliar o crescimento segundo o peso e a estatura do adolescente
Avaliar o crescimento segundo o peso e a estatura do adolescente

Fonte: Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

No planejamento das intervenções para cuidado adequado de adolescentes com excesso de peso, seguir as orientações do Instrutivo para o cuidado da criança e do adolescente com sobrepeso e obesidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

Os dados de peso e altura devem ser registrados no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab) por meio das fichas de atendimento individual, atividade coletiva e/ou visita domiciliar e territorial.

Os dados antropométricos registrados nestes sistemas são integrados nos relatórios de estado nutricional do Sisvan, este, por sua vez, também permite o registro por meio do Formulário de cadastro individual e Acompanhamento Nutricional

Os dados de antropometria registrados no próprio Sisvan, ou no e-SUS APS ou no Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família na saúde compõem os relatórios de estado nutricional: sistema de gestão das informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) da população atendida na APS. Esses dados podem ser observados nos relatórios públicos do Sisvan.

Para mais informações de como realizar a avaliação do estado nutricional das crianças, acesse Orientações para Coleta e Análise de Dados Antropométricos em Serviços de Saúde – Normas Técnicas do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - Sisvan, publicado pelo Ministério da Saúde.

Para mais informações sobre VAN, acesse o Marco de Referência da VAN na Atenção Básica.

Avaliar e classificar a maturação sexual de adolescentes entre 10 e 19 anos
Avaliar e classificar a maturação sexual de adolescentes entre 10 e 17 anos

Fonte: Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

Para mais informações sobre a avaliação antropométrica e estágios de maturação sexual, acesse as páginas 219 a 224 da publicação Proteger e Cuidar da Saúde dos Adolescentes na Atenção Básica.

Avaliação Clínica

Saúde bucal

As mudanças físicas e psicológicas causadas pela puberdade muitas vezes fazem com que os adolescentes apresentem uma maior disposição ao aparecimento de agravos de saúde bucal.

Condutas para melhorar a saúde bucal:

  • Promoção à saúde e prevenção da cárie e doença periodontal, com o foco no controle da atividade da doença e dos seus fatores de risco
  • Manejo clínico em forma de incentivar o autocuidado e a busca precoce para solucionar os problemas de cárie dentária precocemente
  • Orientação de higiene bucal incentivando o uso de fio dental, escova dental e dentifrício fluoretado
  • Aplicação de flúor, incentivo a realização de profilaxias
  • Higienização adequada da língua
  • Orientar que o uso de enxaguantes bucais, chicletes ou balas acabam mascarando por poucos momentos a existência da halitose. E da mesma forma que chicletes e balas podem ocasionar outros problemas em relação a manutenção da higiene oral
  • Remoção ou tratamento de fatores retentivos de placa periodontal
  • Orientar o uso de protetor bucal para a prática de atividades esportivas
  • Consultas de manutenção para controle de doenças

A adolescência é uma fase marcada por conflitos e descobertas de novos hábitos, como por exemplo o de fumar e consumir bebidas alcoólicas. É importante trabalhar que tais hábitos impactam na saúde em geral e aumentam a predisposição de agravos bucais como mau hálito, pigmentação dos dentes, doença periodontal e até mesmo alteração dos tecidos moles e câncer de boca. 

É importante que a equipe de Saúde Bucal entenda que o câncer bucal é uma doença que pode ser prevenida desde que seja dada a devida importância às ações de promoção à saúde, ao aumento do acesso e ao diagnóstico precoce.

Pode influenciar no desenvolvimento sistêmico do adolescente e refletir em suas atividades cotidianas e sua autoestima. A presença de dor, infecção, perda dentária precoce e distúrbios na mastigação devido a cárie limitam a alimentação adequada e afetam o crescimento, aprendizado, comunicação, autoestima e realização de atividades recreativas.

Um dos problemas que mais causa incômodo ao indivíduo levando a busca de atendimento. Está ligado principalmente a hábitos deficitários de higiene, bem como a condições bucais como: língua saburrosa, alterações salivares, doença periodontal e cárie dentária. Na fase da adolescência a halitose pode refletir sob aspectos psicológicos do indivíduo.

Até os 13 anos de idade os adolescentes já estão com quase dentição permanente completa, vão faltar ainda os terceiros molares que costumam erupcionar entre 17 e 21 anos, caso tenham espaço e tenham localização que permita sua erupção em boca. Alguns indivíduos podem apresentar agenesia destes dentes ou de alguns deles, na maioria dos casos devido a mal posicionamento, impacção, inflamações ou infecções os dentes dos sisos podem ter indicação de extração. A relação destes dentes com a adolescência se relaciona na possibilidade de causar morbidade pois muitas vezes sisos inclusos, semi- inclusos e até erupcionados que apresentam certa dificuldade de higienização podem causar desconforto, dor e até inflamações maiores como pericoronarite.

O uso de piercing, na região oral ou perioral, pode causar algumas complicações como dor, edema, infecção, doenças transmissíveis, aspiração da jóia, sangramento prolongado, complicação com a anestesia, fratura dentária, trauma gengival, problemas com a fonação, hipersalivação, formação de queloide, parestesia, hipersensibilidade ao adorno, rejeição e até possível reabsorção óssea dependendo da região onde é inserido e que mantém o contato, recessão gengival. O adolescente deve receber orientações corretas de um cirurgião dentista para sobre os cuidados e riscos.

Avaliação Clínica

Bem estar emocional

Durante a adolescência, transtornos da saúde mental podem ocorrer e devem ser detectados precocemente para uma intervenção eficaz. Alguns problemas envolvem também doenças sistêmicas fazendo-se necessária uma abordagem multidisciplinar para um manejo adequado.

O adolescente pode ser abordado sobre pensamentos suicidas, independentemente de parecer ou apresentar sintomas de depressão. 

