IMC entre 25 e 49,99kg/m²
Planejamento Terapêutico
Avaliação inicial
A avaliação inicial inclui a confirmação diagnóstica (mensurar o grau de obesidade/obesidade central), a presença de comorbidades ou uso de , avaliação do risco cardiovascular (identificação de fatores de risco) e complicações do excesso de peso já existentes. Reavaliar a cada consulta clínica o surgimento de novas complicações.
Questionar e registrar:
- Motivo principal da consulta, (excesso do peso ou complicações do excesso do peso)
- História do ganho ponderal, tentativas prévias de emagrecer
- Prática de atividades física, comportamento sedentário
- História de transtornos alimentares
- Fatores precipitantes de recaída, caso tentativa prévia de perda de peso
- Motivação atual para perda de peso
A obesidade é uma doença negligenciada, a abordagem deve ser centrada no paciente e sua família, considerando as necessidades de saúde e o ambiente em que está inserido, construindo um plano de cuidado integral.
Os pacientes devem ser acompanhados por equipe multidisciplinar de forma integrada: médico, enfermeiro, nutricionista, fisioterapeuta, profissional da educação física, cirurgião dentista, psicólogo, de acordo com a necessidade individual e disponibilidade do serviço de saúde.
Consulta Médica
Quanto maior o IMC e a medida da circunferência abdominal, maior o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e mortalidade por todas as causas.
A consulta médica deve contemplar:
A consulta médica deve contemplar a avaliação de comorbidades e fatores de risco, pois podem estar relacionados com a obesidade:
- Síndrome de Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS): O risco da SAHOS pode ser predito pela medida da circunferência cervical na altura da cartilagem cricotireoideia, idealmente ajustada para fatores de risco. Destaca-se o fato de o tratamento da obesidade ser um dos principais componentes do tratamento da SAHOS. Para mais informações, consulte SAHOS
- Doenças cardiovasculares
- Dislipidemia
- Hipertensão arterial
- Diabetes
- Asma
- Doença do refluxo gastroesofágico
- Hérnia hiatal
- Doença hepática gordurosa não alcoólica
- Doença calculosa da vesícula biliar
- Incontinência urinária
- Gota
- Osteoartrite
- Câncer
- Insuficiência venosa crônica
- Infecções fúngicas
- Comportamento sedentário
- Tabagismo/Cessação do tabagismo
- Cálculo do IMC (peso e altura) e classificação do estado nutricional - na consulta de avaliação inicial e conforme planejamento terapêutico, definido pela equipe multidisciplinar
- Medida da circunferência abdominal, (melhor avaliação da distribuição da gordura corporal/intra-abdominal) - na consulta de avaliação inicial e conforme planejamento terapêutico, definido pela equipe multidisciplinar
- Pressão arterial com manguito adequado
- Frequência cardíaca
- Ausculta pulmonar e cardíaca para avaliação de doenças associadas
- Palpação de pulsos: assimetrias podem indicar doença arterial periférica
- Exame das extremidades: para avaliação de presença de feridas, hiperemia, edema ou doença vascular venosa
- Medida da circunferência do pescoço, quando suspeita de SAHOS
- Pesquisa de acantose nigricans
Algumas condições de saúde (isoladamente raras) podem estar associadas com ganho de peso e devem ser avaliadas na história clínica. Se suspeita clínica, realizar abordagem diagnóstica de acordo com cada caso.
- Doença endócrinas:
- Hipotireoidismo: pele seca, fria e descamativa, cabelos finos e secos, voz rouca, madarose, edema duro, presença de bócio
- Síndrome de Cushing: pletora facial, estrias violáceas no abdômen, face “em lua cheia”, pescoço em ogiva, petéquias, fragilidade capilar
- Ovários policísticos: sinais ao exame físico de hiperandrogenismo, ciclos menstruais anovulatórios e resistência insulínica. Destaque-se que a relação causa-efeito com a obesidade não está estabelecida
- Doenças psiquiátricas:
- Depressão
- Transtorno de estresse pós-traumático
- Transtornos de ansiedade
- Transtorno de humor bipolar
- Adição a drogas
- Transtornos alimentares (compulsão alimentar periódica e bulimia) podem estar associadas, entre outros sinais e sintomas, a ganho de peso, devendo ser avaliadas e tratadas quando identificadas
- Medicamentos: muitos medicamentos utilizados para tratamento de outras condições clínicas podem contribuir para aumento de peso em indivíduos suscetíveis, devendo ser avaliado o prejuízo versus o ganho para a saúde do paciente em tratamento
Fármacos Obesôgenicos
Antipsicóticos Atípicos |
Olanzapina, clozapina, rispedoridona |
Antidepressivos |
Amitriptilina, mirtazapina, paroxetina |
Estabilizadores de humor |
Carbonato de Lítio |
Glicocorticóides |
Prednisona |
Hipoclicemiantes |
Insulina, sulfoniluréias (glibenclamida, gliclazida MR) |
Anticonvulsivantes |
Fenitoína, ácido valpróico, gabapentina, carbamazepina |
Anti-histamínicos |
Principalmente 1ª geração |
- Doenças genéticas:
- Algumas síndromes genéticas raras estão associadas à obesidade precoce, como osteodistrofia hereditária de Albright, Prader-Willi, Bardel-Biedel e Alstrom, devendo ser acompanhadas conjuntamente com a Atenção Especializada
A solicitação de exames em pacientes com comorbidades deve ser guiada pela hipótese diagnóstica; contudo, sempre deverá incluir rastreamento para diabetes mellitus e dislipidemia.
Solicitar:
- Glicemia de jejum
- Perfil lipídico (colesterol total, HDL e triglicerídeos)
- Outros exames dependem de condições clínicas associadas
A relação cintura-estatura é um preditor melhor do que o IMC do risco de mortalidade e também de anos de vida perdidos para ambos os sexos.Sendo o ponto de corte 0,5 (a cintura deve ser menor que a metade da altura).
Em pessoas com obesidade, sem doenças cardiovasculares presentes, o Escore de risco global (ERG) de Framingham pode ser utilizado para estimativa de risco de desenvolver em 10 anos, eventos coronarianos, cerebrovasculares, doença arterial periférica ou insuficiência cardíaca (IC). Esta estimativa está baseada na presença de múltiplos fatores de risco, como sexo, idade, níveis pressóricos, tabagismo, HDLc e LDLc.
A obesidade sem comorbidades, representa no escore de Framingham um risco baixo/ intermediário. Entretanto, um IMC maior que 40 kg/m² pode predispor a risco de doença cardiovascular prematura.
IMC ≥ 30 kg/m², especialmente aqueles com obesidade central, deverão ter sua pontuação no escore multiplicada por 1,3.
Consulta de enfermagem
A abordagem deverá ser centrada no paciente, considerando sua individualidade e realidade do ambiente sócio-cultural em que está inserido. É importante engajar as pessoas que residem na mesma casa (familiares/cuidadores) nos processos de mudança.
Planejamento da assistência:
- Realize o processo de enfermagem: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação de enfermagem
- Abordar/orientar sobre o processo saúde/doença
- Revise exames solicitados ou solicite novos exames, conforme protocolo assistencial
- Identifique e auxilie no controle dos fatores de risco e estratificação do risco cardiovascular
- Auxilie na manutenção das metas de peso / IMC / circunferência abdominal, conforme plano terapêutico pactuado em equipe multidisciplinar na Atenção Primária
- Pese o paciente a cada consulta, registrando e comparando com os valores das metas estipuladas. Consulte
- Avalie os aspectos clínicos do paciente e sua motivação para a perda de peso - definindo a melhor estratégia de abordagem (individual ou coletiva)
- Fortaleça a modificação para hábitos de vida saudáveis: alimentação adequada e saudável, comportamento ativo, prática de atividade física, não fumar, não consumir bebidas alcoólicas
- Alguns pacientes não estão motivados para o tratamento. Evite julgamentos. Discuta com o paciente as complicações (potenciais ou já instaladas) e estimule o início do tratamento
- Revise os medicamentos em uso (indicação, doses, horários, efeitos desejados e colaterais)
- Identifique a presença de complicações, promovendo medidas de prevenção secundária
- Encaminhe/acompanhe a avaliação com cirurgião dentista anualmente e imunizações
- Estabeleça junto com a equipe, estratégias que possam favorecer a adesão ao tratamento e medidas de autocuidado (como automonitoramento do peso)
Individual | Coletiva |
Escuta individualizada e aprofundamento de questões pessoais |
Permite troca de experiência e apoio mútuo
|
Maior privacidade; abertura para expor dificuldades |
Menor privacidade: alguns usuários podem se sentir pouco à vontade para expor dificuldades |
Tratamento individualizado e construção de estratégias de cuidado focadas na pessoa |
Permite identificar problemas comuns dos participantes |
Atuação conjunta de diferentes profissionais quando realizado de forma compartilhada |
Facilita a atuação interdisciplinar |
Demanda maior tempo |
Proporciona maior troca de saberes |
Demanda espaço físico específico |
Otimiza o trabalho em relação ao tempo |
|
Possibilita trabalhar melhor a educação em saúde |
|
Pode ser conduzido em salas multiuso, espaços da comunidade (Ex.: igrejas, escolas, etc.) |
A alimentação é uma atividade familiar tradicional, com padrão alimentar (tipos de alimentos ingeridos e horários) comumente compartilhado entre as pessoas, assim como adoção de comportamentos de vida saudáveis. Use a influência familiar positiva para auxiliar nos processos de mudança.
Avalie o funcionamento da família a partir das dimensões do PRACTICE (exploração do Problema, dos papéis (Rules), do Afeto, da Comunicação, do Tempo no ciclo de vida, da história do adoecimento (iIlness history), da Comunidade e do ambiente (Environment) que envolvem a família.
Dimensões do PRACTICE
Dimensão e breve explicação | Ações para abordagem |
Problema
Reconhecer o problema a ser enfrentado, seus significados e efeitos para a família |
Escutar o que a família diz sobre a obesidade Qual o significado da obesidade para os membros da família (culpa? Vergonha?)? Quais os efeitos da obesidade na família (como lidam com determinadas situações, mudanças no cardápio)? |
Papéis
Identificar as diferentes funções dos membros da família, do problema e do profissional da saúde |
O que a pessoa com obesidade faz de diferente na família por causa de sua condição? Como cada membro da família pode agir para enfrentar a obesidade? O que a família espera do profissional de saúde? |
Afeto
Como a família se relaciona afetivamente entre si e com o profissional de saúde |
Mostrar empatia Autorizar a expressão de sentimentos Como é o envolvimento afetivo entre a pessoa com obesidade e os demais membros? |
Comunicação
Forma de se comunicar entre os membros da família e com o profissional de saúde |
Facilitar comunicação aberta Não deixar assuntos inacabados Desafiar alianças veladas |
Tempo no ciclo de vida
Qual a fase do ciclo de vida por que passa a família e como a obesidade afeta a transição |
Identificar a fase do ciclo de vida familiar Discutir a transição no ambiente familiar |
História do adoecimento
Como a família vê a obesidade (medos, crenças, padrão entre gerações) |
Abordar medos e crenças Abordar repetições de padrão |
Comunidade e seus recursos |
Existem espaços na comunidade que facilitam o enfrentamento da obesidade (locais para atividade física, grupos de controle do peso)? Como a família vê esses recursos? |
Ambiente |
As combinações para a redução de peso são dificultadas pelo ambiente externo (escola, trabalho)? |
- Pactue metas de cuidado com o paciente e família e avalie as metas estabelecidas a cada encontro
- Observe e acompanhe a cada retorno
- Avalie o grau de satisfação e engajamento do paciente ao tratamento
- Avalie e solicite o apoio de outros profissionais de saúde, de acordo com as necessidades de cada caso e recursos disponíveis (como psicólogo, nutricionista, assistente social, profissional da educação física, fisioterapeuta) e Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543
Para auxiliar no plano terapêutico, consulte a frequência de acompanhamento.
Avaliação Odontológica
É indicada a avaliação com cirurgião-dentista anualmente.
Não requer encaminhamento para avaliação em nível secundário. Se a unidade de APS não contar com cirurgião-dentista, o paciente pode ser referenciado para uma outra unidade de APS do município que tenha o profissional na equipe.
Idosos
Sempre considere uma avaliação multidimensional (clínica, psicossocial e funcional) que permita a compreensão ampliada e integral do estado de saúde do idoso.
Os pontos de corte de IMC adotados para a classificação do estado nutricional de idosos (pessoas com 60 anos ou mais) são classificados de modo distinto.
Classificação do estado nutricional para idosos (≥ 60 anos)
Índice antropométrico | Pontos de Corte | Classificação do estado nutricional |
---|---|---|
IMC | ||
≤ 22 kg/m² | Baixo peso | |
> 22 e < 27 kg/m² | Eutrófico | |
≥ 27 kg/m² | Sobrepeso |
Fonte: Adaptado de Cadernos de Atenção Básica nº 38, 2014.
As orientações terapêuticas sempre devem considerar as doenças crônicas, as deficiências sensoriais ou as limitações funcionais dessa população.
Funcionalidade: avaliar o grau de dificuldade e a necessidade de auxílio de outras pessoas para a realização das atividades da vida diária.
Alimentação: Os processos digestivos estão mais lentos nesta população, assim, recomenda-se o consumo de quantidades menores de alimentos por refeição. No caso de dificuldade mastigatória, dar preferência a alimentos bem cozidos, com consistência de papas ou purês.
Avaliar:
- Perda da autonomia para comprar os alimentos, inclusive financeira
- Perda da capacidade/autonomia para preparar os alimentos e para se alimentar
- Perda de apetite, diminuição da sensação de sede e da percepção da temperatura dos alimentos
- Perda parcial ou total da visão que dificulte a seleção, o preparo e o consumo dos alimentos
- Perda ou redução da capacidade olfativa, interferindo em seu apetite
- Avaliação de comorbidades, como diabetes mellitus, hipertensão arterial e hipercolesterolemia, para prescrição de dieta específica
- Alterações de peso recentes, com especial atenção à perda de peso involuntária: ≥ 2% de perda em 1 mês; ≥ 5% de perda em 3 meses; ≥ 10% de perda em 6 meses
- Dificuldade de mastigação por lesão oral, uso de prótese dentária / perda de dentes ou problemas digestivos
Para maiores informações, acesse: Orientações técnicas para a implementação de Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa no Sistema Único de Saúde e Alimentação Saudável para a pessoa idosa: um manual para profissionais de saúde, elaborados pelo Ministério da Saúde.
Prática de atividade física: identificar comorbidades e risco de quedas: presença de hematomas e fraturas prévias.
Dimensão psicossocial: avaliar aspectos relacionados à cognição, à memória, ao humor, aos comportamentos, bem como à dinâmica familiar.
Pode-se utilizar a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa: ferramenta que facilita a reconstituição do histórico clínico do idoso, suas condições de saúde, identifica hábitos de vida, contextos familiares, sociais e econômicos. O idoso ou responsável pelo cuidado deve carregar consigo a caderneta e sempre apresentar nas consultas/atendimentos.
Para mais informações acesse a Caderneta de saúde da pessoa idosa e o Manual para utilização da caderneta.
Gestantes
Ganho de peso excessivo durante a gestação e falta de perda de peso após o parto são importantes preditores de obesidade em longo prazo.
A avaliação do estado nutricional deve ser feita a cada consulta de pré-natal, através da medida do IMC por semana gestacional.
O Cartão de Saúde da Gestante é a melhor ferramenta para registro e monitoramento do ganho de peso durante a gestação e intervenção precoce caso seja identificado ganho de peso excessivo.
Importante: o IMC considerado no diagnóstico inicial da gestante deve ser o IMC pré-gestacional referido (limite máximo são dois meses antes) ou o IMC calculado a partir de medição realizada até a 13ª semana gestacional. Se isso não for possível, iniciar a avaliação dos dados da primeira consulta de pré-natal, mesmo que esta ocorra após a 13ª semana gestacional.
Se definido diagnóstico de sobrepeso e obesidade durante a gestação, considerar investigação de obesidade pré-gestacional, edema, polidrâmnio, macrossomia e gravidez múltipla.
As consultas para gestantes com excesso de peso devem ser remarcadas em intervalos menores que o fixado no calendário habitual de acompanhamento da gestante.
Realizar o cálculo de IMC e registro na curva de acompanhamento em todas as consultas.
Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação, segundo o estado nutricional inicial
Estado nutricional inicial (IMC) | Ganho de peso (kg) semanal médio no 2º e no 3º trimestre* | Ganho de peso (kg) total na gestação |
---|---|---|
Sobrepeso (25 a 29,9 kg/m²) | 0,28 (0,23 – 0,33) | 7 – 11,5 |
Obesidade (≥ 30 kg/m²) | 0,22 (0,17 – 0,27) | 5 - 9 |
Gestação Múltipla: No caso de gestação múltipla o ganho de peso total compreendido até 37-42 semanas de gestação deve ser entre 14 kg e 23 kg para mulheres com sobrepeso e entre 11 kg e 19 kg, para mulheres com obesidade. |
*Ganho de peso no primeiro trimestre entre 0,5 e 2 kg.
Para mais informações, consulte: Avaliação do estado nutricional da gestante, segundo o IMC, por semana gestacional.
No acompanhamento, além das questões biológicas e nutricionais, deve-se considerar o contexto familiar e a rede social em que ela está inserida.
Intervenções combinadas de alimentação adequada e saudável, atividade física e mudança de comportamentos são efetivas para a redução de ganho excessivo de peso durante a gestação, independentemente de faixa de IMC.
A atividade física deve ser recomendada individualmente: gestantes com excesso de peso e sem outras complicações, devem ser orientadas a praticar atividade física de baixo impacto, como caminhadas, durante todo o período da gravidez . Avaliar a presença de contraindicações à prática de exercícios aeróbicos ou de sinais de alerta para sua interrupção.
Oriente as mulheres com obesidade:
- Elas apresentam risco aumentado para complicações médicas, como doenças cardíacas, pulmonares, hipertensão arterial sistêmica na gestação, diabetes gestacional e apneia do sono
- A prática regular de exercícios durante a gestação pode reduzir alguns desses riscos
Contraindicações ao exercício aeróbico e sinais para interrupção
Contraindicações absolutas ao exercício aeróbico durante a gestação | Contraindicações relativas ao exercício aeróbico durante a gestação | Sinais de alerta para Interrupção do exercício físico durante a gestação |
---|---|---|
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|
|
Fonte: Adaptado de Cadernos de Atenção Básica nº 38, 2014.
Quando houver presença de comorbidades, encaminhar a gestante para Pré-natal de alto risco. Para mais informações, acesse a Linha de cuidado de Pré natal de alto risco.
Pós-parto
A redução de retenção de peso pós-parto pode ser obtida pela prática combinada de alimentação adequada e saudável, evitando o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, sódio e gorduras ou muito calóricos, e estimulando o aleitamento materno.
A atividade física pode ser reiniciada de 4 a 6 semanas após o parto, e prescrita de acordo com cada caso.
Deve-se ressaltar a importância do aleitamento materno (dar incentivo e apoio). A amamentação aumenta a demanda de energia diária nas mulheres e, por isso, pode facilitar o retorno ao peso pré-gestacional, principalmente se a amamentação for exclusiva.
Mulheres na menopausa
A menopausa tem grande impacto na composição corporal, como a diminuição da taxa metabólica ao repouso, diminuição da síntese de colágeno, perda de massa magra e aumento de gordura corporal total, principalmente a abdominal.
Assim, o estímulo e incentivo à realização de atividade física associada à alimentação adequada e saudável (principalmente a ingestão de alimentos ricos em cálcio), nesta fase do curso da vida, deve ser ainda mais incentivada.
Aspectos gerais
O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar. Demanda de múltiplas intervenções e envolvimento ativo do paciente.
Os pilares são: educação alimentar e nutricional, para provocar déficit calórico, estímulo à atividade física rotineira e à mudança do estilo de vida.
A base do sucesso do tratamento é a motivação para a perda de peso.
O tratamento deve ser centrado no paciente (e nos padrões familiares) e baseado nas suas necessidades de saúde. É importante determinar metas de perda de peso, objetivos de saúde e quais serão as estratégias de intervenção.
As intervenções que visam um grupo ou comunidade específica (indígenas, quilombolas) devem considerar a diversidade de práticas sociais e comunitárias em relação à alimentação, atividade física e sobrepeso, bem como circunstâncias socioeconômicas, que podem diferir dentro de diferentes grupos.
As metas devem ser viáveis, realistas, respeitando os limites individuais. Pequenas reduções do peso (5 a 10%) já estão associadas a melhora das patologias associadas.
As intervenções para perda de peso devem partir do racional de alterar o equilíbrio de ingestão e gasto energético, no sentido de fazer um balanço calórico negativo. Neste processo toda a equipe multidisciplinar deve estar envolvida.
- Alguns pacientes não estão motivados para o tratamento. O profissional de saúde deve evitar julgamentos
- Discuta com o paciente as complicações (potenciais ou já instaladas) e estimule o início do tratamento
- A perda de peso é indicada para todas as pessoas com excesso de peso
- A meta terapêutica é a redução de, pelo menos, 5 a 10% do peso basal em 3 a 6 meses, devendo o paciente ficar no menor peso saudável possível
- É importante saber que, mesmo o paciente permanecendo com sobrepeso ou obesidade, após esta redução, melhorias em níveis pressóricos, glicêmicos e de triglicérides são identificadas, bem como melhora no funcionamento físico e mobilidade, redução de incontinência urinária, apneia do sono, depressão e qualidade de vida
- Perda de peso bem sucedida = manutenção de uma perda de peso igual ou superior a 5% do peso inicial/basal após 1 ano (melhorias significativas nos parâmetros cardiometabólicos)
Identificação e acolhimento dos indivíduos com excesso de peso/obesidade nos diferentes pontos de Atenção Primária à Saúde: busca ativa, demanda espontânea, demanda programada
- Realizar ações de vigilância alimentar
- Reavaliar a cada atendimento a resposta ao tratamento e estratégia de abordagem (grupal, individual)
- Avaliar apoio do Telessaúde Brasil Redes (0800 644 6543) e do Núcleo Ampliado de Saúde da Família
- Avaliar encaminhamento para Atenção Especializada conforme critérios de encaminhamento
Medidas de alimentação e nutrição
O principal objetivo é que a ingestão total de energia seja menor que o gasto energético, dentro de um padrão alimentar saudável, atrativo para o paciente e de acordo com sua realidade e cultura. A redução do consumo energético, no entanto, deve ser pautada principalmente por melhorias qualitativas na alimentação, principalmente no que tange ao consumo de alimentos ultraprocessados.
- Recomenda-se uma restrição de 500 a 1.000 kcal/dia do gasto energético estimado
- Realizar no mínimo 3 refeições por dia
- Preferir ambientes tranquilos, sem pressa ou fatores que tirem o foco (televisão, celular, computador)
O acrônimo RASO pode auxiliar na perda de peso:
Reduzir o tamanho das porções, o consumo de açúcar, óleo e sal
Adicionar água, legumes e verduras cruas, frutas, alimentos com fibras
Substituir alimentos ultraprocessados por alimentos in natura ou minimamente processados – frituras por grelhados, bebidas açucaradas por água, sobremesa por frutas, pão branco por pão integral, comidas prontas por preparações culinárias
Observar se come rapidamente, sem mastigar direito, situações nas quais come alimentos em maior quantidade ou alimentos mais calóricos, com que frequência se alimenta
O consumo de álcool deve ser sempre desestimulado.
O Guia Alimentar para a população brasileira reforça a mistura “Arroz com feijão” como a base da alimentação.
Para mais informações, acesse o Guia Alimentar para a população Brasileira e Alimentação cardioprotetora: manual de orientações para profissionais de saúde da Atenção Básica, que apresenta o consumo dos grupos alimentares conforme a lógica das cores da bandeira.
Para melhor implantação do Guia, acesse o Manual instrutivo: implementando o guia alimentar para a população brasileira em equipes que atuam na Atenção Primária à Saúde desenvolvido para as equipes que atuam na atenção primária à saúde.
Incentive o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias em vez de .
Fonte: Adaptado de Guia Alimentar para a População Brasileira, 2014; OMS, 2018; Manual de diretrizes para o enfrentamento da obesidade na saúde suplementar brasileira, 2017.
Para mais informações sobre uma alimentação adequada e saudável acesse o aplicativo Armazém da Saúde.
Consulte a classificação dos alimentos segundo extensão e grau de processamento.
A avaliação de marcadores de consumo alimentar propõem a avaliação de alimentos consumidos no dia anterior.
Para mais informações, acesse as Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na Atenção Básica (2ª edição) e Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Sobrepeso e Obesidade em adultos.
Prática de Atividade física/exercício físico
A prática de atividade física é essencial para a saúde mental e física, por diminuir os fatores de risco para doenças cardiovasculares e outras doenças. Ele contribui para a perda de peso, quando associado a melhora na alimentação, sendo também um dos principais determinantes para a manutenção da perda de peso em longo prazo.
- Recomenda-se a prática de atividade física de pelo menos 150 minutos distribuídos ao longo da semana sem permanecer mais do que dois dias sem atividade com benefícios adicionais para maiores durações (ex. 3x de 50 min; 5x de 30 min)
- Iniciar com intensidade moderada
- Exercícios físicos combinados (aeróbicos e resistidos)
- Recomenda-se realizar 2 vezes por semana ou mais atividades para fortalecimento muscular. Em pacientes com mobilidade reduzida(idosos) melhora o equilíbrio e previne quedas
- Pode ser realizada individualmente ou em grupos pequenos para melhor adesão
Durante a orientação das práticas de atividade física nos pacientes com sobrepeso e/ou obesidade, é importante considerar hábitos de vida, preferências pessoais, condições socioeconômicas e práticas culturais.
Alguns pacientes podem não conseguir realizar a atividade física de forma contínua por um tempo prolongado - oriente fracionar em sessões de no mínimo dez minutos progredindo para um tempo maior.
O aumento da intensidade deve ser avaliado ao longo do programa de treinamento considerando a capacidade física do paciente conforme sua percepção de esforço:
Oriente o paciente a usar o “teste de fala ou conversação” durante a atividade física - ele deve conseguir sustentar uma fala sem parar para respirar devido ao esforço físico.
Em locais onde está disponível, encaminhar para o Programa Academia da Saúde/ Ministério da Saúde. Os polos do Programa Academia da Saúde contam com infraestrutura apropriada, equipamentos e profissionais qualificados.
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde como yoga, auriculoterapia, Tai Chi Chuan e meditação são ferramentas úteis para redução do estresse, podendo auxiliar no manejo da obesidade/sobrepeso.
Em unidades que contam com profissionais habilitados, podem ser consideradas como uma oferta.
Para mais informações, acesse a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS.
Suporte psicológico
As abordagens psicológicas devem respeitar a individualidade dos pacientes, reconhecendo a importância e a complexidade do ambiente obesogênico, sem culpabilização.
Promover apoio e empoderamento para o autocuidado, objetivando a perda de peso com modificações de longo prazo no comportamento do paciente.
Recomenda-se o suporte psicológico baseado em abordagem cognitivo-comportamental.
Podem ser feitas individualmente ou em grupo (a eficácia das duas é semelhante), respeitando a individualidade e disposição para a perda de peso do paciente.
De acordo com disponibilidade local, o profissional de psicologia deve fazer parte da equipe, para manutenção de tratamentos adequados, através de consultas compartilhadas.
Aconselhamento diretivo e centrado no paciente.
O objetivo central é, por meio da conversa, aumentar a motivação para a mudança de comportamento (expressar empatia, desenvolver discrepância, acompanhar a resistência e promover a auto eficácia).
Diagrama da Entrevista Motivacional
Adaptado de: Brasil. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica, 2014.
Para mais informações, acesse o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Sobrepeso e Obesidade em adultos.
É uma terapia breve, caracterizada por sessões semi estruturadas.
Tem caráter educativo e orientada para metas.
É um trabalho colaborativo, com a participação ativa do profissional da saúde (treinado e habilitado) e do paciente.
Busca identificar pensamentos automáticos/disfuncionais e seus desencadeantes, para corrigi-los, por meio da análise lógica e foco na implementação de estratégias para controle do peso e prevenção de recaídas.
Adaptado de: Brasil. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica, 2014.
Exemplo de técnica empregada pela TCC
Situação: Carla, ao se inscrever na Academia da Saúde, recebe uma crítica de uma colega, tem o pensamento automático: “Eu falei, elas iriam rir de mim”, então se sente triste.
Técnica | Testar a veracidade dos pressupostos básicos que a pessoa tem sobre si, o mundo e o futuro |
Proposta | Convidar Carla a desafiar os pensamentos automáticos, avaliar as provas a favor e contra, e chegar a um pensamento real e mais lógico |
Como fazer | Orientar Carla a avaliar o conteúdo real da crítica e que provas que tem (prós e contras) visando avaliar a utilidade do pensamento automático que lhe foi sugerido |
Para mais informações, acesse o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Sobrepeso e Obesidade adultos.
O componente central do MT para a mudança de comportamentos está em estágios de mudança.
São quatro pilares: estágios de mudança, equilíbrio de decisões, autoeficácia, processos de mudança.
A classificação em estágios pode auxiliar na identificação das estratégias adotadas para cada estágio de mudança, na organização de grupos (definir qual grupo o paciente melhor se encaixa de acordo com sua disposição para mudança), bem como ser um indicador dos efeitos das intervenções(se ele permanece no mesmo grupo ou não).
Estágios de mudança
Representam a motivação da pessoa com obesidade para reduzir peso. São eles:
- Pré-contemplação – a pessoa não pretende reduzir peso nos próximos 6 meses
- Contemplação – pessoa pretende reduzir peso nos próximos 6 meses, mas ainda não faz planos concretos para o próximo mês
- Preparação ou Decisão – pessoa pretende reduzir peso nos próximos 30 dias
- Ação – pessoa já adotou mudanças de comportamento visando o peso saudável, mas há pouco tempo (menos de 6 meses)
- Manutenção – pessoa já adotou mudanças de comportamento visando o peso saudável há 6 meses ou mais
Para mais informações sobre a classificação dos estágios de mudança e a intenção para perda de peso, acesse o Instrutivo para Manejo da obesidade no Sistema Único de Saúde.
Para mais informações acesse os Cadernos de Atenção Básica nº 38: Estratégias para o Cuidado da Pessoa Com Doença Crônica - Obesidade.
Controle das comorbidades
Durante intervenções específicas para a obesidade, as comorbidades como hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia, diabetes mellitus (DM) e outras condições devem ser acompanhadas de forma rigorosa, monitorando a necessidade de ajustes medicamentosos, especialmente nos anti-hipertensivos e para controle do DM, evitando sinais de hipotensão e/ou hipoglicemias.
Metas terapêuticas
As metas devem ser estabelecidas conforme avaliação de risco cardiovascular. Consulte estratificação do risco cardiovascular.
Valores referenciais (adultos) conforme avaliação do risco cardiovascular estimado
Lípides | Categoria de risco | Metas: em jejum (mg/dL) |
---|---|---|
Colesterol total | Para todos | < 190 |
HDL-c | Para todos | > 40 |
Triglicérides | Para todos | < 150 |
LDL-c* | Baixo | < 130 |
Intermediário | < 100 | |
Alto | < 70 | |
Muito Alto | < 50 |
LDL-c: Colesterol da lipoproteína de baixa densidade;* Valores para LDL-c calculado pela fórmula de Martin.
Fonte: Adaptado da Atualização da Diretriz Prevenção Cardiovascular, Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2019.
A HAS é uma condição clínica multifatorial, geralmente não associada a sintomas, caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos sistólicos ≥ 140 mmHg e/ou diastólicos ≥ 90 mmHg.
Semáforo da Pressão arterial (PA)
Vermelho
- Alerta: Hipertensão = PA ≥ 140/90 mmHg
Amarelo
- Atenção: Pré-hipertensão = PA entre 121-139/81-89 mmHg
Verde
- Livre: Normal = PA ≤ 120/80 mmHg
A HAS divide-se em três estágios que guiam o manejo terapêutico
PAS | PAD | |
---|---|---|
Hipertensão estágio 1 | 140 - 159 | 90 - 99 |
Hipertensão estágio 2 | 160 - 179 | 100 - 109 |
Hipertensão estágio 3 | ≥ 180 | ≥ 110 |
A abordagem terapêutica da pressão arterial (PA) elevada inclui medidas não medicamentosas e o uso de fármacos anti-hipertensivos, a fim de reduzir a PA, proteger órgãos-alvo, prevenir desfechos cardiovasculares e renais.
Para mais informações acesse a Linha de cuidado da HAS.
O DM tipo 2, costuma ser assintomático, com manifestações geralmente na idade adulta, após os 40 anos, com evolução lenta dos sintomas e possibilidade de complicações tardias da doença (renais, oftalmológicas e neuropáticas). Geralmente ocorre em pessoas com excesso de peso, comportamento sedentário, com hábitos alimentares não saudáveis e história familiar de diabetes.
Os pilares do tratamento do diabetes são a orientação nutricional, a prática de atividade física e uso correto de medicações.
Manter as metas glicêmicas e iniciar o tratamento precoce melhoram o prognóstico.
Metas glicêmicas (Sociedade Brasileira de Diabetes)
- Glicemia de jejum < 100 mg/dL
- Glicemia pós-prandial < 160 mg/dL
- Hemoglobina glicada (HbA1c) < 7.0%
Metas menos rigorosas (HbA1c < 8%) devem ser consideradas quando:
- História de hipoglicemia grave
- Expectativa de vida limitada
- Complicações microvasculares ou macrovasculares avançadas
- Insuficiência renal ou hepática (predispõem hipoglicemia)
- Longa duração do diabetes com inadequado controle metabólico por longos períodos
- No idoso HbA1c entre 7,5% e 8,5% dependendo do estado de saúde. Para mais informações consulte Condições especiais
Para mais informações acesse Linha de cuidado do DM tipo 2
O hábito de fumar é comprovadamente prejudicial à saúde, por isso os pacientes devem ser questionados em todas as consultas sobre o consumo de cigarros. Uma vez identificado um fumante, a disposição para o abandono deve ser avaliada e estimulada. Programas que visam o abandono do tabagismo e a perda de peso em conjunto podem ser mais efetivos. Nestes casos, a terapia com bupropiona pode ser uma alternativa.
Para mais informações acesse o Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas do tabagismo.e a Linha de cuidado do Tabagismo
Tratamento farmacológico
Tratamento cirúrgico
O tratamento clínico prévio longitudinal é obrigatório por um período de dois anos, exceto para pacientes com IMC ≥ 50 kg/m².
Há indicação de encaminhamento para tratamento cirúrgico da obesidade nas seguintes situações:
- Paciente com IMC maior ou igual a 50 kg/m²: encaminhar diretamente para cirurgia, independente do tempo de tratamento prévio
- Paciente com IMC entre 40 e 49,99 kg/m² independente da presença de comorbidades
- Paciente com IMC entre 35 e 39,99 kg/m² com alguma das seguintes comorbidades: risco cardiovascular maior que 20% em 10 anos, doença cardiovascular, hipertensão arterial de difícil controle, diabetes mellitus de difícil controle, síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (apneia do sono) ou doença articular degenerativa
Fase pós-operatória: realizar acompanhamento compartilhado com a Atenção Especializada. O atendimento na APS deve ser mantido para potencializar a oferta dos cuidados:
- Auxílio na reintrodução da dieta nos pós-operatório, com orientação da progressão da dieta líquida até dieta normal
- Monitoramento para evitar
- Orientação na finalização da evolução dietética, bem como o adequado balanceamento nutricional
- Acompanhamento da adesão à suplementação nutricional prescrita
Nos casos em que a equipe de Atenção Especializada não se localize no mesmo município, a ferramenta de teleconsultoria pode ser utilizada. Telessaúde Brasil Redes (0800 644 6543).
Abordagens coletivas
As abordagens coletivas comportamentais favorecem a redução de medidas antropométricas, tanto quanto as abordagens individuais. Depende das condições clínicas e da motivação do paciente, da disponibilidade dos serviços e profissionais.
Sempre que possível a abordagem de primeira escolha deve ser coletiva.
Pacientes que não estão motivados para perder peso, devem iniciar em umaabordagem individual, bem como pacientes que estão retornando da Atenção especializada pós cirurgia bariátrica.
A composição do grupo deve buscar semelhança entre os participantes (mesmas necessidades e interesses).
Para melhor estabelecer os grupos, realize o diagnóstico da unidade (disponibilidade de profissionais, estrutura física) e necessidade dos pacientes.
Para mais informações sobre a estratificação de grupos para manejo da obesidade, acesse o Instrutivo para manejo da obesidade no SUS.
A frequência dos encontros depende do estágio em que o paciente se encontra (clínico e motivacional), sua disponibilidade, assim como da disponibilidade de profissionais e recursos da unidade.
Para intervenções mais intensivas podem ser realizados encontros semanais no primeiro mês, seguidos de encontros quinzenais até o 6º mês.
Para grupos de manutenção encontros quinzenais nos primeiros 2 meses, mensais no 3º e 4º mês e bimensais no 5º e 6º mês.
Recomenda-se grupos em média de 20 participantes com duração de 40 a 60 minutos.
Registre em prontuário a evolução individual de cada paciente, reavaliando sua resposta ao tratamento e a estratégia de abordagem.
O grupo pode ser conduzido por distintos profissionais da equipe conforme disponibilidade (enfermeiro, nutricionista, psicólogo, médico, profissional da educação física).
O foco é a mediação dos processos de mudanças necessárias.
Algumas metodologias podem ser utilizadas, como a Terapia cognitivo-comportamental, Entrevista Motivacional, Método Clínico Centrado na Pessoa, Modelo transteórico e a problematização ou o empoderamento.
Para o sucesso das ações
- Promova a escuta ativa e próxima, fortalecendo vínculos entre os integrantes do processo
- Identifique as diferentes formas de saberes e práticas
- Oportunize a construção partilhada de saberes, práticas e soluções usando exemplos
- Valorize o conhecimento e a cultura alimentar saudável dos pacientes
- Realize o monitoramento constante dos resultados
- Oportunize a formação de uma rede entre profissionais e serviços (Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543, consulta compartilhada quando disponível)
Para informações complementares acesse o Instrutivo: metodologia de trabalho em grupos para ações de alimentação e nutrição na atenção básica.
Individual | Coletiva |
Escuta individualizada e aprofundamento de questões pessoais |
Permite troca de experiência e apoio mútuo
|
Maior privacidade; abertura para expor dificuldades |
Menor privacidade: alguns usuários podem se sentir pouco à vontade para expor dificuldades |
Tratamento individualizado e construção de estratégias de cuidado focadas na pessoa |
Permite identificar problemas comuns dos participantes |
Atuação conjunta de diferentes profissionais quando realizado de forma compartilhada |
Facilita a atuação interdisciplinar |
Demanda maior tempo |
Proporciona maior troca de saberes |
Demanda espaço físico específico |
Otimiza o trabalho em relação ao tempo |
|
Possibilita trabalhar melhor a educação em saúde |
|
Pode ser conduzido em salas multiuso, espaços da comunidade (Ex.: igrejas, escolas, etc.) |
As etapas e atividades do planejamento de ações coletivas para o cuidado da pessoa com obesidade (preparação da equipe, registro e divulgação do planejamento, público-alvo, periodicidade de encontros, horário, local, divulgação, materiais, avaliação) podem ser acessadas no Instrutivo para manejo da obesidade no SUS.
Adesão e autocuidado
Frequentemente as dificuldades dos pacientes na perda de peso estão relacionadas a expectativas irreais (perder muito peso em pouco tempo), descontinuar o tratamento após emagrecimento inicial ou quando comete algum abuso alimentar.
- A atuação da equipe multiprofissional com empatia promove melhor adesão ao tratamento do sobrepeso e obesidade
- Discuta sobre a motivação do paciente para a perda de peso
- Entenda a dinâmica das relações familiares na adesão ao tratamento (quem prepara as refeições; onde são feitas, se em casa, no trabalho ou em restaurantes; quem compartilha as mesmas refeições), engaje a família no processo de perda de peso e mudança de hábitos
- Valorize a cultura alimentar local, explorando os saberes e a realidade social do paciente
- Converse sobre o peso desejado ao final do tratamento, a velocidade de perda de peso esperada, as possíveis consequências físicas e psíquicas da perda de peso,reforçando a importância de estabelecer metas e prazos factíveis
- Realize aferição do peso e cálculo do IMC em todos os encontros (coletivos e individuais). Consulte
- Oriente o paciente, conforme disponibilidade, o automonitoramento de peso com medidas semanais ou mais frequentes
- Promova ações individuais e/ou em grupo de acordo com as características de cada paciente e possibilidade de oferta da unidade para proporcionar o engajamento ao tratamento
- Utilize recursos educativos para orientar, motivar e educar o paciente e família
- Evite a estigmatização das pessoas com obesidade, as consequências são um aumento dos transtornos alimentares, bem como aumento da depressão, ansiedade e isolamento, além de causar o distanciamento do paciente dos serviços de saúde
Fonte: adaptado de Cadernos de Atenção Básica, nº 35, 2014.
Para mais informações sobre a Educação para o autocuidado, como avaliar os estágios de motivação e estabelecer estratégias para a mudança, acesse Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica (Cadernos de Atenção Básica, nº 35).
Frequência de acompanhamento
Como em outras doenças crônicas, o seguimento de longo prazo é recomendado para pacientes com obesidade, pela elevada chance de recorrência após a perda de peso.
A frequência de acompanhamento pode ser alterada de acordo com o estado clínico e as necessidades do indivíduo, assim como o formato da abordagem (grupal ou individual).
As abordagens coletivas, possibilitam encontros mais frequentes sem sobrecarregar as demandas da unidade.
Recomenda-se um intervalo mensal entre as abordagens, se possível e conforme disponibilidade de profissionais, do paciente e dos recursos da unidade, as abordagens coletivas podem ter intervalos mais frequentes nos primeiros 6 meses.
Os pacientes devem ser acompanhados longitudinalmente por 2 anos e, se necessário, encaminhar para avaliação de tratamento cirúrgico (exceto pacientes com IMC ≥ 50).
É recomendada pelo menos uma avaliação médica anual para pacientes sem comorbidades. Se apresentar comorbidades, a frequência de retornos deve ser definida conforme as metas terapêuticas.
Após a perda de peso, a manutenção deve ser acompanhada nas consultas de rotina, de modo a evitar o reganho de peso.
Identificação e acolhimento dos indivíduos com excesso de peso/obesidade nos diferentes pontos de Atenção Primária à Saúde: busca ativa, demanda espontânea, demanda programada.
- Realizar ações de vigilância alimentar
- Reavaliar a cada atendimento a resposta ao tratamento e estratégia de abordagem (grupal, individual)
- Avaliar apoio do Telessaúde Brasil Redes (0800 644 6543) e do Núcleo Ampliado de Saúde da Família
- Avaliar encaminhamento para Atenção Especializada conforme critérios de encaminhamento
Imunização
Vacina influenza: indicada anualmente.
Para mais informações, acesse o Calendário de vacinação para pacientes especiais-SBIM.
Imunização
Vacina influenza: indicada anualmente.
Para mais informações, acesse o Calendário de vacinação para pacientes especiais-SBIM.
Registro de monitoramento de atividades
Contribuem para o aprimoramento do cuidado integral. Além de serem importantes para que o trabalho realizado na unidade de saúde seja contabilizado nos indicadores de saúde do país, fortalecendo as políticas públicas e o Sistema Único de Saúde (SUS).
Sistemas de informação contribuem para o monitoramento da atenção à obesidade: o e-SUS AB e o SISVAN.
No e-SUS AB, são registradas as atividades coletivas (Ficha de Atividade Coletiva) da Coleta de Dados Simplificada (CDS), que pode ser preenchida manualmente na versão offline ou online (prontuário eletrônico) e encaminhada ao SISAB (Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica).
Inclui dados sobre frequência e tipo das atividades, local de realização, adesão(público programado e presente), público alvo, profissionais envolvidos, medidasantropométricas.
Em caso de atividades que se repetem, como os encontros dos grupos fechados, o e-SUS AB oferece a possibilidade de “copiar” as fichas de atividade coletiva, simplificando a digitação dos dados.
A ficha de Marcadores do Consumo Alimentar permite avaliar a qualidade da alimentação de diferentes faixas etárias e é um instrumento importante para orientação alimentar.
Outros documentos de vigilância alimentar e nutricional:
Encaminhamento para Atenção Especializada
Para qualificação do encaminhamento, discutir com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.
A consulta compartilhada com especialista pode ser uma opção para as Unidades de Atenção Primária.
Conteúdo mínimo que o encaminhamento deve descrever:
- Sinais e sintomas
- IMC
- Peso do paciente em quilogramas (em kg)
- Estatura (em m)
- Breve descrição do tratamento clínico longitudinal: descrição das medicações em uso, com dose
- Risco cardiovascular (em %), ou doença cardiovascular estabelecida (informar qual), presença de diabetes mellitus (DM) e/ou hipertensão arterial sistêmica (HAS)
- Se tem Síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono (SAHOS), informar como foi o diagnóstico
- Se doenças articulares degenerativas, informar quais
- Número da teleconsultoria, se caso discutido com Telessaúde
Pacientes com suspeita ou diagnóstico de obesidade secundária a problemas endocrinológicos, ou diabetes mellitus de difícil controle. Para mais informações acesse a Linha de Cuidado da DM tipo 2.
Presença de doença cardiovascular não controlada ou em investigação, hipertensão arterial de difícil controle. Para mais informações acesse a Linha de Cuidado da HAS.
Pacientes com diagnóstico de síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS) que não possam ser tratados na APS.
Em pacientes com diagnóstico de transtornos alimentares (bulimia e compulsão alimentar) discutir com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543, para qualificação do encaminhamento.
Pacientes com comorbidades que necessitem adaptações para dietas específicas, como insuficiência renal, hepática, diabetes em uso de insulina, insuficiência cardíaca congestiva, doença celíaca. Pacientes com falha ao tratamento na APS exclusivamente.
Veja mais informações sobre o Planejamento terapêutico na Atenção especializada.
Pacientes com IMC maior ou igual a 50 kg/m²: encaminhar diretamente para cirurgia, independente do tempo de tratamento prévio, mantendo o acompanhamento multidisciplinar na atenção primária.
Pacientes com IMC entre 40 e 49,99 kg/m², independente da presença de comorbidades, quando esgotadas as possibilidades terapêuticas na Atenção Primária e/ou na Atenção Ambulatorial Especializada, por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos.
Pacientes com IMC entre 35 e 39,99 kg/m² com alguma das seguintes comorbidades: risco cardiovascular maior que 20% em 10 anos, doença cardiovascular, hipertensão arterial de difícil controle, diabetes mellitus de difícil controle, síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono(SAHOS)ou doença articular degenerativa, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos.