Rastreamento / diagnóstico
Rastreamento
Está indicado rastreamento em gestantes e populações prioritárias e/ou com condições de vulnerabilidade e maior risco de exposição.
O rastreamento deve ser realizado ao menos uma vez na vida:
Hepatite B: Em pessoas não vacinadas adequadamente e com idade superior a 20. Recomenda-se a vacinação contra hepatite B para todas as pessoas não vacinadas, acima de 20 anos, lembrando-se da importância de se ofertar o teste rápido para hepatite B previamente à vacinação. Contudo, ressalta-se que a vacina deve ser realizada independentemente da realização do TR.
Hepatite C: O teste deve ser realizado em todas as pessoas com idade igual ou superior a 40 anos, além de pessoas em qualquer idade que seja considerado fator de risco para exposição ao HCV.
Pelas facilidades como a rapidez no fornecimento do resultado e a dispensabilidade de estrutura laboratorial para sua realização, deve-se priorizar o rastreamento por meio dos testes rápidos. Essa tecnologia permite sua execução nas unidades básicas de saúde, maternidades, campanhas de testagem, bem como em regiões remotas e/ou de difícil acesso.
Independentemente da estratégia para utilização do teste rápido, é importante que até em ambientes de campanhas, seja reservado um local adequado para o acolhimento dos indivíduos, assim como para a realização do aconselhamento com a privacidade adequada para aqueles que tiverem resultados reagentes, se o usuário assim desejar. Além disso, as oportunidades para oferta e realização da testagem podem ser estabelecidas de acordo com a rotina de cada serviço, podendo ocorrer nas triagens para consultas, consultas de enfermagem, consultas médicas, visitas domiciliares e até mesmo em grupos de pacientes ou atendimentos realizados por outros profissionais de saúde.
Populações mais vulneráveis e com indicação para o rastreamento para infecção pelo HBV e HCV
POPULAÇÃO |
PERIODICIDADE DA TESTAGEM |
|
HEPATITE B A vacinação está sempre indicada para pessoas com HbsAg não reagente e sem a comprovação do esquema vacinal completo. A comprovação e/ou realização adequada da vacina suspende a necessidade de testagem periódica |
HEPATITE C |
|
Todas as pessoas a partir dos 20 anos de idade, suscetíveis à infecção pelo HBV |
Ao menos uma vez na vida |
N/A |
Todas as pessoas com idade/superior a 40 anos |
N/A |
Ao menos uma vez na vida |
Pessoas ou filhos de pessoas nascidas na região Amazônica ou imigrantes de regiões de alta endemicidade para hepatite B1 |
Ao menos uma vez |
N/A |
Filhos de mães HBsAg reagente 2 |
Ao menos uma vez |
N/A |
Filhos de mães que vivem com hepatite C |
N/A |
Teste molecular (HCV-RNA) entre 3-6 meses de idade. O anti-HCV deve ser realizado, ao menos uma vez, após 18 meses de idade |
Pessoas com parcerias sexuais com pessoa que tem/teve hepatite C |
N/A |
Ao menos uma vez |
Pessoas que moram com alguém que teve/hepatite C |
N/A |
Ao menos uma vez |
População em situação de rua |
Semestral |
Anual |
Contatos domiciliares ou sexuais ou parentes de primeiro grau de indivíduo HBsAg reagente |
Ao menos uma vez |
N/A |
Indígenas, quilombolas ou ribeirinhos |
Ao menos uma vez |
Ao menos uma vez |
Profissionais do sexo |
Semestral |
Anualmente |
Profissionais de saúde, de segurança pública (policiais, bombeiros), estética (manicure, etc.) |
Ao menos uma vez |
Ao menos uma vez |
Pessoas que estão privadas de liberdade e outras situações de restrição 3 |
Semestral |
Anual |
Pessoas que estiveram privadas de liberdade |
Ao menos uma vez |
Ao menos uma vez |
Exposição percutânea/parenteral ou acidentes com materiais biológicos que não obedeçam às normas de vigilância sanitária4 |
Ao menos uma vez. Para episódios atuais teste na oportunidade e repita entre 4-6 meses após a exposição |
Ao menos uma vez. Para episódios atuais teste na oportunidade e repita entre 4-6 meses após a exposição |
Pessoas com antecedente de uso prejudicial de álcool5 e outras drogas injetáveis, inalatórias, fumadas |
Ao menos uma vez na vida |
Ao menos uma vez na vida |
Pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas injetáveis, inalatórias, fumadas ou álcool |
Semestral |
Anual |
Gays, HSH e pessoas com prática sexual anal receptiva sem o uso de preservativo |
Semestral |
Anual |
Travestis e Transexuais |
Semestral |
Anual |
Pessoas em uso de PEP |
Testar para HBsAg e anti-HBs, no atendimento inicial e conforme profilaxia pós-exposição instituída: 1-2 meses (até 6 meses) da última dose da vacina HBV e, pelo menos, 6 meses da última dose de IGHAHB, se utilizada |
No atendimento inicial; 4 a 6 semanas e 4 a 6 meses após exposição |
Pessoas em PrEP |
Trimestral |
Trimestral |
Pessoas que sofreram violência sexual |
Testar para HBsAg e anti-HBs, no atendimento inicial e conforme profilaxia pós-exposição instituída: 1-2 meses (até 6 meses) da última dose da vacina HBV e, pelo menos, 6 meses da última dose de IGHAHB, se utilizada |
No atendimento inicial; 4 a 6 semanas e 4 a 6 meses após exposição |
Pessoas com múltiplas parcerias sexuais e/ou uso inconsistente de preservativo |
Semestral |
Anual |
Pessoas em hemodiálise |
Na admissão no Centro de hemodiálise e Anual |
Na admissão no Centro de hemodiálise e, depois, repetir semestralmente ou se qualquer elevação de ALT/AST6 |
Doença renal crônica não submetidos a diálise |
No diagnóstico |
No diagnóstico |
Pessoas com diabetes mellitus |
Ao menos uma vez |
Ao menos uma vez |
Pessoas com doenças cardiovasculares e/ou hipertensão |
N/A |
Ao menos uma vez |
Pessoas com que fizeram transplante de órgãos e tecidos em qualquer tempo |
N/A |
Ao menos uma vez |
Sinais de doença hepática sem diagnóstico, alteração de enzimas hepáticas, hepatomegalia, esplenomegalia, plaquetopenia ou icterícia |
Ao meno uma vez |
Ao menos uma vez |
Gestante |
Na primeira consulta de pré-natal. Caso a gestante não tenha feito o rastreio no pré-natal, deve-se testar no momento do parto7 |
Na primeira consulta de pré-natal |
Mulheres com planejamento reprodutivo |
Ao menos uma vez |
Ao menos uma vez |
Pessoas que receberam transfusão de sangue ou hemoderivados (principalmente antes de 1993) |
N/A |
Ao menos uma vez |
Pessoas que possuem antecedentes psiquiátricos ou realizam imunossupressão |
N/A |
Ao menos uma vez |
Hepatopatias |
Ao menos uma vez |
Ao menos uma vez |
Pessoas com diagnóstico de IST |
No diagnóstico |
No diagnóstico |
Pessoas com histórico de IST |
Anual |
Anual |
Pessoas Vivendo com HIV (PVHIV) |
Semestral |
Anual |
Pessoas imunodeprimidas (incluindo candidatos à quimioterapia/terapia imunossupressora) |
Semestral |
Anual |
1 Especialmente imigrantes de países da África, Oriente Médio (exceto Israel), Rússia, Mongólia, Sudeste Asiático, China e Caribe.
2 Filhos de mães HBsAg reagente que receberam imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) devem realizar testagem para HBsAg e anti-HBs entre 9–12 meses de idade (ou 1 a 2 meses da última dose do esquema vacinal e com ≥9 meses de idade naqueles que forem vacinadas fora do prazo padrão). Em caso de não terem utilizado IGHAHB, recomenda-se que os testes para HBsAg e anti-HBs sejam realizados de 1 a 2 meses da última dose vacinal.
3 Inclui moradores e funcionários de clínicas para pessoas com déficit cognitivo, transtorno psiquiátrico ou outras situações de alta dependência para os cuidados pessoais.
4 Inclui procedimentos em ambientes de assistência à saúde (médicos, odontológicos), procedimentos estéticos (tatuagem, piercing, escarificação, manicure, lâminas de barbear/depilar) e outros que não obedeceram às normas de vigilância sanitária.
5 Ingesta abusiva de bebidas alcoólicas, ou etilismo pesado, é definida, geralmente, como consumo de ≥15 doses/semana e ≥8 doses/semana de álcool para homens e mulheres, respectivamente. Uma dose corresponde a 14 gramas de álcool puro e equivale, por exemplo, a 280 mL de cerveja com teor alcoólico de 5%; 115 mL de vinho com 12% de álcool; 35 mL de destilados (cachaça, gim, vodka, rum, uísque) a 40%
6 Realizar o HCV-RNA como exame complementar do Anti-HCV “reagente” Realizar o HCV-RNA, mesmo com um Anti-HCV “não reagente”, quando houver alteração de ALT/TGP (realizada mensalmente) acima do limite superior de normalidade (LSN) ou 50% acima da ALT/TGP basal do paciente ao iniciar o procedimento de diálise; Para os casos onde não há alteração de transaminases, o Anti-HCV deve ser repetido a cada 6 meses como forma de monitoramento.
7 Preferencialmente, no primeiro trimestre. Para aquelas que não forem testadas no pré natal ou parto, deve-se realizar testagem no puerpério - também válido para situação de abortamento. As mesmas recomendações devem ser utilizadas para homens transexuais que engravidarem.
Fonte: Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais – PNHV, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde.
Atenção: Recomenda-se vacinar para hepatite B toda pessoa suscetível: Sem registro de esquema vacinal completo, que apresenta HBsAg não reagente (teste rápido ou imunoensaio laboratorial). Não há a necessidade de repetição da testagem para hepatite B após esquema vacinal completo ou, quando a pessoa que tem indicação para confirmar a soroproteção vacinal após 1-2 meses do término da vacinação apresentar o resultado de anti-HBs ≥ 10 UI/L. Considera-se imunizado se anti-HBs ≥10 mUI/mL.
Para mais informações acesse o Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais.
O Ministério da Saúde distribui os testes rápidos para todas as Unidades da Federação. A solicitação de testes é feita pelo Sisloglab.
Cascata das Hepatites Virais
Avaliação inicial
Pacientes com sinais de hepatite aguda grave ou insuficiência hepática aguda ou complicações de cirrose tais como hemorragia digestiva, ascite tensa e devem ser encaminhados para emergência.
Pessoas que fazem parte de grupos de risco devem ser investigadas, independente de sintomas.
Notificar os casos confirmados em até 7 dias - Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN).
Diagnóstico precoce
É baseado na detecção dos marcadores presentes no sangue, soro e plasma por meio de exames laboratoriais ou testes rápidos, além disso, existe a tecnologia de teste rápido por fluido oral, não disponível no SUS.
Os testes rápidos ampliam o acesso ao diagnóstico e aumentam a resolutividade do sistema. O diagnóstico deve ser precoce, com o menor tempo de espera possível, podendo esse período ser aproveitado para a realização de ações de informação/educação em saúde individual e coletiva.
Os testes rápidos são realizados na Unidade de Saúde, através de coleta de uma amostra de sangue, e fornecem o resultado em até 30 minutos. Tem a vantagem de serem realizados no momento da consulta, possibilitando tratamento imediato. Pacientes que já possuem diagnóstico de hepatite B ou C não devem realizar o teste rápido.
A conclusão não reagente é feita com base no resultado de um único teste. Se persistir a suspeita da infecção, coletar nova amostra 30 dias após a coleta da primeira amostra.
Se resultados discordantes, os testes devem ser repetidos e, permanecendo a discordância, a pessoa deve ser testada após aproximadamente 30 dias para confirmar ou descartar a infecção.
Enfermeiros, médicos e outros profissionais de saúde habilitados para solicitação de exames laboratoriais, também podem solicitar exames complementares em caso de resultado positivo.
O diagnóstico de Hepatite B é confirmado por meio de teste molecular para HBV-DNA detectável ou sorologia para anti-HBc reagente.
Interpretação dos marcadores para Hepatite B
Hepatite B |
HBsAg |
Anti-HBc total | Anti-HBc IgM | Anti-HBs |
---|---|---|---|---|
Infecção aguda | + | + | + | - |
Infecção crônica ativa | + | + | - | - |
Infecção prévia resolvida | - | + | - | + |
Imunidade vacinal | - | - | - | + |
HBsAg: Indica infecção ativa Anti-HBs: Indica imunidade a HBV Anti-HBc total: Indica contato com HBV (infecção ativa ou resolvida)
Anti-HBc IgM: Indica infecção aguda na maior parte das vezes. Excepcionalmente, reativação de hepatite B crônica pode cursar com esse anticorpo. |
Fonte: Adaptado de Protocolos de encaminhamento para Infectologia Adulto. Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS, 2020.
Na Hepatite B aguda, após 4 a 6 meses do início da infecção, ocorre a negativação do HBsAg com surgimento do anticorpo anti-HBs.
A Hepatite B crônica é definida pela detecção do HbsAg em dois exames consecutivos, executados com um intervalo de pelo menos seis meses.
O Ministério da Saúde recomenda três fluxogramas para o diagnóstico da infecção pelo HBV.
Atenção: Frente a um diagnóstico de infecção crônica ativa pelo HBV o serviço deve garantir o seguimento do indivíduo para a avaliação quanto a necessidade de indicação de tratamento (o nível de atenção em saúde onde o tratamento poderá ser prescrito está a critério da gestão e organização local).
Fluxograma: Investigação inicial da infecção pelo HBV utilizando testes rápidos (TR – HBsAg)
Fonte: Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
Este fluxograma possibilita iniciar a investigação da infecção pelo HBV em unidades de saúde que usem teste rápido.
Os fluxogramas abaixo são capazes de detectar a infecção aguda ou crônica pelo HBV.
Fluxograma: Diagnóstico da infecção pelo HBV utilizando teste HBsAg e teste molecular (HBV-DNA)
Fonte: Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
Fluxograma: Diagnóstico da infecção pelo vírus da hepatite B utilizando teste HBsAg e anti-HBc total
Fonte: Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
Situações especiais: Hepatite oculta (maior probabilidade em pessoas que usam drogas injetáveis, portadores de HCV, hemodialisados e indivíduos residentes em áreas endêmicas para a infecção pelo HBV que apresentarem o HBsAg não reagente) e nos casos de cepas virais com mutações no HBsAg, estes fluxogramas podem não ser capazes de detectar a infecção pelo HBV.
Nos casos em que não há reatividade nos testes que detectam o HBsAg, mas há suspeita de infecção pelo HBV, recomenda-se a utilização de um teste molecular de alta sensibilidade.
Para mais informações acesse o Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais.
O anti-HCV é um marcador que indica contato prévio com o vírus. Isoladamente, um resultado reagente não permite diferenciar uma infecção resolvida naturalmente de uma infecção ativa. Portanto, precisa ser complementado por meio de um teste molecular para detectar o HCV-RNA circulante no paciente e confirmar a presença de infecção ativa. No mesmo pedido da carga viral confirmatória, pode ser solicitada a genotipagem do HCV, que será realizada apenas em casos com infecção confirmada (carga viral detectada) e guiará qual o melhor esquema e duração do tratamento.
O teste de carga viral tem validade de, no máximo, 12 meses entre a sua realização e a solicitação de tratamento. Pessoas que estejam realizando teste de carga viral pela primeira vez ou se o teste de carga viral ocorreu há mais de 12 meses, a solicitação e coleta de material para carga viral e genotipagem deve ser realizada simultaneamente.
Exames complementares: testes rápidos para HIV, sífilis e hepatite B; aspartato aminotransferase (AST/TGO), hemograma, creatinina e β-HCG (para mulheres e homens trans em idade reprodutiva), preferencialmente na mesma visita ao serviço.
Enfermeiras(os) podem realizar ou solicitar o teste de anti-HCV (TR ou laboratorial) assim como os exames complementares para os casos anti-HCV reagente.
O Ministério da Saúde recomenda dois fluxogramas para o diagnóstico da infecção pelo HCV. Possibilitam iniciar a investigação da infecção pelo HCV em unidades de saúde que usem teste rápido.
Se o teste rápido for não reagente e houver suspeita de infecção pelo HCV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra para a realização de um novo teste.
Há possibilidade de resultados falsos negativos, em indivíduos imunossuprimidos/imunodeprimidos.
Fluxograma: Investigação inicial da infecção pelo HCV utilizando testes rápidos (TR anti-HCV)
Fonte: Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
O fluxograma abaixo, é capaz de detectar a infecção crônica pelo HCV. O primeiro teste indica contato com o HCV, salvo em casos de falso positivos. Uma discordância entre o primeiro e o segundo testes pode ocorrer por resolução natural da doença.
Fluxograma: Diagnóstico da infecção pelo vírus da hepatite C utilizando teste para detecção do anti-HCV e teste molecular (HCV-RNA)
Fonte: Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
Situações especiais: Pode ser utilizado no diagnóstico em gestantes, porém não é indicado para indivíduos menores de 18 meses e não é capaz de identificar indivíduos infectados no período de janela imunológica ou imunossuprimidos.
Atenção: Para os ensaios confirmatórios, as amostras devem estar acompanhadas da interpretação do resultado do teste rápido ou do teste laboratorial, constando informações do kit de reagentes diagnóstico utilizado e número do lote.
Avaliação inicial
Pacientes com sinais de hepatite aguda grave ou insuficiência hepática aguda ou complicações de cirrose tais como hemorragia digestiva, ascite tensa e devem ser encaminhados para emergência.
Pessoas que fazem parte de grupos de risco devem ser investigadas, independente de sintomas.
Notificar os casos confirmados em até 7 dias - Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN).
Abordagem inicial
A abordagem inicial do paciente deve priorizar o estabelecimento de uma relação de confiança, com escuta qualificada e acolhedora.
Pode ser realizada pelo médico ou por outro membro da equipe de saúde, conforme as particularidades de cada serviço.
O atendimento deve ter enfoque em acolher, promover a vinculação e reter o paciente para tratamento precoce e prevenção das complicações relacionadas à infecção pelos vírus das hepatites B e C. Deve ocorrer em local adequado, em que seja garantido o direito à privacidade, sem julgamentos morais, com acesso às populações chave e prioritárias.
Para mais informações do modelo contínuo de cuidado acesse o Manual de apoio a consolidação da Rede de Cuidados para a resposta à Sífilis Congênita, ao HIV/Aids e às Hepatites Virais.
Avaliação inicial
Pacientes com sinais de hepatite aguda grave ou insuficiência hepática aguda ou complicações de cirrose tais como hemorragia digestiva, ascite tensa e devem ser encaminhados para emergência.
Pessoas que fazem parte de grupos de risco devem ser investigadas, independente de sintomas.
Notificar os casos confirmados em até 7 dias - Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN).
Manifestações clínicas
Após o contato com o vírus, o indivíduo pode desenvolver hepatite aguda sintomática, ou com poucos/nenhum sintoma característico. O quadro agudo é limitado aos primeiros seis meses. A presença de replicação viral persistente por mais de seis meses define que a infecção é crônica.
Cerca de 20% a 30% dos casos podem apresentar icterícia e 10% a 20% apresentam sintomas inespecíficos: anorexia, náuseas, vômitos, perda ou diminuição da força física, mal-estar, febre e dor abdominal. Podem apresentar urina escura (colúria) e fezes esbranquiçadas (acolia). Menos de 1% dos casos podem evoluir para hepatite aguda grave caracterizada na presença de sinais e sintomas de hepatite aguda (icterícia e colúria) associada a alargamento do INR (International Normalized Ratio) acima de 1,5 ou insuficiência hepática aguda grave ou hepatite fulminante caracterizada pela presença de hepatite aguda grave associada a encefalopatia (alteração de comportamento, fala arrastada ou incoerente, confusão mental ou letargia, asterixis e coma).
Aproximadamente 5%-10% e 60%-85% das pessoas adultas que adquirem, respectivamente, hepatites B e C evoluem de forma silenciosa na imensa maioria das vezes para infecção crônica com risco de progressão para cirrose e carcinoma hepatocelular. Nestes indivíduos, o primeiro sintoma da doença pode ser decorrente de descompensação da cirrose com o surgimento de ascite (acúmulo de líquido intra-abdominal), hemorragia por varizes do esôfago ou encefalopatia hepática (alteração de comportamento, fala arrastada ou incoerente, confusão mental ou letargia, asterixis e coma).
Os principais sinais e sintomas de cirrose compensada são: presença de aranhas vasculares, ginecomastia, eritema palmar, esplenomegalia, presença de circulação colateral visível no abdômen e perda de massa muscular. Laboratorialmente os pacientes pode apresentar plaquetopenia, leucopenia, alargamento do INR, hipoalbuminemia, elevação de AST e ALT e bilirrubina total. Presença de fibrose avançada ou cirrose pode ser estimada pelo cálculo do APRI > 1,5 ou presença de ultrassonografia demonstrando alteração de ecogenicidade e/ou irregularidade do contorno do fígado ou presença de circulação colateral.Cirrose descompensada é caracterizada pela ocorrência atual ou pregressa de ascite, sangramento por varizes de esôfago ou encefalopatia hepática.
Avaliação inicial
Pacientes com sinais de hepatite aguda grave ou insuficiência hepática aguda ou complicações de cirrose tais como hemorragia digestiva, ascite tensa e devem ser encaminhados para emergência.
Pessoas que fazem parte de grupos de risco devem ser investigadas, independente de sintomas.
Notificar os casos confirmados em até 7 dias - Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN).
Anamnese / exame clínico
O atendimento deve ser de forma integral e a investigação de história clínica de comorbidades e coinfecções por HCV, HBV, HDV, HIV e estratificação de gravidade de doença (presença de cirrose compensada ou descompensada e de carcinoma hepatocelular) devem ser atualizadas a cada consulta, bem como avaliação pré-tratamento das condições clínicas, psiquiátricas e sociais do paciente.
Ao exame:
- Há sinais de atividade de doença? Icterícia ou alterações de AST ou ALT sugerem atividade viral
- Há suspeita de hepatite aguda? Caso positivo avaliar sinais de gravidade: hepatite aguda grave (INR maior que 1.5) ou insuficiência hepática aguda grave (sinais de encefalopatia). Na presença de hepatite aguda grave ou insuficiência hepática aguda grave encaminhar para emergência preferencialmente acoplada a atenção especializada (alta complexidade) vinculada a serviço de transplante hepático
- Há suspeita de cirrose? Encaminhar para atenção especializada para realização de ultrassonografia e endoscopia digestiva para rastreamento, respectivamente, de carcinoma hepatocelular e varizes de esôfago
- O paciente está em tratamento para hepatites B, C, delta ou HIV?
- Pacientes em tratamento medicamentoso, devem ser monitorados em todas as consultas quanto a eventos adversos (toxicidade/interações medicamentosas)
Avaliar e registrar em prontuário:
- Informações específicas sobre a infecção pelo HBV/HCV
- História médica atual e passada
- Riscos e vulnerabilidades
- História psicossocial
- Saúde reprodutiva
- História familiar
Avalie a indicação de Profilaxia Pós-exposição (PEP).
Triagem para o diagnóstico - Hepatite B
* Para mulheres e homens trans em idade reprodutiva.
TAP: Tempo de Atividade da Protombina; ALT: alanina aminotransferase; INR: Índice internacional normalizado.
¹ Articular junto a coordenação local a implementação do teste rápido. Os TR são práticos e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos. Podem ser feitos com amostras de sangue total colhidas por punção digital ou venosa.
² Pessoas imunocompetentes acima de um ano de idade, devem receber 3 doses da vacina, caso não tenha recebido a vacina nos primeiros meses de vida. Somente são consideradas válidas as doses documentadas em carteira vacinal e/ou no sistema SI-PNI, e que respeitem o intervalo mínimo entre as doses: 4 semanas entre a primeira (D1) e a segunda (D2) doses; 8 semanas entre a segunda (D2) e a terceira (D3) doses; e 16 semanas entre a D1 e a D3. Populações com imunocomprometimento (PVHIV, renais crônicos pré-dialíticos - ClCr < 30 mL/min - ou em diálise, transplantados de órgãos sólidos; pacientes com neoplasias e/ou que necessitem de quimioterapia, radioterapia, corticoterapia, e outras imunodeficiências) e com cirrose devem receber 4 aplicações e, em cada aplicação, deve-se administrar o dobro da dose recomendada para idade respeitando os intervalos mínimos entre doses, que são: 4 semanas entre a D1 e a D2, 4 semanas entre a D2 e a D3, 8 semanas entre a D3 e a quarta dose (D4).
³ Indivíduos com hepatite aguda grave, definida pela presença de coagulopatia (INR > 1,5) ou curso protraído - com sintomas e icterícia evidente (BT > 3 mg/dL ou BD > 1,5 mg/dL) por mais de 4 semanas, ou com hepatite fulminante (presença de encefalopatia hepática ou ascite) devem ser tratados imediatamente com análogo de nucleos(t)ídeo e ser encaminhados com caráter de URGÊNCIA ao Serviço de Assistência Especializada.
⁴ Utilizar métodos de barreira nas relações sexuais se a parceria não for imune ao HBV; não compartilhar escova de dentes, lâminas (de barbear/depilar, alicates, cortadores de unha); equipamentos para injeção ou uso de drogas, equipamentos para testagem de glicemia e outros perfurocortantes; cobrir ferimentos e cortes abertos com curativos, não realizar doação de sangue ou esperma.
Fonte: Nota técnica nº 369/CGAHV/DCCI/SVS/MS. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.
Atenção: Notificar o caso no formulário apropriado - Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), em até 7 dias.
Consulte os critérios de encaminhamento em Encaminhamento para Atenção especializada.
Triagem para o diagnóstico - Hepatite C
Consulte Fluxograma de Diagnóstico e Encaminhamento - Hepatite C
* Articular junto ao serviço e a coordenação local a implementação do teste rápido. Os TR são práticos e de fácil execução, com leitura do resultado em no máximo 30 minutos. Podem ser feitos com amostras de sangue total colhidas por punção digital ou venosa.
Fonte: Nota técnica nº 369/CGAHV/DCCI/SVS/MS. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.
Diagnóstico e encaminhamento - Hepatite C
Acesse a Calculadora APRI online
* IMPORTANTE: As solicitações de exames confirmatórios e complementares podem ser feitas por profissionais de saúde de nível superior, devidamente registrados em seus conselhos de classe, ao exemplo de enfermeiros e médicos, de forma a otimizar a continuidade do cuidado e dar celeridade ao fluxo da linha de cuidado e encaminhamentos para avaliação e conduta médica também ao especialista quando na unidade o médico não estiver presente.
¹ A coleta de carga viral e genotipagem pode ser simultânea. O laboratório só efetivará a análise de genotipagem após a confirmação da detecção de carga viral do vírus C.
² No caso de gestantes, encaminhar para o pré-natal de alto risco.
³ A repetição do teste molecular está indicada, a critério médico, nos seguintes casos de resulta HCV-RNA não detectável: A) suspeita de nova exposição nos seis meses que antecedem a realização da sorologia; b) forte suspeita clínica de doença pelo HCV; c) qualquer suspeita em relação ao manuseio ou armazenamento inadequado da amostra utilizada para realização do teste molecular.
Fonte: Adaptado de Nota técnica nº 369/CGAHV/DCCI/SVS/MS. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.
Encaminhamento para atenção especializada
O serviço de atendimento especializado deve realizar o atendimento aos casos de maior complexidade.
Para qualificação do encaminhamento, o caso clínico deve ser discutido com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.
Encaminhamento para atenção especializada pode ser realizado por profissional médico. O profissional enfermeiro deverá seguir o fluxo de encaminhamento para conduta médica, da própria Unidade de Saúde, caso não seja possível, poderá encaminhar para atenção especializada, após solicitação de exames confirmatórios e complementares.
Dependendo do fluxo municipal o paciente pode ser encaminhado para o SAE, Gastroenterologia, Hepatologia ou Infectologia. Os ambulatórios de Infectologia são, em geral, reservados para casos de alta complexidade (serviços terciários) ou para quando o SAE de referência não for resolutivo. Dar preferência para ambulatório de hepatologia para indivíduos com cirrose compensada para acompanhamento visando prevenção de complicações e rastreamento de carcinoma hepatocelular e hepatologia ou transplante de fígado para avaliação adicional de elegibilidade para transplante hepático.
Oriente o paciente para que leve, na primeira consulta ao serviço especializado, o documento de referência com as informações clínicas e o motivo do encaminhamento, as receitas dos medicamentos que está utilizando e os exames complementares realizados recentemente.
O encaminhamento para o especialista deve conter:
- Quadro clínico: Sinais e sintomas
- Principais achados da anamnese e exame clínico, exames complementares relevantes com data
- Resultado de exames de aminotransferases e plaquetas
- Ultrassonografia abdominal (se realizada)
- Se gestante, informar idade gestacional e se foi iniciada alguma profilaxia
- Suspeita ou diagnóstico de cirrose (descrever os achados)
- Resultado do exame anti-HIV ou teste rápido
- Suspeita de infecção aguda, forma de contágio e como foi feita a suspeita diagnóstica
- Condição que indique acompanhamento em serviço especializado
- Número da teleconsultoria, se caso discutido com Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543
Hepatite B: Resultado de HBsAg ou teste rápido para hepatite B; resultado da carga viral (PCR quantitativo do HBV-DNA) e demais exames realizados (anti-Hbc Igm ou total; HbeAg, BT, INR; etc)
Hepatite C: Resultado do exame anti-HCV ou teste rápido para hepatite C, resultado da carga viral (PCR quantitativo do HCV-RNA), genotipagem e demais exames realizados (creatinina, hemograma, BT, beta-HCG, INR, etc)
Encaminhamento para SAE ou Infectologia (quando o SAE de referência não tratar essas condições):
- Hepatite crônica por vírus B (HBV), sem suspeita de cirrose
- Coinfecção HCV e HIV
- Gestantes com HBsAg ou teste rápido para HBV reagentes
Encaminhamento para Hepatologia/Gastroenterologia:
- Hepatite crônica por vírus B (HBV) com suspeita ou diagnóstico de cirrose
Encaminhamento para SAE ou Infectologia (quando o SAE de referência não tratar essas condições):
- Coinfecção com HIV
- Coinfecção com hepatite B
- Gestantes
- Insuficiência renal crônica com clearance de creatinina < 30 mL/min/1.73 m²
- Em quimioterapia
- Transplantados
- Em uso de anticonvulsivantes de primeira geração (carbamazepina, oxcarbazepina, fenitoína e fenobarbital)
- Em uso de amiodarona
- Com manifestações extra-hepáticas graves: Vasculites sistêmicas, glomerulopatias
- Apresentaram falha de tratamento prévio contendo antivirais de ação direta (DAA)
- Menor de 18 anos
Encaminhamento para Hepatologia/Gastroenterologia:
- Hepatite aguda ou crônica por vírus C (HCV) com suspeita ou diagnóstico de cirrose
- Coinfecção com hepatite B
- Gestantes
- Insuficiência renal crônica com clearance de creatinina < 30 mL/min/1.73 m²
- Em quimioterapia
- Transplantados
- Em uso de anticonvulsivantes de primeira geração (carbamazepina, oxcarbazepina, fenitoína e fenobarbital)
- Em uso de amiodarona
- Com manifestações extra-hepáticas graves: Vasculites sistêmicas, glomerulopatias
- Apresentaram falha de tratamento prévio contendo antivirais de ação direta (DAA)
- Menor de 18 anos
- Com hepatocarcinoma ou outras neoplasias