Avaliar o grau de risco para suicídio por intermédio dos seguintes indicadores: 

  • Individuais: Autoestima baixa, fracasso escolar, isolamento, sinais de transtornos orgânicos e psicológicos, uso e abuso de álcool e outras drogas, dificuldades com a própria sexualidade e sentimentos de exclusão
  • Familiares: Dissociação familiar, relacionamento desarmônico entre os pais, comunicação comprometida com a família, falta de apoio dos pais e violência na família 
  • Sociais: Características do grupo de companheiros, que podem apresentar valores em conflito com a realidade pessoal e social, além das dificuldades de se integrar nas normas culturais

Para mais informações sobre saúde mental, acesse Proteger e Cuidar da Saúde dos Adolescentes na Atenção Básica. 

Avaliação Clínica

Práticas educativas

As ações de educação em saúde devem utilizar linguagem acessível e adequada à etapa de desenvolvimento psicossocial de cada faixa etária. Em todos os cenários de atendimento, as decisões tomadas devem ser guiadas pelo status de prioridade absoluta que adolescentes possuem, pelo direito de se preservar e pela autonomia progressiva de decisão. Uma abordagem humanizada e acolhedora oportuniza intervenção e tratamento adequados, além de evitar a revitimização e contribuir com a noção de valor pessoal dos adolescentes que estão passando por uma fase de intensa transformação multidimensional. 

Quando se fala em sexualidade responsável e planejamento familiar, as práticas educativas são indispensáveis para a formação de adolescentes. Visam facilitar também a troca de informações e a apropriação do conhecimento necessário às práticas sexuais seguras e responsáveis. A escola é um espaço privilegiado para atividades de promoção da saúde e de prevenção de agravos. A articulação entre escola e a atenção primária à saúde é essencial para que as práticas educativas sejam apoiadas em discussões construtivas, com escuta qualificada.

É fundamental que ações educativas encontrem respaldo e continuidade apoiando as ações no planejamento familiar, no pré-natal e nas consultas após o parto, para que os adolescentes sejam atendidos em suas singularidades e necessidades, visando à proteção e à promoção da saúde responsável e do planejamento familiar. 

Avaliação Clínica

Sexualidade

Na adolescência, ocasionada pela puberdade, a sexualidade se manifesta em diferentes e surpreendentes sensações corporais, em desejos ainda desconhecidos e em novas necessidades de relacionamento interpessoal, tornando-se um foco importante de preocupação e curiosidade para adolescentes. Quando essas vivências baseiam-se em inseguranças, dúvidas, desconhecimentos, vergonhas, estereótipos, medos e preconceitos, aumenta a situação de vulnerabilidade dos adolescentes à problemas nesse campo, principalmente, quando não encontram apoio familiar, social e de políticas e ações de saúde que esclareçam e informem sobre as questões da sexualidade.

A abordagem pelo profissional de saúde não pode ser preconceituosa, devendo estar aberto para ouvir os adolescentes em suas escolhas, auxiliando-os a lidar com situações difíceis, frequentes nesta fase. Devem ser usadas terminologias adequadas, evitando-se gírias. É preciso promover a reflexão sobre a sexualidade e potencializar o senso crítico e responsável. 

Há necessidade de orientar os adolescentes, bem como as suas famílias, com informações sobre as transformações que ocorrem no corpo, a curiosidade sexual, o desenvolvimento dos órgãos genitais, sobre a iniciação sexual e suas consequências. Enfatizar que o ato sexual é de caráter íntimo e privado e que os parceiros têm de estar de acordo com as práticas sugeridas e, portanto, prontos para assumir as responsabilidades advindas destas. Orientar quanto à prevenção de gravidez e transmissão de infecções sexualmente transmissíveis, riscos.

Adolescentes de 10 a 14 anos de idade devem ser orientados sobre os cuidados específicos e adequados ao seu desenvolvimento psicoemocional, com a proteção integral necessária. 

Havendo confirmação ou suspeita de violência sexual, notificar conforme os trâmites preconizados pelo Ministério da Saúde, apoiar emocionalmente esses adolescentes e suas famílias e referenciar para outros níveis de atenção à saúde e da rede de garantia de direitos e de proteção. 

Orientações básicas, no atendimento em planejamento familiar reprodutivo para adolescentes: 

  • Dispensar com acesso facilitado o preservativo, independente de apresentação de documentação, local de residência ou qualquer outra forma que dificulte este acesso 
  • Incluir um forte e sistemático componente educativo, com enfoque na sexualidade responsável, corresponsabilidade masculina, autocuidado e no desenvolvimento de habilidades psicoemocionais 
  • Proporcionar consulta, informada e esclarecida, com médico/enfermeiro para a escolha do método contraceptivo pela adolescente e seu parceiro, aproveitando todas as oportunidades que surgem quando estão nas Unidades Primárias de Atenção à Saúde 
  • Orientar e esclarecer sobre todos os métodos contraceptivos disponíveis, para que possam fazer escolhas livres e bem informadas, incluindo o respeito às suas concepções religiosas
  • Utilizar técnicas de grupos educativos, onde todas as possibilidades de métodos anticoncepcionais sejam amplamente discutidas com os adolescentes de ambos os sexos. Deve ter uma abordagem positiva da sexualidade, incentivando a construção de relações igualitárias e respeitosas entre as pessoas 
  • A idade ginecológica (tempo pós-menarca) não deve ser fator limitante para a orientação e a prescrição de métodos contraceptivos adequados, levando-se em consideração o direito à saúde, pois em casos específicos, uma possível gravidez pode se configurar como um risco à saúde da adolescente 
  • Promover o autoconhecimento do corpo como facilitador para o uso dos métodos contraceptivos Informar e orientar sobre a interação de alguns métodos contraceptivos com o uso de drogas lícitas e ilícitas
  • Esclarecer, orientar e apoiar adolescentes que são soropositivos, para o exercício da sexualidade e da vida reprodutiva 
  • Esclarecer e orientar sobre os efeitos iniciais do uso do Dispositivo Intrauterino (DIU) e ressaltar a importância do acompanhamento e da avaliação periódica da posição do DIU, além de sinais de infecção que podem levar à doença inflamatória pélvica 
  • Informar e orientar quando é recomendada a utilização da anticoncepção de emergência 
  • Estão envolvidas na escolha do métodos contraceptivos questões como idade, regularidade de ciclos menstruais, frequência das relações sexuais, engajamento dos parceiros, entre outros 

Atenção: A dupla proteção deve ser sempre incentivada, pois implica no uso ao mesmo tempo do preservativo masculino ou feminino e de outro método contraceptivo, com o objetivo de evitar uma gravidez não desejada e a proteção da transmissão do HIV/aids e de outras IST.

A gravidez na adolescência demanda cuidados específicos da rede de atenção e das políticas públicas, pois é necessário construir espaços e ambientes acolhedores. Para muitas meninas, a gravidez tem pouco a ver com uma escolha voluntária e informada. Pode ser consequência das desigualdades, da discriminação, da violação de direitos (incluindo o casamento infantil), de uma educação inadequada, da falta de perspectivas ou mesmo de coerção sexual.

Deve-se ampliar a campanha de esclarecimento sobre a gravidez na adolescência, respeitando suas identidades étnicas e culturais. Assim como a mãe adolescente, o pai também necessita de uma atenção especial, conforme Lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019.

Para mais informações sobre contracepção na adolescência, acesse Caderno de Atenção Básica nº 26.

Avaliação Clínica

Situações de violência

A Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas famílias em Situação de Violência prevê detalhadamente todas as etapas e procedimentos a serem seguidos, compreendendo as dimensões de acolhimento, atendimento, notificação e seguimento para a rede de cuidados e de proteção social. 

Todos os profissionais de saúde devem estar atentos aos sinais e sintomas físicos e comportamentais apresentados pelos adolescentes, associados à violência ou à negligência, pois muitos são inespecíficos. As situações de violência podem ser de natureza física, sexual e psicológica, além da negligência, privação e abandono.

Devem ser orientados cuidados com objetos perfuro-cortantes, produtos de higiene, medicamentos, riscos de quedas, afogamentos, acidentes de trânsito, castigos físicos violentos e outras de cunho físico, violência psicológica, sexual, discriminação, bulliyng e ciberbulliyng, canais de ajuda e de atendimento.

Avaliar a possibilidade de violência

Verifique se há:

  • Lesões físicas sugestivas de violência física: Lesões bilaterais, simétricas, em diferentes estágios de cicatrização, em áreas cobertas do corpo ou em regiões posteriores, dorso das mãos, costas e glúteos, áreas internas dos ombros, mamas e genitais
  • Lesões físicas sugestivas de violência sexual: Na área genital e perianal apresenta corrimento, secreção, sangramento, lesões (lacerações, úlceras, verrugas, hematomas, equimoses, etc.) ou cicatrizes
  • Alterações sugestivas de negligência: 
    • Adolescente em situação de abandono escolar
    • Trabalho infantil

Colher breve relato escrito da situação, incluindo os dados do adolescente, idade das pessoas envolvidas, vinculação afetiva e/ou familiar, intenção de consentir, dados da família e relato sucinto do ocorrido, incluindo o registro literal da própria vítima, para o devido seguimento do caso na rede de proteção.

Planejar a conduta de forma personalizada até a alta do caso. 

Realizar exames físicos, testes rápidos e disponibilizar a Anticoncepção de Emergência caso a violência tenha ocorrido em até 72 horas, independentemente do período do ciclo menstrual. 

Realizar as medidas profiláticas e, caso o serviço não disponibilize, realizar o encaminhamento, articulando com outros serviços de forma resolutiva, conforme Portaria nº 3.390/GM/MS, de 30 de dezembro de 2013.

A testagem anti-HIV e entrega dos resultados em adolescentes até 12 anos incompletos, devem ocorrer com a presença dos responsáveis. 

Observar a necessidade de coleta de vestígios. 

Realizar notificação obrigatória e de caráter imediato, para fins de vigilância, em até 24 horas para a Secretaria Municipal de Saúde - Portaria nº 1.271/GM/MS, de 6 de junho de 2014.

Oferecer apoio psicossocial a partir da estrutura disponível, como: Rede de Atenção Psicossocial-RAPS, Serviços de Urgência e Emergência e de Atenção Hospitalar, e parceria das Redes Intersetoriais, como condição inerente ao cuidado humanizado e integral. 

Comunicar o Conselho Tutelar e à autoridade policial - Portaria  nº 2.561/GM/MS, de 23 de setembro de 2020. 

Comunicar os demais equipamentos da rede de cuidado e de proteção social, existente no território, de acordo com a necessidade de cuidados e de proteção, tanto na própria rede de saúde, quanto na rede de proteção social e defesa. 

Observar a necessidade de encaminhamento diferenciado para o acompanhamento do desenvolvimento para a sexualidade responsável (aconselhamento relativo às atitudes, comportamento e orientação em matéria de sexualidade) e do Planejamento familiar. 

Em caso de outros procedimentos, devem ser observadas as orientações e recomendações constantes na Portaria nº 2.561/GM/MS, de 23 de setembro de 2020.

Rotina das consultas

Nas consultas de crianças que foram recém-nascidos pré-termos utilizar a idade cronológica para o esquema de vacinação e a idade corrigida para avaliação da alimentação, do crescimento, do desenvolvimento e do exame neurológico.

Utilizar a idade corrigida até 18 meses para o perímetro cefálico, até 24 meses para o peso e até os 42 meses para a avaliação neurológica.

Idade corrigida = idade cronológica — [40 — idade gestacional ao nascimento (semanas)]

A idade corrigida deverá ser utilizada até os dois anos, exceto se a idade gestacional ao nascimento tenha sido menor de 28 semanas, neste último caso, a idade corrigida deve ser adotada até os 3 anos de idade cronológica.

Orientações preventivas

Consideradas importantes para a promoção da saúde da criança. Incluem tópicos nas áreas de higiene física, segurança e adaptação psicossocial, que devem ser discutidos com os pais/cuidadores e com a criança.

Orientar, em todas as visitas, a higienização de mãos por todas as pessoas que têm contato com a criança, com o objetivo de evitar a propagação de vírus causadores de doenças respiratórias.

Consulte Prevenção de Acidentes.

Rotina das consultas

Nas consultas de crianças que foram recém-nascidos pré-termos utilizar a idade cronológica para o esquema de vacinação e a idade corrigida para avaliação da alimentação, do crescimento, do desenvolvimento e do exame neurológico.

Utilizar a idade corrigida até 18 meses para o perímetro cefálico, até 24 meses para o peso e até os 42 meses para a avaliação neurológica.

Idade corrigida = idade cronológica — [40 — idade gestacional ao nascimento (semanas)]

A idade corrigida deverá ser utilizada até os dois anos, exceto se a idade gestacional ao nascimento tenha sido menor de 28 semanas, neste último caso, a idade corrigida deve ser adotada até os 3 anos de idade cronológica.

Monitoramento do crescimento

Objetivam promover e proteger a saúde da criança por meio de diagnóstico e tratamento precoces de má nutrição (desnutrição, sobrepeso e obesidade), para evitar que desvios do crescimento possam comprometer sua saúde e qualidade de vida atuais e futuras.

Aferir peso, estatura (comprimento ou altura) em todas as consultas nas diversas faixas etárias, assim como do perímetro cefálico da criança, até os 2 anos de idade. Essas medidas devem ser registradas nas curvas de crescimento e de índice de massa corporal (IMC) na Caderneta da Criança por idade e sexo, desde o nascimento.

O deverá ser realizado após a mensuração de peso e da estatura da criança e registrado na curva da Caderneta da Criança. As crianças menores de 2 anos deverão estar deitadas em superfície lisa para a medida de comprimento enquanto, as maiores de 2 anos, deverão estar em pé para aferição da altura.

Avaliação do monitoramento do peso
Avaliar Classificar Tratar

Peso para a idade ≤ +2 e ≥ -2 escore Z

PESO ADEQUADO

Peso para a idade < ‐2 e ≥ -3 escores Z ou Tendência da curva peso/idade horizontal ou descendente

PESO BAIXO ou GANHO DE PESO INSUFICIENTE

Peso para a idade < ‐3 escores Z

PESO MUITO BAIXO

  • Avaliar a alimentação da criança e as possíveis causas de desnutrição
  • Aconselhar os pais ou responsáveis a tratar a criança de acordo com as dietas especiais
  • As orientações devem estar de acordo com o manual AIDPI
  • Uso profilático de sulfato ferroso em menores de 24 meses
  • Retorno com 5 dias
  • Orientar sinais de retorno imediato

Peso para a idade > +2 escores Z

PESO ELEVADO

  • Avaliar alimentação da criança e as possíveis causas do peso elevado
  • Orientar a alimentação adequada conforme o Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de dois anos
  • Verificar e estimular a prática de atividade física
  • Uso profilático de sulfato ferroso em menores de 24 meses
  • Marcar o retorno com duas semanas

Fonte: Adaptado de Caderneta da Criança – Passaporte da cidadania. 2ª edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

No planejamento das intervenções para cuidado adequado de crianças com excesso de peso, seguir as orientações do Instrutivo para o cuidado da criança e do adolescente com sobrepeso e obesidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

Os dados de peso e altura devem ser registrados no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab) por meio das fichas de atendimento individual, atividade coletiva e/ou visita domiciliar e territorial, ou ainda, para as crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família, no Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família na Saúde.

Os dados antropométricos registrados nestes sistemas são integrados nos relatórios de estado nutricional do Sisvan, este, por sua vez, também permite o registro por meio do Formulário de cadastro individual e Acompanhamento Nutricional

Os dados de antropometria registrados no próprio Sisvan, ou no e-SUS APS ou no Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família na saúde compõem os relatórios de estado nutricional: sistema de gestão das informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) da população atendida na APS. Esses dados podem ser observados nos relatórios públicos do Sisvan.

Para mais informações de como realizar a avaliação do estado nutricional das crianças, acesse Orientações para Coleta e Análise de Dados Antropométricos em Serviços de Saúde – Normas Técnicas do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - Sisvan.

Para mais informações sobre VAN, acesse o Marco de Referência da VAN na Atenção Básica.

Rotina das consultas

Nas consultas de crianças que foram recém-nascidos pré-termos utilizar a idade cronológica para o esquema de vacinação e a idade corrigida para avaliação da alimentação, do crescimento, do desenvolvimento e do exame neurológico.

Utilizar a idade corrigida até 18 meses para o perímetro cefálico, até 24 meses para o peso e até os 42 meses para a avaliação neurológica.

Idade corrigida = idade cronológica — [40 — idade gestacional ao nascimento (semanas)]

A idade corrigida deverá ser utilizada até os dois anos, exceto se a idade gestacional ao nascimento tenha sido menor de 28 semanas, neste último caso, a idade corrigida deve ser adotada até os 3 anos de idade cronológica.

Avaliação do desenvolvimento

A Caderneta da Criança é um instrumento de vigilância em saúde que facilita o acompanhamento integral da saúde infantil.

vigilância em saúde deve ser um processo contínuo de acompanhamento das atividades relacionadas ao desenvolvimento da criança e à detecção de alterações no desenvolvimento típico. Devem ser responsáveis tanto profissionais de saúde quanto professores e núcleo familiar. 

aquisição de marcos de desenvolvimento pelas crianças depende do funcionamento do sistema nervoso central, de outras dimensões do funcionamento orgânico, da carga e qualidade dos estímulos recebidos e das relações que a criança vivencia. Assim, fatores endógenos e exógenos podem provocar, com maior ou menor intensidade, transtornos no processo de desenvolvimento. 

Como identificar os primeiros sinais do TEA
Como identificar os primeiros sinais do TEA

Fonte: Adaptado de Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

identificação precoce de perdas auditivas possibilita intervenção imediata, oferecendo condições para o desenvolvimento da fala, da linguagem, da sociabilidade, do psiquismo e do processo educacional da criança, permitindo prognósticos mais favoráveis. 

A audição, nos primeiros anos de vida, auxilia na organização de processos neuropsicológicos, orgânicos, afetivos e simbólicos. O sistema auditivo está formado no nascimento e a estimulação sonora promoverá maturação das vias auditivas, no tronco encefálico.  

O período de maior plasticidade neuronal da via auditiva compreende a faixa etária que vai do nascimento aos 2 anos de idade. Durante esse período, o sistema auditivo central encontra-se maleável às modificações, por isso a importância de detecção precoce de alterações.  

O profissional da APS no momento da primeira consulta de puericultura deve verificar se a criança realizou o Teste de triagem auditiva neonatal, uma vez que esse exame tem por finalidade a identificação precoce de deficiências auditivas e deve ser realizado, preferencialmente, nos primeiros dias de vida ainda na maternidade. 

Respostas motoras ao estímulo sonoro de crianças de zero a 2 anos

Faixa etária  

Respostas motoras 

Reflexo cócleo-palpebral 

Zero a 3 meses 

No início, resposta de sobressalto ou de Moro em recém-nascidos com audição normal com estímulo de 65 dB NPS* ou mais alto, apresentado de forma súbita. Reação de sobressalto/resposta de atenção/virar a cabeça 

Presente 

3 a 6 meses 

Entre 3 e 4 meses: O lactente pode começar a virar lentamente a cabeça. Resposta de atenção/virar a cabeça/localização lateral 

Presente 

6 a 9 meses 

7 meses: Os músculos do pescoço do lactente estão suficientemente fortes para permitir que ele gire a cabeça diretamente para o lado de onde vem o som 

Resposta de atenção/localização lateral 

Localização INDIRETA para baixo 

Entre 7 e 9 meses: Começa a identificar a localização precisa da fonte sonora com uma virada direta da cabeça para o lado. A resposta é brusca e firme 

Ainda não olha diretamente para o som apresentado acima do nível dos olhos 

Presente 

9 a 13 meses 

10 meses: Começa a localizar o som acima da cabeça 

Localização para o lado 

Localização DIRETA para baixo 

Presente 

16 a 21 meses 

Localiza diretamente os sons para o lado, para baixo e para cima 

Presente 

21 a 24 meses 

Localização direta do som para o lado, para baixo e para cima 

Presente 

*NPS: Nível de Pressão Sonora.

Fonte: Adaptado de Diretrizes de estimulação precoce: Crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

Se houver suspeita de desvio do desenvolvimento auditivo típico para a idade, a criança deve ser encaminhada a um especialista (otorrinolaringologista e fonoaudiólogo).

As funções da visão são importantes para o desenvolvimento infantil, pois integram as informações recebidas pelos outros sentidos e influenciam outros aspectos do desenvolvimento, como o desenvolvimento motor, cognitivo e pessoal-social. 

Ao nascimento, tanto o sistema nervoso central, quanto o sistema ocular são imaturos, sendo necessárias experiências visuais para que ambos se desenvolvam. Os primeiros anos de vida da criança são considerados períodos críticos para o desenvolvimento da visão e as experiências visuais são fundamentais para a formação das conexões cerebrais responsáveis pela visão. 

Toda criança nasce com baixa visão, conforme os estímulos visuais aos quais é exposta, nas primeiras semanas de vida, tanto retina, vias ópticas e córtex visual têm um rápido desenvolvimento, sendo o primeiro ano de vida o período evolutivo de maior importância. 

Até os 4 anos, há um refinamento do desenvolvimento das funções visuais que se completa entre 9 a 10 anos de idade. 

O profissional da APS no momento da consulta de puericultura deve realizar, desde que capacitado, o teste do reflexo vermelho na primeira consulta do recém-nascido e repetir aos 4, 6 e 12 meses de idade e na consulta dos 2 anos de idade, a fim da detecção precoce de possíveis problemas visuais que podem interferir sobremaneira no desenvolvimento infantil.

Avaliação funcional da visão

Descreve como a criança funciona na realização de atividades cotidianas: contato de olho, fixar e seguir um objeto em movimento (motivação, atenção), discriminação e reconhecimento de formas, tamanhos e cores, entre outros.

A avaliação de uma criança com baixa visão deve ser realizada por médico oftalmologista.

Marcos do desenvolvimento visual da criança (zero a 3 anos de idade)

Idade 

Comportamentos visuais presentes 

30 a 34 semanas de idade gestacional 

Reação pupilar à luz, fechar as pálpebras diante de luz intensa e reflexo de fixação 

Ao nascimento 

Busca da fonte luminosa, fixação visual presente, mas breve, tentativas de seguir objeto em trajetória horizontal 

1 mês 

Contato visual e fixação visual por alguns segundos, seguimento visual em trajetória horizontal em arco de 60 graus, preferência por objetos de alto contraste e figuras geométricas simples 

2 meses 

Fixação estável e muito bem desenvolvida, inicia coordenação binocular, seguimento visual em trajetória vertical, interesse por objetos novos e com padrões mais complexos, inicia sorriso social 

3 meses 

Desenvolve acomodação e convergência, inicia observação das mãos e faz tentativas de alcance para o objeto visualizado. Até o 3 º mês, a esfera visual é de 20 a 30 centímetros 

4 meses 

Pode levar a mão em direção ao objeto visualizado e agarrá-lo 

5 a 6 meses  

Fixa além da linha média, aumento da esfera visual, capaz de dissociar os movimentos dos olhos dos movimentos de cabeça, acuidade visual bem desenvolvida, reconhece familiares, amplia o campo visual para 180 graus, movimentos de busca visual são rápidos e precisos. Pode apresentar desvio ocular, mas, se for persistente, é necessária avaliação oftalmológica 

7 a 10 meses 

Interessa-se por objetos menores e detalhes, interessa-se por figuras, esfera visual bastante ampliada, busca e reconhece objetos parcialmente escondidos 

11 a 12 meses 

Orienta-se visualmente no ambiente familiar, reconhece figuras, explora detalhes de figuras e objetos, comunicação visual é efetiva  

12 a 24 meses 

Atenção visual, aponta para o objeto desejado, mesmo que esteja à distância, muda o foco de visão de objetos próximos para distantes com precisão, identifica em si, no outro ou em bonecos as partes do corpo, reconhece o próprio rosto no espelho, reconhece lugares, rabisca espontaneamente 

24 a 36 meses 

Tenta copiar círculos e retas, constrói uma torre com três ou quatro cubos. Percepção de profundidade está quase completa 

Fonte: Adaptado de Diretrizes de estimulação precoce: crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

As etapas do desenvolvimento motor evoluem de forma gradativa e organizada, para avançar para a próxima etapa é necessário completar a etapa anterior.

acompanhamento das aquisições é feito por meio da avaliação observacional da: 

  • Motricidade espontânea 
  • Motricidade provocada 
  • Motricidade liberada e dirigida 
  • Avaliação do tônus muscular 
  • Avaliação das reações e dos reflexos primitivos  

A avaliação do desenvolvimento motor normal é realizada através da Escala de Denver II, contida na Caderneta da Criança: Menino e Caderneta da Criança: Menina

Assim como outros instrumentos de triagem, o Denver II não tem um constructo de hipóteses pré-estabelecido, ele apenas define a idade com que uma criança cumpre uma determinada tarefa.  

A complementação de fatores de risco provenientes do protocolo de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes da Infância (AIDPI) agrega, além de categorias de risco para o atraso nos marcos do desenvolvimento, outros fatores de risco relevantes associados como alterações fenotípicas e perímetro cefálico -2Z escores ou +2Z escores. 

Reações e Reflexos Primitivos

Fonte: Adaptado de Diretrizes de estimulação precoce: crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

ausência ou presença de estímulos nos momentos adequados podem alterar o curso do desenvolvimento.

O desenvolvimento cognitivo integral está ligado a relações entre as funcionalidades sensorial, perceptiva, motora, linguística, intelectual e psicológica. O progresso depende das etapas críticas da maturação neurocerebral do indivíduo.

Deve-se garantir a promoção de relacionamentos estimulantes e ricos em experiências de aquisição. Os benefícios alcançados serão permanentes à saúde emocional e física da criança.

avaliação objetiva de habilidades motoras, de comunicação, de interação social e cognitiva deve ser realizada de acordo com os marcos propostos na Caderneta da Criança. 

Avaliação do desenvolvimento: Orientação para a tomada de decisão
Dados da avaliação Classificação Conduta

Perímetro cefálico < -2 escores z ou > +2 escores z, ou presença de 3 ou mais alterações fenotípicas*, ou ausência de 1 ou mais marcos para a faixa etária anterior (se a criança estiver na faixa de 0 a 1 mês, considere a ausência de 1 ou mais reflexos/posturas/habilidades para a sua faixa etária suficiente para esta classificação) 

PROVÁVEL
ATRASO NO
DESENVOLVIMENTO

Acionar a rede de atenção especializada para avaliação do desenvolvimento

Ausência de 1 ou mais reflexos/ posturas/habilidades para a sua faixa etária (de 1 mês a 6 anos)

ou

Todos os reflexos/posturas/habilidades para a sua faixa etária estão presentes, mas existem 1 ou mais fatores de risco

ALERTA PARA O DESENVOLVIMENTO

Orientar o cuidador da criança sobre a estimulação

Marcar retorno em 30 dias

Informar cuidador sobre os sinais de alerta para retornar antes de 30 dias

Todos os reflexos/posturas/habilidades para a sua faixa etária estão presentes

DESENVOLVIMENTO ADEQUADO

Elogiar o cuidador

Orientar o mãe/cuidador para que continue estimulando a criança

Retornar para acompanhamento conforme a rotina do serviço de saúde

Informar o mãe/cuidador sobre os sinais de alerta

* Exemplos de alterações fenotípicas frequentes em recém-nascidos: fenda palpebral oblíqua, implantação baixa de orelhas, pescoço curto e/ou largo, prega palmar única e quinto dedo da mão curto e recurvado.

Fonte: Adaptado de Caderneta da Criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Para saber sobre a vigilância do desenvolvimento infantil, acesse Apurando o Olhar para a Vigilância do Desenvolvimento Infantil – Playlist com todos os vídeos.

A idade para iniciar o processo educativo varia de criança para criança. Algumas já mostram sinais de que estão prontas entre 18 e 24 meses, enquanto outras não se mostram prontas antes dos dois anos e meio. 

Um processo educativo precoce, quando realizado antes dos 18 meses, pode ser prejudicial. Ele não respeita a maturação da criança e aumenta o risco de aparecimento de disfunções, como enurese, encoprese, constipação e recusa em ir ao banheiro. Diferentemente, um processo educativo realizado após os 36 meses de idade é considerado tardio.

Rotina das consultas

Nas consultas de crianças que foram recém-nascidos pré-termos utilizar a idade cronológica para o esquema de vacinação e a idade corrigida para avaliação da alimentação, do crescimento, do desenvolvimento e do exame neurológico.

Utilizar a idade corrigida até 18 meses para o perímetro cefálico, até 24 meses para o peso e até os 42 meses para a avaliação neurológica.

Idade corrigida = idade cronológica — [40 — idade gestacional ao nascimento (semanas)]

A idade corrigida deverá ser utilizada até os dois anos, exceto se a idade gestacional ao nascimento tenha sido menor de 28 semanas, neste último caso, a idade corrigida deve ser adotada até os 3 anos de idade cronológica.

Avaliação do consumo alimentar

Deve ser realizado em todas as consultas, permitindo a identificação de fatores de risco e proteção à saúde relacionados à alimentação, direcionando o acompanhamento e intervenções da criança e família.

O formulário para avaliação de marcadores do consumo alimentar, avalia bebidas ou alimentos consumidos no dia anterior, bem como hábitos relacionados à alimentação. A partir das respostas obtidas, o profissional de saúde realiza as recomendações para alimentação adequada e saudável segundo o Guia Alimentar para Crianças brasileiras menores de dois anos e o Guia Alimentar para a População Brasileira (em situações de crianças acima de 2 anos). O formulário é de fácil aplicação e pode ser utilizado por qualquer profissional de saúde durante o atendimento individual. A sua utilização deve seguir as recomendações contidas no documento Orientações para Avaliação de Marcadores de Consumo Alimentar na Atenção Básica.

Os dados da avaliação dos marcadores do consumo alimentar devem ser registrados e-SUS APS e compõem os relatórios públicos do Sisvan.

Rotina das consultas

Nas consultas de crianças que foram recém-nascidos pré-termos utilizar a idade cronológica para o esquema de vacinação e a idade corrigida para avaliação da alimentação, do crescimento, do desenvolvimento e do exame neurológico.

Utilizar a idade corrigida até 18 meses para o perímetro cefálico, até 24 meses para o peso e até os 42 meses para a avaliação neurológica.

Idade corrigida = idade cronológica — [40 — idade gestacional ao nascimento (semanas)]

A idade corrigida deverá ser utilizada até os dois anos, exceto se a idade gestacional ao nascimento tenha sido menor de 28 semanas, neste último caso, a idade corrigida deve ser adotada até os 3 anos de idade cronológica.

Vigilância no ambiente escolar

O ambiente escolar possibilita a percepção de uma variabilidade enorme de características que as crianças podem apresentar, seja em sala de aula ou nos momentos de lazer.  

As escolas são ambientes privilegiados para o desenvolvimento de crianças, adolescentes e suas famílias, tanto na promoção de fatores protetivos quanto na detecção de riscos e na redução de danos de agravos psicossociais. Por concentrarem a maior parte da população infantojuvenil brasileira, os estabelecimentos escolares agregam diversidades e singularidades, potencialidades e recursos significativos para a produção de saúde, a garantia da proteção integral e o desenvolvimento de pessoas sob princípios de autonomia e emancipação. 

Os sinais de alerta devem ser trabalhados pela equipe de saúde da Atenção Primária junto a professores e ambiente escolar.  

A escola deve estar preparada para identificar a presença de desenvolvimento atípico e comunicar para a família para que o processo de acompanhamento diagnóstico e clínico seja iniciado na Atenção Primária à Saúde o mais rápido possível. Intervenções precoces e intensivas compartilhadas pelo serviço de saúde e a escola fazem uma diferença considerável no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança e de sua família.

O Programa Saúde na Escola, política intersetorial entre os Ministérios da Saúde e da Educação, visa à integração e articulação permanente da educação e da saúde, por intermédio da elaboração de metodologias a serem executadas, como projetos didáticos nas Escolas. Contribui para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino. As atividades tornam possível a criação de núcleos e ligações entre os equipamentos públicos da saúde e da educação (escolas, centros de saúde, áreas de lazer como praças e ginásios esportivos, etc).

Para mais informações, acesse o Programa Saúde na Escola.

Encaminhamento para atenção especializada ambulatorial

A identificação precoce e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado garantem melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.

Para esclarecimento de dúvidas e qualificação do encaminhamento, discutir o caso clínico com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.

Oriente o responsável para que tenha em mãos na primeira consulta ao serviço especializado a caderneta da criança, o documento de referência com as informações clínicas e o motivo do encaminhamento, as receitas dos medicamentos que a criança/adolescente está utilizando e os exames complementares realizados recentemente.

Conteúdo descritivo mínimo que o encaminhamento deve ter:

  • Descrição do quadro atual (idade de início, evolução dos sintomas)
  • Descrição de antecedentes perinatais/obstétricos se relevantes
  • Comorbidades
  • Tratamento medicamentoso e não medicamentoso 
  • Resultados de exames com data (priorizar os exames conforme a condição clínica que motivou o encaminhamento)
  • Número da teleconsultoria, se caso discutido com Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543

Crianças com perímetro cefálico acima ou abaixo de dois desvios-padrão podem apresentar doenças neurológicas, como microcefalia (de causa genética ou ambiental) e hidrocefalia.

Pacientes com atraso de desenvolvimento após 30 dias de estimulação precoce sem resultados.

Recém-nascidos com Teste do reflexo vermelho com a presença de opacidade deverão ser avaliadas por um oftalmologista com urgência, pois poderá ter: catarata congênita, retinoblastoma ou retinopatia da prematuridade.

Todos os os recém-nascidos pré-termos com uma idade gestacional igual ou inferior a 32 semanas e/ou menores de 1.500 g devem ser avaliados com dilatação de pupila por oftalmologista na 6ª semana de vida e acompanhados de acordo com o quadro clínico, pois o Teste do reflexo vermelho detecta retinopatia da prematuridade apenas de grau 5, já com descolamento de retina e prognóstico reservado.

Toda criança com avaliação funcional da visão considerada baixa deve ser avaliada.

Crianças com falha no teste da Triagem Auditiva Neonatal, devem ser encaminhadas para diagnóstico em Centros Especializados de Reabilitação (CER) com modalidade auditiva, ou aos Serviços de Saúde Auditiva de Alta Complexidade, para caracterização do tipo e do grau da perda auditiva. Na inexistência desses centros ou serviços, elas deverão ser encaminhadas para otorrinolaringologista pediátrico e/ou fonoaudiólogo.

  • Displasia evolutiva de quadril
  • Fratura de clavícula
  • Casos persistentes de torcicolo: Pode ser necessária correção cirúrgica (protelada até os três anos de idade)
  • Pé torto congênito grave
  • Fibrodisplasia Ossificante Progressiva (FOP). Na suspeita de FOP, evitar punções com agulhas (imunizações, coletas de sangue)

Crianças com hérnia inguinal: Indicação cirúrgica imediata.

Meninos com testículos não palpáveis na bolsa escrotal aos 6 meses. O tratamento precoce da criptorquidia com cirurgia resulta em diminuição do risco de câncer de testículos e de problemas com a fertilidade em adultos.

Uso de telas

O uso precoce, excessivo ou inadequado de telas pode trazer inúmeros prejuízos e efeitos negativos para a saúde, dentre elas:

  • Alterações do sono, da atenção e do aprendizado
  • Irritabilidade, ansiedade e depressão
  • Transtornos alimentares: sobrepeso/obesidade; anorexia/bulimia
  • Problemas auditivos, problemas visuais, posturais e músculo-esqueléticos
  • Risco de exposição a conteúdo impróprio e/ou violento

Avaliação do uso de telas: Determine o tempo, conteúdo, local de utilização, quando utilizam e como utilizam - senso crítico, privacidade, segurança, bullying, , etc.

Recomendação

  • Menores de 2 anos: Não devem ser expostas ao uso de telas
  • Crianças de 2 a 5 anos: O tempo máximo de uso deve ser de uma hora por dia 
  • Até os 10 anos: Não devem fazer uso de telas sozinhas nos seus próprios quartos
  • Antes dos 12 anos: Não devem possuir celulares e smartphones
  • Para TODAS as idades: Não utilizar as telas durante as refeições e desconectar 1-2h antes de dormir

É importante reforçar com os pacientes e famílias que não se deve substituir as atividades essenciais à saúde e ao desenvolvimento como dormir, socializar, se exercitar, brincar e interagir por tempo em frente às telas.

O canal online gratuito da organização SaferNet Brasil oferece informações e apoio sobre crimes e violações dos Direitos Humanos na internet, de forma anônima e sigilosa. 

Para mais informações acesse o Manual de orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria #Menos telas #Mais saúde.

Promoção da Alimentação Saudável

O crescimento, principalmente o estirão, e as mudanças fisiológicas relacionadas à puberdade, levam a alterações das necessidades nutricionais. A alimentação inadequada pode retardar o crescimento e a maturação sexual.

Durante a adolescência, é comum a omissão de refeições, especialmente o café da manhã, comprometendo também a ingestão de alimentos fontes de nutrientes.

Os Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável 
Crianças de 2 anos a 9 anos

No planejamento das intervenções para cuidado adequado de adolescentes com excesso de peso, seguir as orientações do Instrutivo para o cuidado da criança e do adolescente com sobrepeso e obesidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

Para mais informações sobre Vigilância Alimentar e Nutricional acesse o documento Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica que traz recomendações para a alimentação dos adolescentes alinhadas com o Guia alimentar para a população brasileira e considerando as especificidades deste público.

Imunização

As vacinas recomendadas e disponíveis na rede pública de saúde são a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), hepatite B, Papilomavírus humano (HPV), dupla Adulto (dT–difteria e tétano), febre amarela. 

Para adolescentes na faixa etária de 11 e 12 anos de idade, a vacina Meningocócica ACWY, independente de dose anterior de Meningocócica C ou dose de reforço.

O processo da imunização contra doenças transmissíveis continua sendo um componente importante na promoção da saúde dos adolescentes.

Destaca-se que as vacinas devem ser administradas considerando o histórico de vacinação do adolescente, isto é, de acordo com as vacinas administradas na infância. 

Não é necessário recomeçar o esquema por atraso de doses de qualquer vacina. Todas as doses tomadas, independente do tempo, devem ser consideradas. Somente são consideradas válidas as doses documentadas em carteira vacinal e/ou no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) do Ministério da Saúde.

Para mais informações, acesse o Calendário Nacional de Vacinação do PNI/MS (2020).

Prática de Atividade física/exercício físico

O adolescente deve praticar 60 minutos ou mais de atividade física por dia. Como parte desses 60 minutos ou mais por dia, incluir, em pelo menos 3 dias na semana, atividades de fortalecimento muscular.

Oriente evitar ficar muito tempo em comportamento sedentário (tempo em que permanece sentado ou deitado assistindo à televisão ou usando o celular, computador, tablet ou videogame) e criar uma rotina para as suas atividades diárias, organizando seu tempo com momentos para estudar, praticar atividade física, relaxar, comer e dormir.

Para mais informações sobre orientações de prática de atividade física, acesse o Guia  de Atividade Física da População Brasileira.

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde

As práticas específicas das PICS têm como objetivo promover saúde e prevenir doenças ao longo desse curso de vida, a exemplo da shantala, reiki, cromoterapia, aromaterapia, auriculoterapia, medicina antroposófica, naturopatia, musicoterapia, terapias de florais, medicina tradicional chinesa, plantas medicinais e fitoterápicos e imposição de mãos. Dando continuidade com a ampliação do cuidado em saúde e o entendimento da importância na promoção da saúde das crianças, acrescentando-se a todas as demais práticas vigentes como complementares. Em unidades que contam com profissionais habilitados, podem ser consideradas como uma ótima oportunidade no sentido de manter uma vida saudável.

Para mais informações, acesse a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS.

Encaminhamento para atenção especializada ambulatorial

A identificação precoce e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado garantem melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.

Para esclarecimento de dúvidas e qualificação do encaminhamento, discutir o caso clínico com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.

Oriente o responsável/paciente para que leve, na primeira consulta ao serviço especializado, o documento de referência com as informações clínicas e o motivo do encaminhamento, as receitas dos medicamentos que o adolescente está utilizando e os exames complementares realizados recentemente.

Conteúdo descritivo mínimo que o encaminhamento deve ter:

  • Descrição do quadro atual (idade de início, evolução dos sintomas)
  • Descrição de antecedentes perinatais/obstétricos se relevantes
  • Comorbidades
  • Tratamento medicamentoso e não medicamentoso 
  • Resultados de exames com data (priorizar os exames conforme a condição clínica que motivou o encaminhamento)
  • Número da teleconsultoria, se caso discutido com Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543
  • Adolescentes com puberdade precoce, tardia ou parada de amadurecimento puberal (mais de um ano na mesma escala de maturação sexual)
  • Baixa estatura
  • Muito baixo peso ou obesidade grave após esgotados manejo terapêutico na atenção primária à saúde
  • Alto risco ou uso de drogas ilícitas
  • Adolescentes com depressão ou violência autoinfligida e risco de suicídio