Linhas de Cuidado

Cuidado pré-natal de rotina - Planejamento terapêutico

Ações adequadas durante o pré-natal reduzem a mortalidade materna e neonatal

Garantir que a gestante receba o atendimento necessário em no mínimo oito consultas durante a gravidez, incluindo uma consulta odontológica e uma consulta no puerpério.

*Acompanhamento compartilhado: Atenção Primária à Saúde e Atenção Especializada

Covid 19: quando houver sintomas TODAS as gestantes devem ser aconselhadas e testadas. Para maiores informações acesse o Manual de recomendações do Ministério da Saúde

Avaliação Clínica

Aspectos gerais

A gestante, adulta ou adolescente, têm o direito à presença de um acompanhante, de livre escolha, durante as consultas de pré-natal, no trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.

O atendimento deve ser multiprofissional, oferecendo acolhimento com escuta qualificada oportunizando a participação proativa das gestantes e sempre que possível o pai ou parceiro(a) deve ser envolvido(a) no plano de cuidados. Consulte Pré-natal do parceiro.

Individualizar o cuidado: preparar para o parto e amamentação, alimentação adequada e saudável, ganho de peso, atividade física, avaliar riscos sociais e vulnerabilidades (idade, ocupação, violência doméstica, etc), orientar quanto aos direitos na gestação, no âmbito do trabalho, direitos sociais e trabalhistas, parentalidade (no caso de adolescentes, destacar também o seu fortalecimento), orientação sobre métodos contraceptivos.

Registrar todas as consultas na Caderneta da Gestante e em prontuário eletrônico, no sistema e-SUS AB para acompanhamento do pré-natal. A Ficha Perinatal – Ambulatório é complementar à caderneta da gestante. 

Todos os profissionais de saúde devem realizar os registros. A caderneta inclui um cartão de acompanhamento para registro das consultas clínicas e odontológicas, dos resultados de exames e das vacinas.

Para mais informações acesse o Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente-MS.

Avaliação Clínica

Rotina de exames complementares

1ª consulta 2ª trimestre 3ª trimestre
  • Hemograma completo
  • Tipagem sanguínea da mãe e fator Rh - pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) se Rh negativo 
  • Glicemia de jejum ou Teste de tolerância a glicose se idade gestacional ≥ 28 semanas
  • Teste rápido para Sífilis ou VDRL
  • Teste rápido para HIV 
  • Toxoplasmose - IgM e IgG
  • Teste rápido para hepatites virais B e C
  • Urina tipo I (sumário de urina – SU, EQU) / Urocultura com antibiograma
  • Ultrassonografia obstétrica (se necessário)
  • Citopatológico (se necessário), consulte a Linha de Cuidado do CA de colo de útero
  • Bacterioscopia ou cultura de secreção vaginal (se dúvidas no diagnóstico clínico ou recorrências e se disponível)
  • Parasitológico de fezes (se indicação)
  • Eletroforese de hemoglobina (realizar nos casos de história prévia de hemoglobinopatia)
  • Doenças da tireoide: a triagem universal de gestantes assintomáticas não é recomendada. O TSH deve ser solicitado se suspeita clínica ou diagnóstico prévio de disfunção tireoidiana
  • Urocultura1 com antibiograma para o diagnóstico de bacteriúria assintomática – repetir entre 28-30 semanas
  • Coombs indireto se mãe for Rh negativo e o pai Rh positivo ou desconhecido e repetir, se negativo, a cada 4 semanas
  • Teste de tolerância para glicose com 75 g, se a glicemia estiver < 92 mg/dL ou se houver fator de risco (realize este exame preferencialmente entre a 24ª e a 28ª semana ou qualquer IG após 28ª semana se 1ª consulta)
  • Toxoplasmose2 - IgG e IgM (consulte Toxoplasmose - condições especiais)
  • Hemograma completo – repetir entre 28-30 semanas
  • Glicemia de jejum
  • Sífilis (teste rápido) - repetir entre 28-30 semanas
  • Teste rápido para HIV – início do 3º trimestre (28ª semana)
  • Toxoplasmose*- IgG e IgM (consulte Toxoplasmose - condições especiais)
  • Rubéola (se sorologia for negativa e gestante em situação de risco com finalidade de imunização no pós-parto)
  • Exame de urina (EAS/urina tipo I/EQU)
  • Avaliação de vaginose bacteriana: não rastrear de rotina. Tratar apenas mulheres sintomáticas ou com trabalho de parto prematuro
  • Estreptococos tipo B: pode ser ofertado entre a 35ª e 37ª semana de gestação, visando a redução do risco de infecção, conforme rotina municipal, para avaliar colonização e necessidade de antibioticoterapia no momento do parto

1 Urocultura: Se negativa, repetir apenas se sintomas, história de infecções urinárias de repetição ou nefropatia. Se positiva mas paciente assintomática, repetir em todos os trimestres. Se positiva com sintomas de infecção urinária, repetir mensalmente. Pacientes com mais de dois episódios de infecção urinária durante a gestação, fazer profilaxia com antibiótico até duas semanas após o parto.

2 Toxoplasmose: Em razão da endemicidade apresentada no estado do Rio Grande do Sul, está indicado o rastreamento também no 2º trimestre de gestação para gestantes suscetíveis (IgG e IgM não reagentes). Sugerimos verificar a situação epidemiológica do seu município.

Fonte: Adaptado de Exames de Rotina Pré-Natal disponível no Portal de boas práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Brasília: Ministério da Saúde, 2020; Cadernos de Atenção Básica (n° 32): Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde, 2013; Nota Técnica 02/2018 - Atenção ao pré-natal na Atenção Básica. Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, 2019; “Como manejar o hipotireoidismo durante a gestação?”. Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS, 2020.

Teste rápido para HIV, hepatites virais B e C - Se positivo: encaminhar para Atenção Especializada. Consulte encaminhamento para Atenção Especializada e Condições especiais para avaliar conduta.

Atenção: A solicitação de outros exames deve ser realizada de acordo com a avaliação profissional e capacidade instalada do município.

Fonte: Adaptado de Exames de Rotina Pré-Natal disponível no Portal de boas práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Fonte: Adaptado de Exames de Rotina Pré-Natal disponível no Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Atenção: Investigar fatores de risco para DMG e realizar a investigação em todas as gestantes mesmo sem diagnóstico prévio de diabetes.

Para mais informações consulte a Linha de cuidado da Diabetes Mellitus tipo 2.

Fonte: Adaptado de Exames de Rotina Pré-Natal disponível no Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Hematúria: Para mais informações acesse “Como avaliar hematúria em adultos na Atenção Primária à Saúde?” - TelessaúdeRS.

Urocultura:

Bacteriúria assintomática ≥ 100.000 UFC/mL: sempre considerar antibioticoterapia orientado pelo antibiograma e repetir a cultura.

Deve-se repetir a urocultura após 7 dias do término do tratamento. Se negativo, repetir a urocultura se apresentar sintomas urinários. Se novo exame positivo (casos de recorrência ou falha de tratamento), deve-se tratar conforme a cultura e os testes de sensibilidade. 

Não se recomenda antibioticoprofilaxia para bacteriúria assintomática recorrente, pois não há evidência que justifique essa prática.

Após 2 episódios de infecção do trato urinário inferior ou 1 episódio de infecção do trato urinário superior (pielonefrite) considerar antibioticoprofilaxia. Preferir o uso de nitrofurantoína na dose de 100 mg à noite.

Se houver dúvida da idade gestacional, realizar a primeira ecografia o mais precoce possível.

A realização precoce da ultrassonografia durante a gravidez pode auxiliar na melhor determinação da idade gestacional, detecção precoce de gestações múltiplas e no diagnóstico de malformações fetais.

Se houver dúvidas na idade gestacional realizar o mais precoce possível por via transvaginal. Utilizar como parâmetro a data da última menstruação para cálculo de melhor época de realização e via do exame.

Se houver disponibilidade do serviço, referenciar gestante para avaliação por ultrassonografia morfológica de 2º trimestre entre 18ª e 24ª semanas.

Na suspeita de gemelaridade entre 11ª e 14ª semanas para determinar a corionicidade.

Atenção: Não há evidências que apoiem a solicitação de ultrassonografias seriadas (rotina) em gestantes de baixo risco. Avaliar a individualidade de cada caso para solicitação.

Avaliação Clínica

1ª Consulta

Realizada na data mais próxima possível do resultado positivo para gravidez por médico ou enfermeiro disponível para consulta.

Acolhimento da gestante e seu parceiro(a) e/ou familiar

  • Cadastrar no sistema de informação do pré-natal
  • Orientar sobre o acompanhamento pré-natal:
    • Cronograma de consultas e atividades educativas
    • Maternidade ou hospital de referência para realização do parto e visita prévia e eventuais urgências e emergências
  • Identificar características pessoais e sociodemográficas que caracterizem situações de risco
  • Orientar que o cuidado com as mamas será gradual ao longo do pré-natal, quando houver dúvidas sempre perguntar nas consultas
  • Realizar anamnese e exame clínico direcionados à gestação, valorizando as condições da ocorrência da gravidez, hábitos de vida, antecedentes obstétricos, possíveis intercorrências de gestações anteriores, antecedentes ginecológicos e o interrogatório complementar de condições clínicas, cirurgias prévias e doenças familiares
  • Perguntar sobre as alterações corporais ocorridas no primeiro trimestre e as queixas clínicas do momento. Exemplo: náuseas, cólica, corrimento vaginal, entre outros
  • Exame ginecológico completo, incluindo avaliação mamária e se necessário coleta de exame citopatológico do colo do útero
  • Avaliar o estado nutricional a cada consulta de pré-natal, através da medida do IMC por semana gestacional e registro na curva de acompanhamento. Consulte o cálculo do IMC
    • Considerar o IMC pré-gestacional referido (limite máximo são dois meses antes) ou o IMC calculado a partir de medição realizada até a 13ª semana gestacional. Se isso não for possível, iniciar a avaliação dos dados da primeira consulta de pré-natal, mesmo que esta ocorra após a 13ª semana gestacional
    • Avaliação do estado nutricional da gestante, segundo o IMC, por semana gestacional. Para mais informações, acesse: Caderneta da Gestante
Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação, segundo o estado nutricional inicial (IOM)

Estado Nutricional Inicial (IMC)

Recomendação de ganho de peso (kg) total no 1° trimestre

Recomendação de ganho de peso (kg) semanal médio no 2° e 3° trimestres

Recomendação de ganho de peso (kg) total na gestação

Baixo Peso (BP)

2,3

0,5

12,5 - 18,0

Adequado (A)

1,6

0,4

11,5 - 16,0

Sobrepeso (S)

0,9

0,3

7,0 - 11,5

Obesidade (O)

-

0,3

7,0 

Fonte: Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

  • Realizar intervenção precoce caso seja identificado ganho de peso fora dos parâmetros recomendados. (importante preditor de obesidade em longo prazo, assim como a falta de perda de peso após o parto). Intervenções combinadas de alimentação adequada e saudável, atividade física e mudança de comportamentos são efetivas para a redução de ganho excessivo de peso durante a gestação, independentemente de faixa de IMC 
  • Solicitação dos exames de rotina. Para mais informações, consulte Rotina de exames complementares
  • Realizar testes rápidos para HIV, sífilis e hepatites virais B e C
  • Avaliar e programar o esquema de imunização. Consulte imunização
  • Atentar para os riscos do tabagismo, do uso de álcool e de outras drogas durante a gestação
  • Prescrever ácido fólico ou reforço para a continuidade do uso, caso a gestante já tenha iniciado a administração ao planejar a gravidez
    • 400 mcg/0,4 mg (comprimido) ou 0,2 mg/mL (2 mL de solução oral) diários para casos de baixo risco e 4 mg para as mulheres com alto risco de defeitos abertos do tubo neural
    • Recomendado até o final do primeiro trimestre de gestação
  • Realizar a classificação de risco gestacional
  • Estimular à adesão ao pré-natal, as ações educativas, à participação do(a) parceiro(a) ou alguém de escolha da gestante no acompanhamento pré-natal, parto e puerpério
  • Preencher, orientar e entregar a caderneta da gestante - orientar que deve sempre carregar consigo, em todos os locais aonde for, pois ali constam os dados mais importantes acerca da gravidez
  • Esclarecimentos de dúvidas
  • Orientações sobre sinais de alerta e intercorrências possíveis no primeiro trimestre
  • Agendar a consulta odontológica
  • Agendamento para a segunda consulta (a ser realizada em 2 e 3 semanas)

Para mais informações, consulte Medidas farmacológicas.

Entrevista

O que avaliar 

Planejamento familiar 

  • Data da última menstruação (DUM)
  • Métodos contraceptivos previamente utilizados
  • Gestação desejada e/ou planejada

Rede familiar e social

  • Presença de companheiro(a)
  • Rede social utilizada
  • Relacionamento familiar e conjugal para identificar relações conflituosas
  • História de violência
  • Rede de apoio

Condições de moradia, de trabalho e exposições ambientais

  • Tipo de moradia
  • Tipo de saneamento
  • Grau de esforço físico
  • Renda 
  • Estresse e jornada de trabalho/estudos
  • Deslocamento para o trabalho/instituição de ensino
  • Exposição a agentes nocivos (físicos, químicos e biológicos)
  • Beneficiário de programa social de transferência de renda com condicionalidades (ex.: Programa Bolsa Família)

Atividade física

  • Tipo de atividade física
  • Grau de esforço
  • Periodicidade
  • Lazer

História nutricional

  • Peso e altura antes da gestação
  • Hábito alimentar
  • Realizar avaliação de estado nutricional e de marcadores de consumo alimentar

Tabagismo e exposição à fumaça do cigarro

  • Status em relação ao cigarro (fumante, ex-fumante, tempo de abstinência, tipo de fumo)
  •  Exposição ambiental à fumaça de cigarro

Álcool e outras substâncias psicoativas (lícitas e ilícitas)

  • Padrão prévio e/ou atual de consumo de álcool e outras substâncias psicoativas (lícitas e ilícitas)

Antecedentes clínicos, ginecológicos, obstétricos e de aleitamento materno

  • Alergias 
  • Idade na primeira gestação
  • Número de gestações anteriores, partos (termo, pré e pós-termo, tipo e intervalo), abortamentos e perdas fetais
  • Gestações múltiplas
  • Número de filhos vivos, peso ao nascimento, recém nascidos com história de icterícia, hipoglicemia ou óbito neonatal e pós-neonatal
  • Malformações congênitas
  • Intercorrências em gestações anteriores como síndromes hemorrágicas ou hipertensivas, isoimunização Rh, diabetes gestacional, hipertensão arterial sistêmica, incompetência istmo cervical, gravidez ectópica
  • Mola hidatiforme
  • Intercorrências no puerpério
  • Experiência em partos anteriores
  • Resultado do último exame preventivo de câncer de colo uterino 
  • História de útero bicorno, malformações uterinas, miomas submucosos, miomas intramurais com mais de 4 cm de diâmetro ou múltiplos, cirurgias ginecológicas e mamária, implantes, doença inflamatória pélvica
  • História de partos cesarianos complicados com incisão uterina longitudinal (contraindicação de partos vaginais)
  • Histórico de IST prévia (incluindo Herpes)
  • Doenças pregressas
  • História de aleitamento em outras gestações, tempo, intercorrências ou desmame precoce 
  • Desejo de amamentar

Saúde sexual

  • Sexarca
  • Dispareunia
  • Libido, desejo e prazer sexual
  • Práticas sexuais e adoção de comportamentos seguros
  • Medidas de prevenção para infecções sexuamente transmissiveis

Saúde psicoemocional

  • Autocontrole e autorregulação emocional
  • Sinais e sintomas de ansiedade e/ou depressão
  • Acesso a informações, ferramentas e técnicas de autocuidado

Saúde bucal

  • Questionar sobre sangramento gengival, dor de dente, hipersensibilidade
  • Hábitos de higiene bucal como rotina de escovação e uso de fio dental
  • Data da última avaliação de saúde bucal

Antecedentes familiares

  • Diabetes mellitus/Endocrinopatias
  • Hipertensão arterial sistêmica
  • Pré-eclâmpsia
  • Doença neurológica
  • Transtorno mental
  • Câncer de mama ou ovário
  • Doenças hereditárias
  • Grau de parentesco com o pai do bebê
  • Deficiências e malformações
  • Parcerias com infecções sexualmente transmissíveis ou HIV/aids
  • Tuberculose
  • Hanseníase

Fonte: Adaptado de Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

Avaliação Clínica

2ª Consulta

  • Revisar a ficha de acompanhamento pré-natal e a caderneta da gestante
  • Avaliar queixas e sintomas
  • Realizar exame clínico. Consulte exame clínico
    • Acompanhamento do IMC, PA
  • Interpretar os exames solicitados na primeira consulta e orientação de conduta
    • Avaliar repetir a testagem para HIV, sífilis e hepatites virais caso evidenciada exposição de risco e/ou violência sexual
    • Revisão de exames do parceiro(a) e início de tratamento (se aplicável)
  • Verificar se houve mudanças na rede familiar (história de violência), nas condições de moradia, de trabalho e exposições ambientais (agentes nocivos)
  • Verificar se houve mudança na prática de atividade física (periodicidade, grau de esforço, lazer, deslocamento para o trabalho)
  • Avaliar tabagismo e exposição à fumaça do cigarro
  • Avaliar o uso de álcool e outras drogas/substâncias psicoativas (lícitas e ilícitas)
  • Realizar a classificação de risco 
  • Realizar observação de sinais e sintomas de ansiedade e/ou depressão e possível agravamento
  • Avaliar a necessidade de encaminhamento para Atenção Especializada
  • Prescrição de ácido fólico ou reforço para a continuidade do uso até o ­ final do primeiro trimestre de gestação 
  • Prescrição de sulfato ferroso profilático: 40 mg/dia de ferro elementar a partir da 20ª semana de gestação até 3º mês pós-parto ou pós aborto
  • Orientar atividades educativas e de preparo para o parto, incluindo hábitos dietéticos saudáveis, atividade física, exercícios para fortalecimento perineal, abandono ou redução significativa do uso de substância psicoativas e tabagismo
  • Orientar quanto ao cronograma das consultas subsequentes

Atenção: Realizar triagem de rotina para doenças hipertensivas na gestação através do acompanhamento regular da pressão arterial.

Para mais informações consulte a Linha de cuidado da HAS.

Avaliação Clínica

Consultas de rotina

Em todas as consultas:

  • Revisar a ficha de acompanhamento pré-natal e da caderneta da gestante: Avaliação da situação vacinal, avaliação clínica e obstétrica, incluindo exame clínico, avaliação dos resultados de exames
  • Verificar se houve mudanças na rede familiar (história de violência), nas condições de moradia, de trabalho e exposições ambientais (agentes nocivos)
  • Verificar se houve mudança na prática de atividade física (periodicidade, grau de esforço, lazer, deslocamento para o trabalho)
  • Avaliar tabagismo e exposição à fumaça do cigarro
  • Avaliar o uso de álcool e outras substâncias psicoativas (lícitas e ilícitas)
  • Realizar observação de sinais e sintomas de ansiedade e/ou depressão e possível agravamento
  • Realizar a reclassificação de risco da gestação e realizar encaminhamento para Atenção Especializada conforme necessidade
  • Prescrição de sulfato ferroso ou reforço para continuidade do uso até o 3º mês pós-parto ou abortamento 
  • Encaminhar para o hospital de referência no início do trabalho de parto ou na 41° semana

Atenção: Realizar triagem de rotina para doenças hipertensivas na gestação através do acompanhamento regular da pressão arterial.

No 1º trimestre

  • Reforçar o uso do ácido fólico até o ­ final do primeiro trimestre de gestação 

No 3º trimestre

  • Solicitar exames laboratoriais no início do 3º trimestre
    • Avaliar repetir a testagem para HIV, sífilis e hepatites virais caso evidenciada exposição de risco e/ou violência sexual

Para mais informações, consulte a frequência de acompanhamento

Exame clínico

1º consulta Todas as consultas
  • Peso, altura, frequência cardíaca, pressão arterial, ausculta cardíaca
  • Exame das mamas (avaliar fatores que possam dificultar a amamentação)
  • Mucosas, extremidades
  • BCFs*
  • Avaliação ginecológica, inspeção dos genitais externos
  • Peso, pressão arterial (consulte a Técnica recomendada para aferição da PA)
  • Mucosas, presença de edema (atentar se estiver relacionado a oligúria e proteinúria) 
  • Medir a altura uterina (após 12ª semana), movimentos fetais** examinar as mamas (inspeção, palpação, identificar eventuais nódulos não investigados; avaliar fatores que possam dificultar a amamentação; momento oportuno para fornecer orientações sobre a lactação)
  • Sintomas urinários, hábitos intestinais, secreção vaginal
  • Palpação Obstétrica 
  • BCFs*

* BCFs: É possível auscultar os batimentos cardiofetais (BCFs) após a 10ª - 12ª semana (sonar doppler) ou a partir da 20ª semana com estetoscópio de Pinard. Se identificado bradicardia (< 110 bpm) ou taquicardia (> 160 bpm) fetal persistente (durante 10 minutos), em gestações a termo, encaminhar para o centro obstétrico/ginecológico com urgência.

** Contagem de movimentos fetais não é recomendada de rotina. É importante informar as gestantes quanto a importância dos movimentos fetais no terceiro trimestre e que devem relatar sempre que observar redução nos movimentos.

Fonte: Adaptado do Protocolo Pré-Natal e Puerpério. Belo Horizonte: SUS-BH, 2019.

Para acompanhamento do crescimento fetal e detecção precoce de alterações. Use como indicador a medida da altura uterina e sua relação com o número de semanas de gestação. Acesse a caderneta da gestante.

Ponto de corte: serão considerados parâmetros de normalidade para o crescimento uterino o percentil 10 (para o limite inferior) e o percentil 90 (para o limite superior).

Se o ponto da curva estiver fora da normalidade (acima da curva superior ou abaixo da curva inferior), a gestante deve passar por avaliação médica, de preferência no mesmo dia (investigar diagnósticos diferenciais, solicitação de exames). Se não for possível a avaliação no mesmo dia, o ultrassom obstétrico abdominal com prioridade alta deve ser solicitado.

Realizar o exame completo na primeira consulta.

Avaliar: exame especular na primeira consulta para pacientes sem exame citopatológico recente e após sempre que houver perda de líquido ou sangramento, não há necessidade de toque bimanual em todas as consultas, mas é importante realizar no último trimestre, exceto se placenta prévia ou perda de líquido sem trabalho de parto.

  • Altura do fundo uterino no abdome

Medir a partir de e 18-20 semanas (anotar os dados no gráfico e observar o sentido da curva para avaliação do crescimento fetal). Antes dessa idade gestacional, inferir o tamanho uterino estimado em semanas.

  • Apresentação fetal

Avaliar apenas no último trimestre do pré-natal, por volta da 36ª semana (manobras de Leopold), para localizar o dorso e a apresentação fetal, facilitando o encontro do foco de ausculta de batimentos cardiofetais (BCFs).

Condições especiais

Hipertensão arterial na gestação

PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 90 mmHg medida de maneira adequada, em pelo menos duas visitas. Consulte a Definição da HAS e Técnica de aferição da PA.

  • Hipertensão crônica: previamente hipertensa ou diagnosticada antes da 20ª semana gestacional
  • Hipertensão gestacional: diagnosticada após 20ª semana sem estar acompanhada de nenhum sinal, sintoma ou alteração laboratorial que caracterize a pré-eclâmpsia
  • Crise hipertensiva: PAS ≥ 160 e/ou PAD ≥ 110 mmHg
  • Suspeita de pré-eclâmpsia:

    Hipertensão arterial (PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 90 mmHg) detectada após 20ª semana gestacional associada a:

    • Proteinúria (relação proteinúria/creatinúria > 0,3 ou fita reagente ≥ +) ou
    • Sintomas premonitórios (qualquer um dos sintomas): cefaleia persistente ou grave, alterações visuais (perda de campo visual, visão turva, escotomas, fotofobia), dor abdominal ou epigástrica, náusea e vômito, dispneia, dor retroesternal, confusão mental
    •  A hipertensão arterial com sinais de disfunção placentária, como restrição de crescimento fetal e/ou alterações doppler velocímetros, também deve chamar atenção para o diagnóstico de pré-eclâmpsia, mesmo na ausência de proteinúria

    Atenção: Diante do espectro multissistêmico, a pré-eclâmpsia possibilita a evolução para situações de maior gravidade como eclâmpsia, acidente vascular cerebral hemorrágico, síndrome HELLP, insuficiência renal, edema pulmonar e morte.

  • Pré-eclâmpsia sobreposta à Hipertensão Crônica:

    Hipertensão arterial identificada antes da 20º semana gestacional associada a:

    • Piora de proteinúria ou do controle pressórico; e/ou - sinais e sintomas de pré-eclâmpsia
  • Eclâmpsia:

    Hipertensão, proteinúria ou comprometimento sistêmico associado a convulsão e até coma

Principais complicações fetais e neonatais: Resultam da insuficiência placentária e da frequente necessidade de antecipação prematura do parto. Os critérios devem ser bem observados evitando assim a prematuridade iatrogênica

  • Dar atenção para o ganho de peso, principalmente quando ele acontece de maneira rápida e se acompanha edema de mãos e face
  • Atentar para os níveis pressóricos (Lembrar que os níveis pressóricos são menores na gestação, principalmente no que se refere a PAD, a persistência de níveis maiores, como 80 mmHg deve chamar atenção)
  • Atentar para queixas relacionadas a sinais e/ou sintomas de comprometimento de órgãos-alvo como dor epigástrica e/ou localizada em hipocôndrio direito
  • Orientações sobre os sinais de comprometimento da doença
  • Encaminhamento e assistência em serviços terciários e com assistência neonatal qualificada
  • Identificação precoce de alterações laboratoriais
  • Avaliação do bem-estar fetal
  • Tratamento não-farmacológico na pré-eclâmpsia
    • Dieta normal, sem restrição de sal, uma vez que não há evidências para controle pressórico
    • Acompanhamento com exames laboratoriais para identificar precocemente comprometimento de órgãos-alvo: hemograma (avaliar hematócrito e hemoglobina, bem como a contagem de plaquetas), DHL, bilirrubinas totais, creatinina e AST
    • Para profilaxia de pré-eclâmpsia consulte Medidas farmacológicas

OBSERVAÇÃO

  • Não há necessidade de avaliações repetidas de proteinúria
  • A dosagem de uréia não deve ser realizada se não houver nítido comprometimento renal ou suspeita de síndrome hemolitico-uremica
  • Para a avaliação do comprometimento hepático, apenas a dosagem de AST se mostra suficiente
  • A dosagem de ácido úrico apresenta correlação com desfechos adversos, porém, se solicitada, não constitui marcador único para decisões clínicas
  • A avaliação de hemólise é melhor por meio de dosagem de haptoglobina ou DHL por ser parâmetro que se altera precocemente, enquanto que as alterações em bilirrubina indireta ocorrerão em casos muito graves da doença, com grande risco de óbito materno-fetal
Anti-hipertensivos disponíveis na RENAME recomendados para uso na gestação
Classe do agente Agente Posologia
Simpatolíticos de ação central, α2-agonistas Metildopa Comprimidos de 250 e 500 mg 750 a 2.000 mg/dia 2 a 4x/dia
Bloqueadores de canais de cálcio Nifedipino retard
Comprimidos de 10 e 20 mg
20 a 120 mg/dia 1 a 3x/dia
Nifedipino de liberação rápida
Comprimidos de 10 e 20 mg
20 a 60 mg/dia 2 a 3x/dia
Anlodipino
Comprimidos de 2,5, 5 e 10 mg
5 a 20 mg/dia 1 a 2x/dia
Vasodilatador periférico * Hidralazina
Drágeas de 25 e 50 mg
50-150 mg/dia 2 a 3x/dia
β-bloquedores * Metoprolol
Comprimidos de 25, 50 e 100 mg
100 a 200 mg/dia 1 a 2 x/dia
Carvedilol
Comprimidos de 6,25 e 12,5 mg
12,5 a 50 mg/dia 1 a 2 x/dia Recomenda-se iniciar com 12,5 mg/dia por dois dias e a partir de então aumentar a dose

* Recomendamos essas medicações como terceira droga para associação de medicamentos para controle pressórico ou no caso de impossibilidade de uso das drogas de primeira escolha. Os β-bloqueadores de maior experiência clínica são o labetalol e o pindolol. Entretanto, o primeiro não está liberado para uso no Brasil e o segundo tem sido difícil de ser encontrado.
Fonte: Adaptado de Pré-eclâmpsia/eclâmpsia (Protocolo n° 01). Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão e Gravidez (RBEHG), 2020.

  • O objetivo do tratamento é diminuir a PA em 15% a 25%, atingindo-se valores da PAS entre 140 e 150 mmHg e da PAD entre 90 e 100 mmHg
  • Devem-se evitar quedas bruscas da PA, pelos riscos maternos (AVC, Infarto Agudo do Miocárdio) e redução acentuada da perfusão uteroplacentária, potencializando os efeitos negativos sobre o bem-estar fetal

Para mais informações consulte a linha de cuidado da HAS.

As pacientes devem ser acompanhadas no puerpério e, se permanecerem hipertensas, por no mínimo 12 semanas.

Hipertensão arterial persistente após esse período deve ser considerada como hipertensão crônica. As pacientes que apresentam pré-eclâmpsia antes da 30ª semana de gestação têm chance de recorrência de 10% na próxima gestação, podendo ser maior a chance em mulheres negras.

Após a alta hospitalar de pacientes que tiveram pré-eclâmpsia, em especial quando diagnosticada antes da 32ª semana, a mulher deve ser orientada para manter uma vida saudável sob o ponto de vista cardiovascular e metabólico.

Condições especiais

Diabetes Mellitus na gestação

Para um tratamento eficaz, reduzindo o risco de complicações do diabetes durante a gestação, é necessário realizar um pré-natal de qualidade na atenção primária.

A investigação de DMG deve ser feita em todas as gestantes sem diagnóstico prévio de diabetes. A presença de fatores associados com maior risco de hiperglicemia na gravidez não deve ser utilizada para fins de rastreamento de DMG.

Considera-se que o teste com melhor sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de DMG é o TOTG com sobrecarga de 75g, com dosagens em jejum, 1 e 2 horas após e com os valores propostos pela International Association of Diabetes in Pregnancy Study Group (IADPSG), endossado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Deve-se oferecer às gestantes com diabetes um programa de educação conduzido por equipe multiprofissional. As consultas precisam ser direcionadas para o cuidado do diabetes, na atenção especializada, além de incluir toda a rotina pré-natal básica.

O diabetes mellitus na gestação pode ser dividido em:

Critérios diagnóstico:

  • Glicemia em jejum maior ou igual 126 mg/dL
  • Glicemia 2 horas após sobrecarga de 75 gramas de glicose maior ou igual a 200 mg/dL
  • Hemoglobina Glicada maior ou igual 6,5%
  • Glicemia aleatória maior ou igual a 200 mg/dL na presença de sintomas (poliúria, polidipsia e perda de peso

DM Gestacional (DMG): hiperglicemia diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, com níveis glicêmicos que não atingem critérios para diagnóstico de DM.

Critérios diagnóstico:

  • Glicemia em jejum realizada no primeiro trimestre com valor maior ou igual a 92 mg/dL e menor ou igual a 125 mg/dL; ou
  • Glicemia avaliada pelo Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) com sobrecarga de 75 g de glicose (realizado entre 24 e 28 semanas, para gestantes que no primeiro exame de glicemia apresentaram valor inferior a 92 mg/dL) com pelo menos um dos seguintes resultados:
    • Glicemia em jejum ≥ 92 mg/dL; e/ou
    • Glicemia após 1 hora ≥ 180 mg/dL; e/ou
    • Glicemia após 2 horas ≥ 153 mg/dL

Atenção: O tratamento do DMG deve ser instituído imediatamente após o diagnóstico

Cerca de 60-70% das mulheres com DMG conseguem controlar a glicemia pela adesão à dieta e às atividades físicas.

Informe a gestante sobre o diagnóstico de DMG, esclareça dúvidas e reforce a importância da adesão ao tratamento para evitar repercussões a longo prazo  tanto em sua saúde como na de seu filho. O controle da glicemia na gestação deve ser o foco do tratamento das mulheres com DMG.

Oriente sobre as possíveis repercussões perinatais decorrentes dos níveis elevados de glicemia materna e que o controle da hiperglicemia pode evitá-las.

Explique sobre a importância do automonitoramento da glicemia capilar várias vezes ao dia, as mudanças na dieta (diminuir a ingestão de açúcares para evitar os picos de hiperglicemia), exercícios físicos diários ( auxilia na retirada da glicose da circulação sanguínea) e que, se necessário, injeções diárias de insulina serão administradas.

Meta a ser alcançada na gravidez da gestante com diabetes mellitus

Considerar os níveis glicêmicos satisfatórios se 1/3 das glicemias capilares estiverem dentro dos valores considerados normais:

  • Jejum: < 95 mg/dl
  • Pós prandial 1 h: < 140 mg/dL
  • Pós prandial 2 h: < 120 mg/dL

Caso esta meta não seja alcançada após avaliação em duas semanas, com orientação nutricional e exercício físico, iniciar esquema medicamentoso, preferencialmente com insulina (acesse o Tratamento do diabetes mellitus gestacional no Brasil) e encaminhar ao Pré-Natal de Alto Risco (Encaminhamento para Atenção especializada).

Para profilaxia de pré-eclâmpsia, consulte Medidas farmacológicas

  • Após o parto, a puérpera deve ser orientada pelo médico a suspender a terapia farmacológica antidiabética e retornar em seis semanas à unidade de saúde para a realização de Teste Oral de Tolerância à Glicose (viabilidade técnica total) ou glicemia de jejum (viabilidade técnica /financeira parcial)

Condições especiais

Anemias em gestantes

O rastreamento para anemia deve ser oferecido a toda gestante durante o pré-natal. O exame deve ser solicitado o mais precocemente possível (no diagnóstico de gestação) e com 28 semanas. A dosagem de hemoglobina também deve ser solicitada o mais precocemente possível.

Causas comuns de anemia incluem deficiência de ferro, infecções e doenças crônicas.

  • Leve a moderada: entre 11 e 8 g/dL
  • Grave: ≤ 8 g/dL
imagem ciclo anemia

Fonte: Adaptado de Exames de Rotina Pré-Natal disponível no Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

A diversidade da alimentação ajuda na construção de uma alimentação adequada e saudável, com oferta de diferentes nutrientes, e contribui para a prevenção de deficiências nutricionais, como a anemia. Além disso, para a prevenção da anemia ferropriva deve-se estimular a ingestão de:

  • Alimentos fontes de ferro heme: carnes vermelhas, principalmente vísceras (fígado e miúdos), carnes de aves, suínos, peixes e mariscos
  • Alimentos fontes de ferro não heme: hortaliças folhosas verde-escuras e leguminosas, como o feijão e a lentilha. Como o ferro não heme possui baixa biodisponibilidade, recomenda-se a ingestão na mesma refeição de alimentos que melhoram a absorção desse tipo de ferro, por exemplo, os ricos em vitamina C, disponível em frutas cítricas (como: laranja, acerola, limão e caju), os ricos em vitamina A, disponível em frutas (como: mamão e manga) e as hortaliças (como: abóbora e cenoura)

Condições especiais

Toxoplasmose em gestantes

A toxoplasmose é uma doença parasitária que não apresenta sintomas na grande maioria dos casos, porém está associada a grande morbidade durante a gestação. A transmissão pode ocorrer pela manipulação de água ou ingestão de alimentos contaminados pela gestante. No início da gravidez a infecção é menos frequente, mas pode levar ao abortamento ou sequelas graves. O período entre 10 e 24 semanas é considerado de maior risco.

A transmissão vertical transplacentária ocorre principalmente na fase aguda da doença. Ela pode gerar sequelas graves ao feto como: surdez, cegueira e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.

Situação

Resultados

Interpretação / Conduta

IgG

IgM

Primeira sorologia

Reagente

Não Reagente

Imunidade remota: gestante não suscetível

Não é necessário repetir sorologia

Não Reagente

Não Reagente

Suscetibilidade

Orientar medidas de prevenção

Repetir sorologias bimensais e no momento do parto

Reagente

Reagente/ indeterminada1

Suspeita de infecção na gestação

Iniciar tratamento de acordo com a idade gestacional 

Encaminhar ao pré-natal de alto risco

Solicitar teste de avidez ao IgG 

Notificar o caso no SINAN

Não Reagente

Reagente / indeterminada1

Suspeita de Infecção aguda ou IgM falso positivo

Iniciar tratamento de acordo com a idade gestacional 

Encaminhar ao pré-natal de alto risco

Repita sorologias (IgG e IgM) em 03 semanas

Notificar o caso no SINAN

Amostras subsequentes na gestante suscetível (IgG e IgM iniciais negativos)

Reagente

Não Reagente

Imunidade remota: gestante não suscetível

Não é necessário repetir sorologia

Não Reagente

Não Reagente

Suscetibilidade

Orientar medidas de prevenção

Reagente

Reagente / indeterminada1

Infecção durante a Gestação

Iniciar tratamento de acordo com a idade gestacional 

Encaminhar ao pré-natal de alto risco

Notificar o caso no SINAN

Não Reagente

Reagente / indeterminada1

Suspeita de Infecção aguda ou IgM falso positivo

Iniciar tratamento de acordo com a idade gestacional 

Encaminhar ao pré-natal de alto risco

Repita sorologias (IgG e IgM) em 03 semanas

Notificar o caso no SINAN

SINAN: Sistema de Informação de Agravos de Notificação
¹ IgM indeterminado, repetir sorologias em 3 semanas pelo método ELFA (preferencialmente) ou ELISA
Fonte: Adaptado de Protocolos de encaminhamento para Obstetrícia (Pré-Natal de Alto Risco). Porto Alegre: TelessaúdeRS, 2019; Nota Técnica 02/2018 - Atenção ao pré-natal na Atenção Básica. Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, 2019; Gestação de alto risco: manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

< 18 semanas de gestação: Espiramicina 500 mg, 2 comprimidos de 8 em 8 horas.

≥ 18 semanas de gestação: Esquema tríplice: Pirimetamina 25 mg, 2 comprimidos, 1x/dia; Sulfadiazina 500 mg, 2 comprimidos de 8 em 8 horas ou 3 comprimidos de 12 em 12 horas; Ácido Folínico 15 mg 1x/dia.

Manter o tratamento até o final da gestação.

Para mais informações, acesse Telecondutas - Toxoplasmose na gestação.

Condições especiais

Vírus Zika em gestantes

A transmissão pode ser vetorial pela picada do mosquito Aedes aegypti, vertical, sexual ou por doação de sangue.

O teste rápido para Zika deve ser realizado se:

  • Suspeita clínica de febre pelo vírus Zika
  • Exantema maculopapular pruriginoso e/ou febre sem causa definida
  • Contato com fluídos corporais (sêmen, fluidos vaginais, orais, urina ou sangue) de pessoas suspeitas de infecção pelo vírus Zika
  • Gestante receptora de sangue ou hemoderivados durante a gestação
  • Ultrassonografia do feto com padrão alterado

Se, resultado positivo: coletar sangue e urina da gestante e enviar amostra para o Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) para a confirmação diagnóstica.

O diagnóstico precoce da infecção pelo vírus Zika na gestante, por meio de exames de detecção do RNA viral mediante PCR e/ou sorologias, auxilia no rastreamento das gestações de alto risco.

Quanto mais precoce se deu o contato com o vírus, mais severo. Por este motivo, a informação da DUM deve ser obtida.

Não há recomendação de triagem rotineira no pré-natal.

Amamentação: apesar da presença do vírus no leite materno de mulheres com infecção aguda, a orientação geral é que a amamentação não deve ser suspensa.

Medidas de prevenção: controle do vetor e medidas protetivas individuais (uso de repelentes e de roupas com mangas longas e calças compridas). Em áreas endêmicas, orientar o uso contínuo do preservativo nas relações sexuais durante toda a gestação.

Para mais informações acesse Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais.

Consulte a Linha de cuidado da Síndrome da Zika congênita.

Condições especiais

Hepatites B e C na gestação

É recomendada a realização da testagem para HBV e HCV (preferencialmente com teste rápido) em todas as gestantes na primeira consulta de pré-natal (idealmente no primeiro trimestre).

Deve-se realizar ou completar a vacinação caso a gestante seja suscetível - resultado de HBsAg (ou TR para HBV) não reagente e que não tenha sido documentado esquema vacinal completo para hepatite B.

Gestantes com Hepatite C devem suspender o tratamento medicamentoso independentemente do esquema terapêutico.

Consulte a seção Gestantes na Linha de cuidado das Hepatites virais B e C.

A gestação e a lactação não representam contraindicações para a imunização contra o HBV.

O uso de Tenofovir nas gestantes com alta replicação viral, no terceiro trimestre, combinado com a realização de vacina para hepatite B e imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) no recém-nascido exposto, nas primeiras 24 horas, reduzem drasticamente o risco de transmissão vertical do HBV.

Para mais informações acesse Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais.

Condições especiais

HIV/Aids em gestantes

Para alcançar a supressão viral o mais rápido possível, a terapia antirretroviral poderá ser iniciada antes dos resultados dos exames de LT-CD4+, CV-HIV e genotipagem.

Consulte a seção Gestantes e Tratamento na Linha de cuidado do HIV/Aids.

Gestantes já em uso de terapia antirretroviral prévia ao diagnóstico da gestação e CV-HIV indetectável ou abaixo de 50 cópias/mL, recomenda-se manter o mesmo esquema antirretroviral, desde que não contenha dolutegravir (DTG).

Atenção: Orientar a gestante durante todo pré-natal sobre a impossibilidade do aleitamento materno. Consulte Amamentação.

Para mais informações acesse Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais.

Condições especiais

Sífilis em gestantes

A sífilis na gestação requer intervenção imediata, para que se reduza ao máximo a possibilidade de transmissão vertical.

Para o diagnóstico da sífilis, utilizar preferencialmente testes imunológicos. Teste treponêmico (teste rápido, FTA-Abs, ELISA, TPHA, etc) e teste não treponêmico (VDRL, RPR, TRUST, USR). Sempre que possível, iniciar a investigação por um teste treponêmico.

Após o diagnóstico confirmado, se não é possível determinar a cronologia do tempo de infecção (sífilis de duração ignorada), classifica-se e trata-se o caso como sífilis latente tardia. A maioria dos diagnósticos em gestantes ocorre no estágio de Sífilis latente.

Em gestantes, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste reagente, treponêmico ou não treponêmico, sem aguardar o resultado do segundo teste.

Se sintomáticas com suspeita de sífilis primária e secundária e impossibilidade de realização de qualquer teste diagnóstico, recomenda-se TRATAMENTO empírico IMEDIATO para sífilis recente, assim como para as respectivas parcerias sexuais.

Solicitação e conduta frente ao teste reagente

Fonte: Adaptado de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Atenção: Toda erupção cutânea sem causa determinada deve ser investigada com testes para sífilis.

Estadiamento

Esquema Terapêuticoa

Seguimento (teste não treponêmico)

Sífilis recente: sífilis primária, secundária e latente recente (com até um ano de evolução) 

Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo)b 

Teste não treponêmico mensal (VDRL, RPR, USR, TRUST, ELISA)

Sífilis tardia: sífilis latente tardia (com mais de um ano de evolução) ou latente com duração ignorada e sífilis terciária 

Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, 1x/semana (1,2 milhão UI em cada glúteo) por 3 semanasc

Dose total: 7,2 milhões UI, IM 

Teste não treponêmico mensal (VDRL, RPR, USR, TRUST, ELISA)

A benzilpenicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para tratamento adequado das gestantes.
Alguns experts recomendam uma dose adicional de 2,4 milhões de unidades de penicilina G benzatina, IM, uma semana após a primeira dose.
O intervalo entre doses não deve ultrapassar 7 dias. Caso isso ocorra, o esquema deve ser reiniciado.
Fonte: Adaptado de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Atenção: A administração de benzilpenicilina benzatina pode ser feita com segurança na Atenção Primária à Saúde, tanto para a gestante quanto sua(s) parceria(s) sexual(is).

Parceiro sexual: deverá ser sempre convocado pelo serviço de saúde para orientação, avaliação clínica, COLETA DE SOROLOGIA E TRATAMENTO. O diagnóstico de sífilis na gestante exige a adoção de programa de acompanhamento intensivo, com ênfase no risco de reinfecção.

Caderneta da gestante: registrar todo tratamento e monitoramento da sífilis. As condutas realizadas durante o pré-natal influenciam diretamente a conduta que será realizada no recém nascido. É uma doença de notificação compulsória.

É atribuição da atenção primária cuidar da criança exposta à sífilis e da criança com sífilis congênita (nesse caso em conjunto com a atenção especializada).

Para mais informações acesse Sífilis na gestação em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais.

Condições especiais

Hipotireoidismo

O hipotireoidismo é definido por um hormônio tireoestimulante (TSH) elevado e hormônios periféricos (T4/T3) reduzidos.

Os valores de referência de TSH na gestação (na ausência de valores normais para a população específica estabelecidos pelo laboratório) são:

  • 1º trimestre: 0,1 a 4,0 mU/L
  • 2º e 3º trimestres: 0,5 a 4,5 mU/L

Se diagnosticado durante a gestação, iniciar o tratamento imediatamente com doses médias de levotiroxina de 1,6 µg/Kg de peso/dia. A dose pode ser aumentada conforme o resultado do TSH (12,5 a 50 µg). A levotiroxina deve ser ingerida com o estômago vazio, idealmente uma hora antes do café da manhã.

Ele deve ser mantido na metade inferior do valor de referência para cada trimestre. Se valores de referência indisponíveis, considerar TSH abaixo de 2,5 mU/L.

TSH: controle com dosagem a cada 4 semanas na primeira metade da gestação, diminuindo a frequência quando alcançado o controle (mas ao menos uma vez por trimestre.

Quando não tratado, aumenta o risco de complicações materno-fetais. Um TSH elevado está relacionado com aumento de perdas fetais, e a falta de tratamento está relacionada com déficit do desenvolvimento intelectual de crianças em idade escolar.

O rastreamento universal com TSH em gestantes assintomáticas não é recomendado.

Para apoio na discussão do caso, contatar o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.

Para mais informações acesse “Como manejar o hipotireoidismo durante a gestação?” - Plataforma Telessaúde-RS.

Estratificação de risco gestacional

Gestantes com maiores riscos devem ter atenção especial.

Nem toda situação de risco necessita a referência da gestante para o pré-natal de alto risco.

A estratificação de risco deve ser realizada em TODAS as consultas. É um processo dinâmico de identificação de gestantes que necessitam de tratamento imediato e/ou especializado, segundo o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento. 

Gestantes com estratificação de alto risco devem manter o acompanhamento na Atenção Primária à Saúde (APS), sendo o cuidado compartilhado com o Serviço de pré-natal de alto risco.

As cores são utilizadas para definir o nível de atenção onde o pré-natal será realizado. Estima-se que 85% das gestantes estão nas categorias azul e verde (com ou sem fatores de risco-realização do pré-natal na APS).

Estrato Orientação Fatores de Risco

Azul

Realizar o pré-natal na APS com avaliação de risco em todas as consultas

Gestantes sem fatores de risco no momento

Verde

Gestantes com fatores de risco, mas sem indicação de encaminhamento para Atenção Especializada - AE

Realizar o pré-natal na APS com avaliação de risco em todas as consultas

Gestantes em vulnerabilidade social podem ser acompanhadas concomitantemente pelo Sistema Único de Assistência Social, referenciar ao CRAS ou CREAS de referência

Orientar sobre direitos trabalhistas da gestante, que garantem a transferência de função quando a atividade normalmente prestada for prejudicial à gestação (laudo médico atestando, quando houver necessidade)

Características individuais e sociodemográficas: 

  • Idade menor do que 15 ou maior do que 35 anos
  • Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em ·gestantes adolescentes
  • Abandono escolar
  • Situação conjugal insegura
  • Condições ambientais desfavoráveis
  • Altura menor do que 1,45 m
  • IMC (Índice de Massa Corporal) que evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade com IMC < 40 kg/m²

Situação ocupacional: 

  • Esforço físico excessivo
  • Carga horária extensa
  • Rotatividade de horário
  • Exposição a agentes físicos, químicos e biológicos
  • Estresse

Condições maternas:

  • Hipertensão crônica: sem lesão de órgão-alvo, sem risco adicional, controlada com até um fármaco
  • Diabetes mellitus gestacional (DMG): controlado com medidas não farmacológicas
  • Anemia leve a moderada (Hemoglobina entre 8 e 11 g/dL)
  • Hipotireoidismo: controlado com até 2,5 mcg/kg/dia de levotiroxina
  • Sífilis sem agravantes

Fatores relacionados à gestação atual: ganho ponderal inadequado e/ou infecção urinária

Condições clínicas de risco em gestação prévia: 


  • Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo maior de 34 semanas ou malformado
  • Macrossomia fetal
  • Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas
  • Intervalo interpartal < 2 anos ou > 5 anos
  • Nuliparidade ou multiparidade (≥ 5 partos)
  • Cirurgia uterina anterior (se procedimento realizado há menos de um ano antes da gestação, encaminhar para pré-natal de alto risco)
Amarelo

Gestantes que não necessitam do pré-natal de alto risco, mas que necessitam de acompanhamento em outros pontos da rede, devido a necessidades clínicas específicas. O alto risco, nestes casos, só será indicado se houver outros critérios de risco que o indiquem

  • Gestação resultante de estupro¹
  • Transtornos mentais graves²
  • Hepatites virais B e C
  • Gestante com condiloma acuminado (exterior ao canal vaginal) / verrugas virais refratárias ao tratamento com ácido tricloroacético (ATA) por 3 meses
Laranja

Gestantes que apresentem fatores de risco que necessitam de encaminhamento para AE. O vínculo entre a APS e gestante deve ser mantido durante o pré-natal de alto risco

  • Hipertensão crônica
  • Hipertensão gestacional 
  • Diabetes Mellitus Gestacional
  • Diabetes Mellitus (prévio) - todos os casos
  • Gestante com diagnóstico de anemia falciforme ou outras hemoglobinopatias
  • Diagnóstico de hipertireoidismo
  • Hipotireoidismo: Suspeita de hipotireoidismo central (TSH normal ou baixo e T4 livre ou total baixo) e hipotireoidismo primário usando mais de 2,5 mcg/kg de levotiroxina sem controle adequado
  • Gestação com abortamento recorrente ou risco de prematuridade³
  • ≥ 3 cesarianas prévias
  • Gestante com HIV/Aids
  • Condiloma acuminado (verruga viral genital e perianal) com indicação de tratamento cirúrgico e condiloma acuminado no canal vaginal ou colo uterino
  • Sífilis: Se falha ao tratamento/suspeita de neurossífilis assintomática ou achados ecográficos suspeitos de sífilis congênita
  • Toxoplasmose gestacional: Suspeita ou diagnóstico 
  • Diagnóstico de infecção por vírus Zika
  • Alterações ecográficas: No líquido amniótico, placentárias, fetais (fetos com malformações maiores ou sugestivas de síndrome genética)
  • Isoimunização Rh: Em gestação anterior; Rh negativo e Coombs indireto positivo, em qualquer título; Rh negativo com feto apresentando achados ecográficos de anemia, após avaliação em emergência obstétrica
  • Condições clínicas de risco à gestação atual (fetais e maternas)
  • Condições clínicas de risco em gestação prévia (fetais e maternas)
  • Trombocitopenia (sem sinais de gravidade): com plaquetas < 100.000 células/mm³, em qualquer trimestre da gestação - suspeita de outras causas que não trombocitopenia gestacional
Vermelho

Fatores de risco que demandam encaminhamento imediato para emergência ginecológico-obstétrico

  • Crise hipertensiva
  • Suspeita de pré-eclâmpsia
  • Pré-eclâmpsia sobreposta à Hipertensão Crônica
  • Eclâmpsia
  • Anemia com sinais ou sintomas de gravidade (como dispnéia, taquicardia, hipotensão, etc.)
  • Sinais e sintomas sugestivos de abortamento em curso ou inevitável
  • Sífilis: Gestantes com alergia à penicilina (para dessensibilização) ou suspeita de neurossífilis por sinais ou sintomas neurológicos e/ou oftalmológicos
  • Toxoplasmose: gestantes imunossuprimidas com sintomas de toxoplasmose aguda/reativada ou suspeita de toxoplasmose com lesão de órgão alvo (coriorretinite, miocardite, meningoencefalite, pneumonite ou miosite)
  • Trombocitopenia na gestação (sinais de gravidade)
  • Isoimunização Rh: feto apresentando achados ecográficos de anemia

Fatores de risco que indicam encaminhamento para urgência/emergência obstétrica no mesmo dia (sem sintomas de gravidade)

  • IG ≥ 41 semanas confirmadas
  • Suspeita/diagnóstico de pielonefrite, infecção ovular ou outra infecção que necessite internação
APS: Atenção Primária à Saúde; AE: Atenção Especializada; CRAS: Centro de Referência de Assistência Social; CREAS: Centro de Referência Especializado de Assistência Social. 
Fonte: Adaptada de Nota Técnica 02/2018 - Atenção ao pré-natal na Atenção Básica. Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, 2019; Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

  • ¹ Gestação resultante de estupro: a interrupção da gravidez até a 20ª semana (ou até a 22ª semana quando o feto pesar menos de 500 g) é um direito previsto em lei. Encaminhá-la ao serviço de referência para atendimento a mulheres em situação de violência sexual. Gestação em menores de 14 anos se configura situação de crime estupro de vulnerável, a despeito de ter havido sexo consentido, ou seja, sem violência ou grave ameaça e mesmo que a vítima já seja sexualmente ativa. É obrigatório para os serviços de saúde a notificação no SINAN e a comunicação ao Conselho Tutelar e a autoridade policial do município. Na gestação resultante de estupro, Para mais informações consulte a Portaria nº 2.561/GM/MS, de 23 de setembro de 2020
  • ² Transtornos mentais graves que necessitam acompanhamento com especialista focal (como psicose, casos refratários de depressão, transtorno de humor bipolar) ou transtorno de humor bipolar com uso de álcool e outras drogas: referenciar para a Rede de Saúde Mental 
  • ³ Gestante com história prévia de tromboembolismo venoso (exceto se causado por fator transitório como trauma, imobilidade ou cirurgia): iniciar tratamento profilático na APS, enquanto aguarda consulta com serviço especializado
    • Enoxaparina 40 mg subcutâneo, 1 vez ao dia ou heparina não-fracionada 5000 UI subcutâneo, 2 vezes ao dia (a cada 12 horas)
  • Aumento de 30 mmHg na PAS e 15 mmHg na diastólica, fazer aferições de PA e consultas com maior frequência, rastreio de proteinúria (relação proteinúria/creatininúria em amostra isolada ou teste de fita)
  • Desvio de crescimento uterino
  • Infecção Urinária de repetição 
  • Vômitos constantes no 3º trimestre
  • Amniorrexe prematura: perda de líquido vaginal (consistência líquida, em pequena ou grande quantidade, mas de forma persistente), podendo ser observada mediante exame especular com manobra de Valsalva e elevação da apresentação fetal
  • Sintomas de colestase intra-hepática, como prurido importante de início entre o segundo e terceiro trimestres

Acompanhamento

As gestantes devem permanecer em acompanhamento na Atenção Primária à Saúde durante todo o tratamento na Atenção Especializada, avaliando a necessidade de intervenções durante esse processo.

Frequência das consultas

Devem ser realizadas no mínimo oito consultas de acompanhamento, intercalando entre consultas médicas (médico de Família e Comunidade ou generalista), e consultas de enfermagem (três consultas médicas, três consultas de enfermagem). Ao menos uma consulta odontológica deve ser realizada e uma consulta puerperal

Atenção: As consultas não têm limite de quantidade, elas devem ser realizadas de maneira intercalada até o nascimento da criança.

Se necessário, profissionais de outras áreas podem compor o acompanhamento.

Após o diagnóstico

1ª consulta: deve ser realizada pelo profissional com agenda disponível o mais breve possível, independente se médico ou enfermeiro

Até 12ª semana *

2ª consulta

Até 28ª semana

Mensal 

Intercaladas entre Enfermagem e Médica

Entre 28ª e 36ª semana

Quinzenal

Entre 36ª e 41ª semana

Semanal

* 2-3 semanas após a 1ª consulta.

  • Gestantes com algum risco: a frequência deve ser individualizada
  • Pai/parceria: oferecer pelo menos uma consulta individual, durante o pré-natal, para facilitar seu envolvimento no cuidado à gestante e posteriormente à criança, bem como a realização dos testes rápidos de sífilis, HIV, Hepatite B e C
  • Gestantes faltosas: recomenda-se visita domiciliar

Puerpério: Retorno a unidade de saúde de referência entre o 3º e 5º dia pós-parto (até 3 dias em caso de RN de risco).

  • Consulta médica de retorno (entre 42 a 60 dias após o parto para as mulheres que estão amamentando e 30 a 42 dias para as que não estão amamentando)

Atenção: Revisar a anticoncepção pretendida após o parto. O DIU (dispositivo intrauterino) pode ser uma opção no pós-parto imediato ou posteriormente.

Visitas domiciliares: recomendadas às famílias de gestantes e de crianças na primeira semana pós-parto e, após esse período, a periodicidade deve ser pactuada com a família a partir das necessidades e os fatores de risco e de proteção. Em todas as visitas domiciliares, é fundamental que o profissional de saúde saiba identificar sinais de perigo à saúde da mulher (incluindo sinais e sintomas de depressão pós-parto) e da criança.

  • Reforçar as medidas de promoção e proteção do aleitamento materno, como prevenção de mastites e tratamento de fissuras para manutenção da amamentação

Para o registro e monitoramento das consultas e controle dos exames solicitados/realizados na unidade de saúde, o e-Sus pode ser utilizado, bem como de forma complementar, as equipes podem estruturar uma planilha/tabela específica para auxiliar no controle dos prazos

Atenção: A planilha contém informações confidenciais. Deve ser armazenada de forma segura, com acesso restrito, minimizando os riscos de uso indevido das informações.

Para mais informações sobre a estratégia para reestruturar as informações da Atenção Primária em nível nacional acesse e-SUS na Atenção Primária à Saúde.

Exemplo de planilha

Exemplo de planilha

CNS: conselho nacional de saúde; CPF: cadastro de pessoa física; PNAR: pré-natal de alto risco; IG: idade gestacional; DUM: data da última menstruação; DPP: data provável do parto; TR: teste rápido.

Atenção: Busca ativa de gestantes faltosas e monitoramento daquelas que foram encaminhadas para Atenção especializada.

Não existe alta do pré-natal: o acompanhamento do ciclo gravídico puerperal encerra-se após a realização de ao menos 1 consulta de puerpério, que deverá ocorrer até o 20º dia pós-parto, preferencialmente uma semana após o parto (até 3 dias em caso de RN de risco). O seguimento pode ser prolongado de acordo com os riscos no período puerperal.

41ª semana: se o parto não ocorreu, encaminhar a gestante para a unidade de referência para avaliação do bem-estar fetal e assistência ao parto.

diário gravidez
Diário da gestante: plataforma digital, dinâmica do Ministério da saúde para acompanhar e registrar todas as fases da gravidez da mulher, orientá-la sobre o desenvolvimento do feto, direitos antes e depois do parto, dicas para gravidez saudável e cuidados com a saúde.

Encaminhamento para Atenção Especializada

Gestantes com suspeita de acretismo placentário, história de tromboembolismo prévio, hipertireoidismo, anemia grave, diabetes prévio à gestação, pré-eclâmpsia atual (após avaliação em emergência) ou histórico de pré-eclâmpsia em gestações anteriores, histórico ou incompetência istmo-cervical atual, hepatite B e C, HIV, infecção por Zika vírus tem preferência no encaminhamento.

Para qualificação do encaminhamento, discutir com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.

Outras situações clínicas, achados na história ou exame clínico, podem justificar a necessidade de encaminhamento à atenção especializada. Avalie individualmente. 

Oriente a paciente para que leve, na primeira consulta ao serviço especializado, o documento de referência com as informações clínicas e o motivo do encaminhamento, as receitas dos medicamentos que está utilizando, os exames complementares realizados recentemente e a caderneta da gestante.

O encaminhamento deve conter:

  • Idade gestacional (data da última menstruação ou ecografia precoce)
  • Descrição dos antecedentes obstétricos e/ou perinatais relevantes
  • Comorbidades
  • Tratamento medicamentoso e não medicamentoso 
  • Resultados de exames com data (priorizar os exames conforme a condição clínica que motivou o encaminhamento)
  • Número da teleconsultoria, se caso discutido com Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543

As cores ( ) são utilizadas para definir o nível de atenção onde o pré-natal será realizado. Consulte Estratificação de risco gestacional.

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco) 

  • Hipertensão crônica com qualquer um dos seguintes:
    • Lesão em órgão alvo 
    • Hipertensão grave 
    • Hipertensão leve a moderada em uso de dois ou mais fármacos anti-hipertensivos
    • Suspeita de hipertensão secundária. Consulte Hipertensão secundária na LC da HAS
    • Tabagismo
    • Idade materna ≥ 40 anos
    • Diabetes mellitus ou diabetes gestacional
    • Desfecho obstétrico prévio negativo 
    • Sinais de insuficiência placentária 
  • Hipertensão gestacional

Incluir no encaminhamento: valor das últimas duas aferições de PA.

Atenção: Suspeita de pré-eclâmpsia, eclâmpsia ou crise hipertensiva, encaminhar para Emergência obstétrica/Centro obstétrico.

Para maiores informações sobre hipertensão na gestação, consulte a LC da HAS no adulto e Condições especiais.

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco) 

  • DM na gestação (diagnóstico pré-gestacional ou glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL identificado na gestação)
  • DM gestacional e:
    • Necessidade de tratamento farmacológico para obter controle glicêmico adequado; ou
    • Gestante com hipertensão crônica

Incluir no encaminhamento: descrição de controle glicêmico após 2 semanas do tratamento não farmacológico (descrever o tratamento). 

Para maiores informações sobre Diabetes na gestação, consulte a LC do Diabetes tipo 2 no adulto e Condições especiais.

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco)

Traço falciforme: não há indicação de referenciar ao serviço especializado.

  • Diagnóstico de anemia falciforme ou outras hemoglobinopatias
  • Hemoglobina < 8 g/dL sem sinais ou sintomas de gravidade
  • Hemoglobina ≥ 8 g/dL e < 11 g/dL sem melhora após tratamento otimizado (120 a 180 mg de ferro elementar/dia até normalização dos níveis sanguíneos de hemoglobina, se anemia ferropriva)
  • Hemoglobina < 10 g/dL em pacientes com cirurgia bariátrica prévia

Atenção: Anemia com sinais ou sintomas de gravidade (como dispnéia, taquicardia, hipotensão, etc.) encaminhar para Emergência obstétrica/Centro obstétrico.

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco)

  • Suspeita de hipotireoidismo central (TSH normal ou baixo e T4 livre ou total baixo)
  • Hipotireoidismo primário usando mais de 2,5 mcg/kg de levotiroxina sem controle adequado
    • Encaminhamento para Endocrinologia: hipertireoidismo franco ou hipertireoidismo subclínico, afastada tireotoxicose gestacional transitório

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco)

Incluir no encaminhamento: número de abortos anteriores e idade gestacional em cada; história ou suspeita de incompetência istmo-cervical.

Atenção: Ligar para canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543 para suporte enquanto aguarda consulta no serviço especializado, para avaliar início de progestágeno em gestante com história prévia ou suspeita atual de incompetência istmo-cervical ou início de tratamento profilático em gestante com história prévia de tromboembolismo venoso.

Encaminhar para Infectologia (preferencialmente) ou Gastroenterologia (Hepatites virais).

  • Hepatite B diagnosticada por positividade de HBsAg ou teste rápido para hepatite B
  • Hepatite C confirmada por carga viral do vírus C

Atenção: A ausência ou indisponibilidade dos exames não deve retardar o encaminhamento.

Para mais informações consulte a página específica na Linha de cuidado das hepatites virais B e C.

  • Gestantes com HIV/Aids: Obstetrícia (Pré-natal de alto risco) 
  • Gestantes com HIV e imunossupressão grave e/ou outras coinfecções: Serviço de Assistência Especializada (SAE) em HIV/Aids (preferencialmente) ou Infectologia (quando não houver SAE de referência)

As gestantes diagnosticadas com HIV, a partir de qualquer metodologia de testagem, devem ter seu cuidado compartilhado entre Atenção Especializada e Atenção Primária à Saúde (APS) de acordo com a situação clínica e fluxos de referência e contrarreferência locais, sempre mantendo o vínculo na APS. Podem ocorrer variações conforme os protocolos municipais/estaduais de cuidado de gestantes vivendo com HIV.

Gestante com HIV/Aids

Fonte: Adaptado de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Para mais informações consulte a página específica na Linha de cuidado do HIV/Aids.

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco ou medicina fetal)

  • Se falha ao tratamento/suspeita de neurossífilis assintomática (títulos aumentam 4 vezes após tratamento apropriado, da gestante e das parcerias sexuais, com penicilina benzatina)
  • Achados ecográficos suspeitos de sífilis congênita

Atenção: Incluir no encaminhamento: se as parcerias sexuais foram adequadamente tratadas (descrever a medicação, posologia, datas). 

Para mais informações acesse Sífilis na gestação em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais.

Atenção: Gestantes com alergia à penicilina (para dessensibilização) ou suspeita de neurossífilis por sinais ou sintomas neurológicos e/ou oftalmológicos encaminhar para Emergência obstétrica/Centro obstétrico.

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco) 

Encaminhar para Dermatologia

Incluir no encaminhamento: descrição da lesão (localização, tamanho).

Atenção: Investigar outras ISTs (sífilis, HIV, hepatite B e C) em pessoas que apresentam condiloma acuminado.

Para mais informações acesse o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis.

Encaminhar para Centro Obstétrico/Emergência ginecológica

  • Gestantes imunossuprimidas com sintomas de toxoplasmose ou suspeita de toxoplasmose com lesão de órgão alvo (coriorretinite, miocardite, meningoencefalite, pneumonite ou miosite)

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco ou medicina fetal)

  • Suspeita ou diagnóstico de toxoplasmose gestacional

Atenção: Se suspeita ou diagnóstico de toxoplasmose, iniciar tratamento imediato enquanto aguarda consulta com serviço especializado.

Para mais informações acesse Telecondutas - Toxoplasmose na gestação.

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco ou medicina fetal)

  • Diagnóstico de infecção por vírus Zika

Encaminhar para Centro Obstétrico/Emergência ginecológica

  • Polidrâmnio sintomático (dor, dispneia)
  • Placenta prévia com sangramento
  • Oligoidrâmnio (para avaliação de bem-estar-fetal)
  • Crescimento intra-uterino restrito (para avaliação de bem-estar fetal)
  • Arritmia Fetal - Alterações cardiológicas
  • Síndrome de transfusão feto - fetal (gemelar)
  • Hérnia diafragmática congênita
  • Derrame pleural fetal
  • Brida amniótica
  • Adenomatóide cística
  • Válvula de uretra posterior
  • Sequência TRAP (gemelar)/ sequência de perfusão arterial reversa em gemelar

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco) 

  • Alterações no líquido amniótico
    • Oligodrâmnio (ILA ≤ 5 cm ou maior bolsão vertical (MBV) < 2 cm), após avaliação em emergência obstétrica; ou 
    • Polidrâmnio (ILA ≥ 24 cm ou maior bolsão vertical (MBV) ≥ 8 cm)
  • Alterações placentárias
    • Placenta prévia completa (oclusiva total), independente da idade gestacional; ou 
    • Placenta prévia parcial (com implantação baixa) em ecografia realizada em gestante com mais de 28 semanas de gestação; ou
    • Acretismo placentário ou situação de alto risco para essa condição (implantação placentária anterior sobre cicatriz de cesariana prévia); ou 
    • Inserção velamentosa do cordão ou vasa prévia
  • Alterações fetais
    • Suspeita de crescimento intrauterino restrito (feto abaixo do percentil 10 para idade gestacional), após avaliação em emergência obstétrica
  • Gestação gemelar

Encaminhar para Obstetrícia (Medicina fetal) ou Pré-natal de alto risco caso não tenha Serviço de Medicina fetal

  • Evidência ecográfica de fetos com malformações congênitas maiores ou sugestivas de prováveis doenças genéticas (microcefalia, higroma cístico, onfalocele, gastrosquise, etc); ou 
  • Ecografia obstétrica realizada entre 11 a 13+6 semanas com translucência nucal acima do percentil 95 para idade gestacional conforme o comprimento cabeça-nádega

Encaminhar para Centro Obstétrico/Emergência ginecológica

  • Isoimunização Rh com feto apresentando achados ecográficos de anemia

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco) 

  • Diagnóstico de isoimunização Rh em gestação anterior
  • Rh negativo e Coombs indireto positivo, em qualquer título
  • Rh negativo com feto apresentando achados ecográficos de anemia, após avaliação em emergência obstétrica

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco) 

  • Condições fetais
    • Gemelaridade; ou
    • Suspeita de crescimento intrauterino restrito por altura uterina, quando não houver ecografia disponível
  • Condições maternas
    • Infarto do miocárdio prévio ou cardiopatias graves
    • Pneumopatias graves
    • Nefropatias graves
    • Doenças hematológicas
    • Doenças neurológicas
    • Doenças autoimunes
    • Anormalidades uterinas congênitas e adquiridas
    • Deformidade esquelética materna grave


    • Desnutrição ou obesidade mórbida
    • Cirurgia bariátrica prévia até 1 ano antes da gestação ou histórico de cirurgia bariátrica com deficiência nutricional atual
    • Diagnóstico de neoplasia maligna atual (com exceção de neoplasia de pele não melanoma)
    • Suspeita de câncer de mama ou ginecológico
    • Tromboembolismo venoso prévio

Atenção: Se história prévia de tromboembolismo venoso (exceto se causado por fator transitório como trauma, imobilidade ou cirurgia) iniciar tratamento profilático na Atenção Primária à Saúde.

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco) 

  • Condições fetais
    • História de óbito fetal no 3º trimestre
    • História prévia de conceptos com malformações congênitas maiores
    • Doenças raras
  • Condições maternas
    • Desfecho obstétrico negativo
    • Acretismo placentário em gestação anterior
    • História de parto prematuro com menos de 34 semanas
    • Cesariana prévia com incisão uterina longitudinal

Incluir no encaminhamento: descrever se condição clínica materna ou fetal de risco em gestação prévia.

Encaminhar para Centro Obstétrico/Emergência ginecológica

  • Qualquer manifestação hemorrágica
  • Trombocitopenia assintomática e valor de plaquetas inferior a 30 mil/mm³
  • Citopenias com critérios de gravidade
  • Trombocitopenia associada a:
    • Aumento da pressão arterial (PA sistólica = 140 mmHg ou PA diastólica = 90 mmHg)
    • Presença de anemia hemolítica
    • Elevação de transaminases ou provas de função hepática
    • Perda de função renal (elevação de creatinina prévia, proteinúria)

Encaminhar para Obstetrícia (Pré-natal de alto risco) 

  • Trombocitopenia com contagem plaquetária < 100.000 células/mm³, em qualquer trimestre da gestação - suspeita de outras causas que não trombocitopenia gestacional

Incluir no encaminhamento: sinais e sintomas; história pessoal ou familiar de sangramento excessivo, púrpura trombocitopênica imune ou outra doença auto-imune.

Atenção: Trombocitopenia gestacional é a causa mais comum de plaquetopenia durante a gestação, aparece principalmente no terceiro trimestre, é assintomática e a contagem de plaquetas geralmente é acima de 100 mil. Não aumenta o risco de desfechos desfavoráveis para mãe ou feto, nem o risco de sangramento durante o parto.

Orientações complementares

Aspectos Gerais

  • Hábitos saudáveis 
  • Mudanças que ocorrem na gestação (exemplo: alterações de sono, de humor, temores em relação à sua saúde e a saúde do bebê, enjoos, ritmo intestinal, edema, manchas na pele, fadiga, ansiedade, alterações do corpo, nas mamas)
  • Sinais de risco em cada etapa da gravidez (ex. sangramento vaginal, sinais de parto, alterações da pressão arterial)

Atenção: Em gestantes adolescentes é fundamental envolver a família e a escola como elementos da rede de suporte social.

Orientações complementares

Medidas farmacológicas

A gestante não deve suspender nenhuma medicação de uso crônico até a primeira consulta pré-natal (anti-hipertensivos, anticonvulsivantes, antidepressivos entre outros) pois isso pode expô-la a riscos de descompensação de doenças em tratamento e gerar risco materno.

As medicações idealmente devem ser revisadas em consulta pré-concepcional. Quando isso não ocorrer, as medicações devem ser ajustadas e/ou substituídas na primeira consulta pré-natal.

  • Ácido fólico: deve ser empregado 30 dias antes da concepção e até o ­ final do primeiro trimestre de gestação 
  • Sulfato ferroso: deve ser empregado conforme resultado de hemograma e preventivamente a partir de 20 semanas e até o 3ª mês após o parto ou abortamento
  • Antitérmicos e analgésicos (como paracetamol e dipirona): podem ser empregados com segurança
  • Antiinflamatórios não-esteróides: devem ser evitados entre 28-34 semanas pelo risco de fechamento precoce do ducto arterioso 
  • Enoxaparina ou heparina não-fracionada: iniciar tratamento profilático na Atenção Primária à Saúde, enquanto aguarda consulta com serviço especializado em gestante com história prévia de tromboembolismo venoso (exceto se causado por fator transitório como trauma, imobilidade ou cirurgia) 
  • Suplementação de cálcio: gestantes com baixa ingestão de cálcio na dieta, devem maximizar a ingestão durante a gestação
  • Ácido acetilsalicílico: gestantes com diabetes mellitus tipo 1 ou 2 devem receber baixa dose de ácido acetilsalicílico até o final do primeiro trimestre de gestação para reduzir o risco de pré-eclâmpsia
  • Ácido acetilsalicílico: pacientes identificadas como de risco, iniciar em torno de 12 semanas, podendo ser mantido até o final da gestação
  • Suplementação de cálcio: gestantes com baixa ingestão de cálcio na dieta, devem maximizar a ingestão durante a gestação

Mulheres que apresentam pelo menos 1 fator de risco alto ou ≥ 2 fatores de risco moderados, deverão receber a profilaxia para pré-eclâmpsia.

Fatores de risco recomendados para a definição de pacientes com necessidade de profilaxia para pré-eclâmpsia
Risco considerado Apresentação clínica e/ou obstétrica

Alto

História de pré-eclâmpsia, principalmente acompanhada de desfechos adversos

Gestação múltipla

Obesidade (IMC > 30)

Hipertensão arterial crônica

Diabetes tipo 1 ou 2

Doença renal

Doenças autoimunes (Ex: Lúpus erimatoso sistêmico, síndrome antifosfolípide)

Moderado

Nuliparidade

História familiar de pré-eclâmpsia (mãe e/ou irmãs)

Baixo nível socioeconômico

Etnia afrodescendente

Idade ≥ 35 anos

História pessoal de baixo peso ao nascer

Gravidez prévia com desfecho adverso

Intervalo > 10 anos desde a última gestação

Baixo

Gravidez prévia de termo e sem intercorrências

Fonte: Pré-eclâmpsia/eclâmpsia (Protocolo n°01). Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão e Gravidez (RBEHG), 2020.

Para mais informações consulte condições especiais - HAS.

Orientações complementares

Náuseas ou vômitos

Náuseas ou vômitos que não necessitem de atenção urgente

  • Mais frequentes durante o primeiro trimestre, embora possam continuar durante toda a gestação
  • Oriente a evitar jejum prolongado, alimentar-se logo ao acordar, fazer refeições pequenas, leves, mais frequentes dando preferência a alimentos pastoso e secos e evitar comidas/cheiros que causam náuseas
  • Manter boa ingestão de água e outros líquidos 
  • Revise as medicações em uso
  • Consumo de camomila e acupressão (3 dedos acima do pulso em região anterior) podem ajudar. Se não melhorar, prescrever Ondansetrona 4 mg via oral até de 8/8 horas (preferencialmente) ou metoclopramida 10 mg via oral ou endovenosa de 8/8 horas  

Orientações complementares

Promoção da saúde

Realizar orientação para uma alimentação adequada e saudável conforme o Guia Alimentar para a População Brasileira e 10 passos para uma alimentação saudável (utilizar a Caderneta da Gestante).

Utilizar marcadores de consumo alimentar do SISVAN e Protocolos de uso do guia alimentar para a população brasileira na orientação alimentar:

  • Fazer a base da alimentação com alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias, como o arroz, feijão, verduras e legumes no almoço e jantar, e de frutas nos intervalos entre as refeições
  • Limitar o uso de alimentos processados e evitar o consumo de alimentos ultraprocessados
  • Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades
  • O feijão e outras leguminosas são ricos em fibras, proteínas e diversas vitaminas e minerais essenciais no período gestacional e são fontes de ferro - nutriente essencial para a prevenção de anemia ferropriva, comum entre gestantes. O consumo adequado de fibras e ferro está também associado a menor chance de desenvolver sobrepeso e obesidade, além de auxiliar em quadros de constipação intestinal
  • Oriente a ingestão, na mesma refeição do feijão ou outras leguminosas, de frutas cítricas (como laranja, acerola, limão e caju - ricas em vitamina C) e frutas ou legumes amarelo-alaranjados (como: mamão e manga e abóbora e cenoura - ricos em carotenóides, precursores da vitamina A). Isso é particularmente relevante para gestantes que não consomem carne (fonte importante de ferro)
  • O consumo de peixes na gestação é recomendado por conta dos ácidos graxos ômega-3 provenientes desses alimentos, essenciais para o desenvolvimento do cérebro fetal, melhor visão em bebês prematuros, bem como melhor saúde cardiovascular durante a vida
    • Priorizar peixes com alto teor de ácidos graxos ômega-3, como sardinha e salmão
  • Comer com regularidade, devagar, em ambientes apropriados 
  • Estimule a ingestão de água regularmente e com frequência (atenção aos sinais de sede) 
  • Consumo de cafeína: uma ingestão segura não deve ultrapassar 100 mg de cafeína, o que equivale a uma xícara de café ou chá com cafeína (como chá mate, chimarrão, chás preto e verde, etc.) por dia, preferencialmente sem a adição de açúcar ou com o mínimo possível
  • Bebidas ultra-processadas, como refrigerantes, bebidas energéticas com cafeína, bebidas com chocolate, outros chás adoçados e bebidas lácteas açucaradas devem ser evitados
  • A recomendação de cálcio para gestantes é de 1200 mg/dia, devendo ser atingida, preferencialmente, pela alimentação. Leite e derivados como o queijo e o iogurte natural são exemplos de alimentos fontes de cálcio e com boa biodisponibilidade desse nutriente
    • A suplementação de cálcio (1,5-2 g de cálcio elementar oral) é recomendada para reduzir o risco de pré-eclâmpsia em pacientes com história prévia da doença
  • Deve-se encaminhar ou referenciar para atendimento prioritário em outros níveis de atenção à saúde (atenção ambulatorial e/ou especializada) gestantes diagnosticadas com desnutrição
  • Não ingerir bebidas alcoólicas, em nenhuma dose, pois não há dose segura para o feto
  • Vísceras, como fígado, são alimentos fontes de ferro e vitamina A, nutriente essencial nessa fase da vida. Caso seja do hábito da pessoa, lembre-a da importância de incluir esses alimentos em uma refeição ao longo da semana
  • Higienização de legumes, verduras e frutas consumidos crus
    • Oriente que lavem as frutas, legumes ou verduras em água corrente e depois as coloque em uma solução de 1 colher de hipoclorito de sódio ou 1 colher de água sanitária própria para uso em alimentos para um litro de água, por 15 minutos. Após esse período, enxaguar em água corrente

Atenção: 

  • Nenhuma comida ou bebida aumenta ou reduz a produção de leite materno
  • A indicação de suplemento com múltiplos micronutrientes, vitamina A, B6, D, E, C não são recomendadas às mulheres grávidas e não são recomendadas para melhorar os resultados maternos e perinatais 
  • Adoçantes não são recomendados na gestação, deve-se priorizar o consumo de alimentos naturais ou minimamente processados para valorizar o sabor natural dos alimentos. Em gestantes com diabetes, os adoçantes não são essenciais para o controle glicêmico, mas podem ser utilizados com moderação. Deve-se dar preferência a esteviosídeo, sucralose, acessulfame-k e aspartame, dentro dos limites diários recomendados pela OMS e aceitos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Para mais informações sobre amamentação e alimentação complementar saudável acesse o Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos.

Para apoiar os profissionais de saúde na vigilância alimentar e nutricional, conheça o Marco de Referência e os Protocolos do SISVAN

Para saber mais acesse os relatórios públicos do estado nutricional e consumo alimentar de gestantes acompanhadas pelo SISVAN.

A atividade física e os exercícios durante a gravidez estão associados a riscos mínimos e promovem benefícios à saúde. Na grande maioria dos casos a atividade física resulta em melhor qualidade de vida durante a gestação, preparo para o trabalho de parto e prevenção de ganho de peso excessivo.

Gestantes de risco habitual devem ser incentivadas a praticar exercícios aeróbicos e de condicionamento de força diariamente por 30 minutos, com intensidade moderada. 

O início da atividade física pela primeira vez durante a gestação deve ser avaliado individualmente, dando preferência a exercícios de baixo impacto e intensidade. 

Exemplos de exercícios (considerados seguros e benéficos)

  • Caminhadas
  • Danças
  • Hidroginástica
  • Exercícios de alongamento
  • Exercícios aeróbicos
  • Exercícios de resistência (usando pesos, faixas elásticas)

Não há restrição para os exercícios físicos que a paciente já realizava antes da gestação, exceto se alguma situação de risco for identificada pelo pré-natalista (médico, enfermeiro) como:

  • Sangramento no primeiro trimestre
  • Contrações dolorosas prematuras no 2º e 3º trimestre
  • Risco de queda/trauma decorrente da atividade

Atenção: A restrição de atividades não deve ser prescrita de rotina com o objetivo de reduzir o risco de parto prematuro. O repouso absoluto raramente estará indicado pois contribui para ocorrência de fenômenos tromboembólicos, risco esse que já está aumentado na gestação.

Em locais onde está disponível, encaminhar para o Programa Academia da Saúde/ Ministério da Saúde. Os polos do Programa Academia da Saúde contam com infraestrutura apropriada, equipamentos e profissionais qualificados.

Para mais informações sobre recomendações para um estilo de vida ativo, considerando os ciclos de vida, gestantes e puérperas, pessoas com deficiência e educação física escolar, acesse o Guia de Atividade Física para a População Brasileira e a versão com Recomendações para Gestores e Profissionais de Saúde.

Durante a orientação das práticas corporais, é importante considerar hábitos de vida, preferências pessoais, condições socioeconômicas e práticas culturais. 

Práticas corporais que trabalhem aspectos envolvendo lazer, socialização, relaxamento, coordenação motora podem ser realizadas diariamente.

A acupuntura pode ser utilizada na gestação (alívio de náuseas no início da gravidez) na condução do trabalho de parto e no puerpério. Em unidades que contam com profissionais habilitados, pode ser considerada como uma oferta.

Para mais informações, acesse o Glossário temático: práticas integrativas e complementares em saúde e o Cadernos de Atenção Básica (n°32): Atenção ao Pré-natal de Baixo Risco.

A gestante deve ser encorajada a não fumar. O tabagismo aumenta a mortalidade perinatal.

Pode afetar a produção do leite e alterar o seu sabor, podendo interferir no ganho de peso da criança. A exposição, inclusive por fumo passivo, aumenta a chance de doenças respiratórias alérgicas. 

Para gestantes e nutrizes é indicado o aconselhamento estruturado para a cessação do tabagismo, sem utilizar tratamento medicamentoso.

Realize o Teste de Fagerström - Teste de Dependência à Nicotina.

A vacinação durante a gestação objetiva a proteção das gestantes e do feto.

O(a) parceiro(a), também deve atualizar o seu Cartão de Vacinação, bem como os demais membros da família.

Sempre que possível, considerar aplicações simultâneas na mesma visita, preferir vacinas combinadas.

Qualquer dose não administrada na idade recomendada, deve ser aplicada na visita subsequente.

Vacinas disponíveis nas Unidade de Atenção Primária à Saúde/Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE)

Recomendadas

Recomendadas em situações especiais

Contraindicadas

Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa1

Dupla adulto (difteria e tétano) – dT1

Hepatite B3 (gestantes suscetíveis) 

Influenza (gripe)

Hepatite A 

Pneumocócicas

Meningocócicas conjugadas ACWY/C

Febre amarela4

Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)² 

HPV

Varicela (catapora)

Dengue

1 A partir da 20ª semana.
2 Pode ser aplicada no puerpério e durante a amamentação.
3 Deve-se realizar a vacinação caso a gestante não tenha histórico de vacinação completa e se HBsAg não reagente.
4 Normalmente contraindicada em gestantes. Porém, em situações em que o risco da infecção supera os riscos potenciais da vacinação, pode ser administrada. É contraindicada em nutrizes até que o bebê complete 6 meses; se a vacinação não puder ser evitada, suspender o aleitamento materno por dez dias.

Atenção: O(a) parceiro(a) deverá fazer a dTpa para prevenção da coqueluche, simultaneamente com a gestante, no último trimestre, de preferência próximo a data provável de parto.

Para mais informações, acesse o Calendário Nacional de Vacinação.

Algumas vacinas podem estar especialmente recomendadas para pacientes portadoras de comorbidades ou em outra situação especial. Acesse Calendários de vacinação SBIm pacientes especiais.

Atenção: Revise as recomendações vigentes do Ministério da saúde para vacinação da Covid- 19 em gestantes.

Orientações complementares

Sofrimento mental

A detecção precoce de situações de sofrimento psíquico, permite o desenvolvimento de ações de prevenção, promoção e tratamento em saúde mental. A gravidez, parto e puerpério são períodos de grandes transformações psíquicas. 

Avalie e investigue sintomas como ansiedade, medo e humor deprimido, história prévia de depressão pós-parto, abuso físico, verbal e/ou sexual e história familiar de doenças psiquiátricas.

Todas as mulheres que estão considerando engravidar, estão grávidas ou no puerpério devem receber rastreamento para episódio depressivo atual.

Realizar a aplicação do questionário PHQ-9, composto por nove questões. Pontuação ≥ 9 indicam rastreio positivo para episódio depressivo.

Consulte a página de condições especiais-Gestante e puérperas na Linha de Cuidado da Depressão para mais informações.

Como avaliação complementar, a Escala de depressão perinatal de Edinburgh - EPDS  pode ser aplicada. Ela auxilia na identificação de depressão (teste de screening-não é diagnóstica). 

Pode ser aplicada no segundo ou terceiro trimestre da gestação e no primeiro ano após o parto.

  • Escore igual ou maior que 11: risco para o desenvolvimento da depressão perinatal
  • Escore entre 9 e 10: manter observação e repetir a EPDS em consultas subsequentes

Avalie a necessidade de encaminhamento para Atenção especializada em saúde mental/Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Em caso de dúvidas, discutir com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.

Orientações complementares

Orientações para o parto

Utilize uma linguagem clara, simples. Estimule a participação do parceiro(a) e família, esclarecendo dúvidas.

  • Planejamento para o plano de parto
    • Local, transporte, recursos necessários para a situações de risco gestacional
  • Sinais e sintomas de trabalho de parto
    • Contrações, dilatação, perda do tampão mucoso, perda de líquido ou sangue 
    • Oferecer informações sobre o que a mulher pode esperar na fase de latência do trabalho de parto e o que fazer se sentir dor, bem como diferenciar do trabalho de parto estabelecido 
  • Sintomas de complicações
  • Estímulo ao parto normal (se não houver contraindicação)
    • Preparo da gestante para o parto fisiológico, fases do trabalho de parto
    • Esclarecimento sobre condições que contraindicam a via vaginal com recomendação de cesárea preferencialmente entre 39-40 semanas, para reduzir risco de insuficiência respiratória neonatal
    • Estratégias farmacológicas e não-farmacológicas para alívio da dor do trabalho de parto 
  • Agendamento de visitação ao local do parto
  • Orientação quanto a importância da hidratação e alimentação da gestante durante trabalho de parto
  • Orientação quanto ao direito legal de permanência do acompanhante durante o trabalho de parto, parto e puerpério imediato
  • Cuidados após o parto, estimulando o retorno ao serviço de saúde, a importância das consultas puerperais, a realização da triagem neonatal até o 5º dia de vida do recém-nascido

Para mais informações acesse as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal.

Informar às gestantes de baixo risco sobre os riscos e benefícios dos locais de parto.

Apoiar a decisão das mulheres que optarem pelo parto em Centro de Parto Normal, se disponível na sua área de abrangência, e cientes dos riscos e benefícios desses locais.

O parto domiciliar não está disponível no Sistema Único de Saúde e não é recomendado pela ausência de condicionantes que garantam a prevenção dos riscos em possíveis complicações.

Assegurar acesso em tempo hábil e oportuno a um Hospital ou maternidade de referência, se houver necessidade de transferência.

Para mais informações sobre os fatores que indicam o planejamento do parto em um hospital ou maternidade de referência, acesse as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal.

Atenção: Idade gestacional a partir de 41 semanas confirmadas, a gestante deve procurar a unidade hospitalar/maternidade de referência.

Orientações complementares

Avaliação odontológica

Todas as gestantes devem realizar, pelo menos, uma consulta odontológica individualizada durante o pré-natal.

  • Avaliar as condições gerais de saúde
  • Realizar exame clínico odontológico 
  • Abordar assuntos sobre dieta, higiene bucal, profilaxia profissional, aplicação tópica de fluoreto
  • Sinais e sintomas de doença cárie e doença periodontal
  • Elaborar o plano preventivo-terapêutico
  • Incluir os dados na caderneta da gestante

1º trimestre: sugere-se evitar tomadas radiográficas.

2º trimestre: período mais adequado para a realização de intervenções clínicas e procedimentos odontológicos essenciais.

3º trimestre: momento de maior risco de síncope, hipertensão e anemia.

Alguns cuidados: evitar sessões prolongadas, posição totalmente reclinada, anestésicos que atravessem a placenta, agentes vasoconstritores.

  • Episódios de vômito no primeiro trimestre podem culminar em erosão ácida do dente. Avalie, e se necessário oriente o uso de pastas de dente específicas ou aplicação de flúor tópico para aliviar os sintomas de hipersensibilidade dentinária
  • Avalie e esclareça sobre alterações nos tecidos gengivais (ex. granuloma gravídico - alteração não-neoplásica nodular)

Para mais informações, acesse Saúde Bucal da Gestante: Acompanhamento Integral em Saúde da Gestante e da Puérpera.

Orientações complementares

Amamentação

Amamentar é um direito da mãe, e ser amamentada é um direito da criança.

Toda equipe da unidade de saúde deve preparar a mulher para o processo da amamentação, incluindo no aconselhamento à amamentação, pessoas significativas para a gestante. Ofertar materiais educativos, com ferramentas de apoio visual como figuras e bonecos.

Realizar o exame das mamas, para detectar situações que podem dificultar a amamentação:

  • Mamilos planos 
  • Mamilos invertidos 
  • Hipoplasia mamária
  • Mastopexia 
  • Verificar tamanho e comprimento do mamilo (alguns mamilos não encaixam na boca do bebê devido ao tamanho)

Orientar que mesmo nestas condições é possível amamentar.

Atenção: Não é recomendado preparo para as mamas. O uso de conchas, buchas, cremes e manobras para fortalecimento mamilar, é contraindicado.

Recomenda-se que a criança seja amamentada na primeira hora de vida (Hora de ouro) e por 2 anos ou mais. Nos primeiros 6 meses deve receber leite materno exclusivo. 

Amamentar por livre demanda (sempre que a criança pedir, sem hora marcada e sem tempo máximo em cada mama).

Durante o acompanhamento pré-natal é importante, independente da abordagem ser em grupo ou individual:

  • Reforce que o leite materno é o único que contém anticorpos e outras substâncias que protegem a criança de infecções comuns enquanto ela estiver sendo amamentada
  • Amamentar auxilia na prevenção de algumas doenças da mulher
  • É importante para o desenvolvimento infantil e o estabelecimento de laços afetivos
  • É importante para fortalecimento da musculatura orofacial
  • Amamentar não deve ser dolorido
  • Oriente quanto ao posicionamento e pega adequados
  • Oriente quanto às possíveis intercorrências e formas de resolver: Ingurgitamento mamário, fissuras, mastite
  • Oriente sobre as práticas que podem prejudicar a amamentação (oferecer mamadeira, chupeta, ingerir bebida alcoólica, tabagismo, etc)
  • Puérpera vivendo com HIV/Aids (o aleitamento materno contribui substancialmente para a transmissão vertical do HIV). Oriente que ela tem direito de receber fórmula láctea infantil pelo menos até a criança completar 6 meses. Inicie a orientação para o aleitamento artificial já durante o pré-natal
    • O aleitamento cruzado (amamentação da criança por outra nutriz), a alimentação mista (leite humano e fórmula infantil) e o uso de leite humano com pasteurização domiciliar são contraindicados
    • Orientar sobre o uso do preservativo durante a lactação. Se suspeita de infecção materna, a amamentação deve ser interrompida, realizar de testagem para HIV na mãe e no lactente para detecção precoce de infecção pelo HIV, avaliação para profilaxia pós-exposição (PEP) e acompanhamento da criança exposta

Acesse o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais.

Uso regular de álcool ou drogas ilícitas: não amamentar enquanto estiverem fazendo uso dessas substâncias. 

Avalie a possibilidade de encaminhamento da mulher para o serviço de referência da região (ex. Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas - CAPS-AD).

Em algumas situações o risco da droga versus o benefício da amamentação deve ser avaliado individualmente para orientar sobre o desmame ou a sua manutenção, assim como em situações de infecção, ou aplicação materna da vacina contra febre amarela, entre outros. Acesse o material sobre Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias

Recomendações sobre o tempo de interrupção da amamentação após uso de droga de abuso pela nutriz

Drogas

Período de interrupção da Amamentação

Álcool 

2 horas para cada dose* consumida 

Anfetamina e ecstasy

24 a 36 horas

Cocaína e crack

24 horas

Heroína e morfina

24 horas

LSD

48 horas

Maconha

24 horas

* Uma dose (14 g de álcool puro) = 350 mL de cerveja; 150 mL de vinho; 45 mL de destilado.

Fonte: Adaptado do Protocolo e Diretrizes de Atendimento em Aleitamento Materno. Ribeirão Preto: Secretaria Municipal de Saúde, 2020.

Mulheres tabagistas devem manter a amamentação, pois a suspensão da amamentação pode trazer riscos ainda maiores à criança. Os profissionais devem desencorajar o tabagismo, sempre que possível.

Técnica de amamentação: acesse o Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos.

Para mais informações acesse Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar.

Orientações complementares

Pré-Natal do Parceiro

Ofertar na primeira consulta do homem, adulto ou adolescente testagem para HIV, sífilis, hepatite B e hepatite C e vacinar o pai/parceiro conforme a situação vacinal encontrada.

O pré-natal do parceiro é uma estratégia que visa a participação do pai e melhora do vínculo familiar. Tem relevância no pré-natal, puerpério e período de amamentação. 

É uma oportunidade para que o parceiro avalie sua condição de saúde durante as consultas de pré-natal, como a prevenção e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), imunização e prevenção de doenças crônicas.

Fluxo da participação do homem
Fluxo da participação do homem

Fonte: Adaptado de Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

Para mais informações acesse o Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde.