Manifestações Graves
Planejamento terapêutico
Aspectos Gerais
Atribuições das urgências e emergências:
- Avaliação e introdução de profilaxia pós-exposição sexual
- Atendimento de casos instáveis de insuficiência hepática aguda grave (IHAG) e complicações da cirrose para estabilização clínica
- Manejo de urgências secundárias à comorbidades
- Avaliação e indicação de internação
- Testagem rápida e sorológica para HIV, sífilis e hepatites B e C
O passo a passo para a realização dos testes rápidos fornecidos pelo Ministério da Saúde podem ser acessados na plataforma Telelab.
Para informações detalhadas sobre o fluxograma diagnóstico das hepatites virais, acesse o Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais.
Os pontos de atenção que realizarem o diagnóstico de um paciente com hepatite viral, deverão notificar os casos no SINAN em até 7 dias.
Avalie a indicação de Profilaxia Pós-exposição (PEP).
Manejo Inicial
O atendimento deve ser de forma integral visando identificar presença de complicações de hepatite aguda ou de cirrose hepática e a investigação de comorbidades e coinfecções deve ser realizada.
A presença de coinfecções agrava a atividade necroinflamatória e acelera a evolução da hepatite. Consulte coinfecções para mais informações.
- Avaliar responsividade e permeabilidade das vias aéreas
- Avaliar nível de consciência - Escala de coma de Glasgow e Classificação de West Haven
- Manter a permeabilidade das vias aéreas e a ventilação adequada: Considerar intubação orotraqueal (IOT) em pacientes com rebaixamento de consciência (Glasgow ≤ 8 ou Encefalopatia graus III/IV ou com claro sinal clínico de insuficiência respiratória), ou se for evidente o risco de aspiração
- Verificar a temperatura, glicemia capilar, pressão arterial, frequência cardíaca e saturação de oxigênio
- Avaliar se sinais de hemorragia digestiva alta, náuseas, vômitos, icterícia
- Avaliar se hepatomegalia e esplenomegalia, dor a palpação
- Avaliar uso de paracetamol (intoxicação)
- Instalar acesso venoso calibroso
- Avaliação e indicação de internação
Suspeitar de complicações da cirrose na presença de antecedentes ou sinais e sintomas de doença hepática crônica (aranhas vasculares, eritema palmar, ginecomastia, ascite)
- Hemorragia digestiva por rotura de varizes: se hematêmese, melena ou enterorragia, fraqueza ou síncope, hipotensão arterial
- Encefalopatia hepática (alteração de comportamento, fala arrastada ou incoerente, confusão mental ou letargia)
- Ascite tensa (dor abdominal e desconforto respiratório)
Suspeitar de insuficiência hepática aguda grave (IHAG): se sinais de gravidade presentes: Encefalopatia (alteração de comportamento, fala arrastada ou incoerente, confusão mental ou letargia), ascite, ou INR acima de 1,5 ou ou curso protraído - com sintomas e icterícia evidente (BT > 3 mg/dL ou BD > 1,5 mg/dL) por mais de 4 semanas)
- Se resultar de hepatite B: Tratamento com análogos de nucleos(t)ídeos orais pode aumentar a probabilidade de sobrevida
Há ?
- Se o paciente tem cirrose, realizar o Escore Child-Pugh para classificação da cirrose e tratar de acordo com a presença de complicações. Devido a elevada frequência de infecções (peritonite bacteriana espontânea, infecção urinária e pneumonia) nestes pacientes é importante seu rastreamento e se necessário tratamento adequado
Se intoxicação por paracetamol: Utilizar N-acetilcisteína como antídoto, o mais precoce possível. Sua eficácia é maior até 8 horas após a ingestão do paracetamol, após 24 horas tem benefício questionável, mas deve ser administrada, até ser descartado o risco de toxicidade.
Apresenta náuseas e vômitos incoercíveis? suspeitar de hepatite aguda.
Pacientes gestantes apresentam cuidados diferenciados. Consulte Gestantes.
O paciente apresenta hemorragia digestiva alta (hematêmese, melena, enterorragia volumosa suspeita de etiologia alta) causada por varizes esofágicas suspeitas ou confirmadas (diagnóstico prévio de cirrose, )?
- Com sinais de instabilidade hemodinâmica: Realizar medidas de suporte, solicitar hemograma, tipagem sanguínea e RH, função renal e eletrólitos e encaminhar em unidade móvel o paciente para a Unidade Hospitalar com com suporte avançado, se disponível acionar a central de regulação
- Sem sinais de instabilidade hemodinâmica (sangramento de pequeno volume): Realizar medidas de suporte, manter em observação clínica, e encaminhar em unidade móvel de suporte básico para hospital de média complexidade, com disponibilidade de endoscopia
Plano de Alta
Após alta, o paciente com diagnóstico de HBV/HCV deverá continuar em acompanhamento no seu serviço de referência para seguimento compartilhado.
A nota de alta deve conter um resumo detalhado do quadro clínico, da estratégia terapêutica e das complicações durante a internação.
- Diagnóstico e informação médica relevante
- Disponibilizar os resultados dos exames realizados
- Receita médica completa
- Conforme condição clínica associada, considerar encaminhamento para médico especialista
- Indicação de quais tratamentos de equipe multidisciplinar o paciente irá necessitar
- Encaminhamento à Unidade de Atenção Especializada (se em acompanhamento)
- Encaminhamento à Unidade de Atenção Especializada: Ambulatório de Hepatologia ou Transplante de Fígado na presença de cirrose descompensada para avaliação de elegibilidade de transplante hepático
- Encaminhamento à Unidade de Atenção Primária à Saúde
As orientações quanto a prevenção da transmissão devem ser compartilhadas com os contatos domiciliares e parceiros sexuais, se possível. Consulte prevenção da transmissão.