Linhas de Cuidado

Promoção da Saúde

A dor lombar apresenta diferentes fatores de risco como tabagismo, obesidade, inatividade física, postura inadequada, baixo nível educacional, fatores psicossociais (estresse, ansiedade, depressão), vulnerabilidade social e fatores relacionados à atividades laborais (manuseio de cargas em flexão, tarefas com rotação de tronco ou vibração, tarefas com tempo elevado em comportamento sedentário ou extenuantes fisicamente ou psicologicamente), além de idade adulta e idosa, e sexo feminino.

A Atenção primária à saúde (APS) é o ponto de atenção preferencial da Rede de Atenção à Saúde para a abordagem da dor lombar, não só por sua capilaridade, como também pelo vínculo que as equipes estabelecem com a população de seu território, pelo potencial de reconhecimento dos fatores sociais que interferem nas mudanças comportamentais e a alta capacidade resolutiva no manejo, tratamento e apoio ao autocuidado.

Como parte da estratégia de prevenção da dor lombar estão a identificação e a orientação para a mudança de fatores de risco modificáveis, tais como, tabagismo, sobrepeso, inatividade física e a manutenção, por períodos prolongados, em posturas inadequadas e em comportamento sedentário durante as atividades de vida diária.

Identificação Precoce = Início da Abordagem Precoce

Todos os profissionais de saúde devem estar aptos à abordar e questionar ativamente sobre o uso do tabaco, registrar o acompanhamento no prontuário clínico, aconselhar sobre o abandono do tabaco e, caso o paciente sinalize o desejo de cessar o tabagismo, realizar ou encaminhar para o tratamento oportuno mais adequado e eficaz, conforme disponibilidade local. A equipe deve estabelecer estratégias para o acesso facilitado, para a abordagem básica ou para aconselhamento estruturado/ abordagem intensiva. Em caso negativo, o tabagista deve continuar sendo abordado em todas as consultas posteriores. 

Para mais informações consulte a Linha de cuidado do Tabagismo.

Para tratar e cuidar das pessoas com sobrepeso e obesidade, sugere-se um cuidado multidisciplinar adequado, integral e longitudinal, por meio de abordagens individuais, coletivas e transversais. No processo de cuidado, devem ser considerados os determinantes e condicionantes do sobrepeso e da obesidade, sem culpabilização, estigmatização e discriminação da pessoa ou sua família.

Ações de promoção da saúde e prevenção do sobrepeso e da obesidade devem ser estimuladas. Considere a participação popular, respeitando a cultura local, com foco nas ações de promoção da alimentação adequada e saudável e da prática de atividade física.

É fundamental o investimento em ações de prevenção, em intervenções precoces ao observar ganho de peso excessivo, e no cuidado longitudinal de longo prazo, pois o tratamento de pessoas com obesidade é um processo para toda a vida. Dessa forma, a adoção de metas realistas para perda e manutenção do peso e o foco nos impactos positivos das mudanças de estilo de vida para além dele são de suma importância.

Uma perda e manutenção de peso entre 5 e 10% do peso inicial já é suficiente para melhorias significativas nos parâmetros cardiovasculares e metabólicos, como risco cardiovascular, diminuição da pressão arterial, do colesterol e da glicemia, por exemplo. No entanto, é reconhecida a dificuldade dessa manutenção da perda de peso a longo prazo.

A atenção às pessoas com sobrepeso e obesidade na APS deve obedecer às diretrizes de organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das pessoas com doenças crônicas, publicada na Portaria nº 424, de 19 de março de 2013.

Consulte a Linha de cuidado da Obesidade no adulto e acesse o Manual de Atenção às pessoas com Sobrepeso e Obesidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) do SUS e o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Sobrepeso e Obesidade em Adultos.

Vigilância Alimentar e Nutricional: Para apoiar os profissionais de saúde na vigilância alimentar e nutricional, conheça o Marco de referência da vigilância alimentar e nutricional na atenção básica e os Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Após o registro, recomenda-se que gestores e equipes façam o monitoramento da situação alimentar e nutricional da população, por meio dos relatórios públicos consolidados do SISVAN.

A partir do diagnóstico dos marcadores de alimentação saudável e não-saudável do usuário, sugere-se que o profissional de saúde faça orientação alimentar de acordo com o Protocolo de uso do guia alimentar para a população brasileira na orientação alimentar: bases teóricas e metodológicas e protocolo para a população adulta.

Acesse o Guia Alimentar para a População Brasileira que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável. E acesse o Manual instrutivo: implementando o guia alimentar para a população brasileira em equipes que atuam na Atenção Primária à Saúde.

A prática regular de atividade física contribui para uma melhor saúde mental e física, podendo prevenir a incidência ou recorrência de dor lombar.

Aconselhe os pacientes com dor lombar não específica a permanecerem ativos fisicamente e a retornarem às atividades do dia a dia assim que os sintomas o permitirem.

É essencial dialogar com os pacientes sobre as suas expectativas antes de realizar o aconselhamento sobre a prática de atividade física e encaminhá-los para um programa de tratamento baseado em exercício físico, com ênfase à região lombar.

  • Em geral, recomenda-se a prática de atividades físicas por pelo menos 150 minutos na semana, preferencialmente distribuídos em diferentes momentos e dias
    • Essa prática pode envolver atividades aeróbias (por exemplo: Caminhada, corrida, natação e ciclismo), assim como atividades de fortalecimento de músculos e ossos e de alongamentos
    • Podem ser de intensidade leve, moderada e vigorosa, diferindo entre si pelo aumento da frequência cardíaca e da respiração. Benefícios à saúde podem ser obtidos com a prática em qualquer intensidade. Porém, para benefícios adicionais, recomenda-se que as atividades sejam praticadas em intensidade moderada a vigorosa, tomando-se os devidos cuidados e considerando o estado de saúde de cada indivíduo
  • O programa de exercício físico deve incluir características como: elaborar um programa individualizado, supervisionado e que inclua exercícios de alongamento e fortalecimento muscular e articular. Além disso, o programa de exercício físico gera benefícios para a redução da dor em curto prazo e fortalece as estruturas que sustentam a região lombar, prevenindo dores e piora da condição clínica dos pacientes

O aconselhamento em saúde para pessoas com dor lombar com baixas expectativas de recuperação deve abranger o estabelecimento de metas e planejamento de ação. Também, é de extrema importância abordar os medos e as preocupações dos pacientes, avaliar o nível de condicionamento físico, os interesses e a participação prévia à prática de atividades e exercícios físicos, além da acessibilidade às práticas específicas e adequadas.

  • Indivíduos com condições neuro músculo-esqueléticas, incluindo dor lombar, relatam desmotivadores e motivadores para a realização de exercícios físicos
    • Os desmotivadores para exercício incluem falta de interesse, inacessibilidade, alto custo, autoconsciência, constrangimento, ansiedade, frustração e raiva
    • Os motivadores para o exercício incluem o estabelecimento e o alcance de metas, o prazer, o sentimento de bem-estar, o otimismo, a autoestima e a redução das limitações nas atividades do dia a dia

Em locais onde está disponível, encaminhar para os polos do Programa Academia da Saúde/Ministério da Saúde. Os polos contam com infraestrutura apropriada, equipamentos e profissionais qualificados.

Para mais informações sobre recomendações para um estilo de vida ativo, considerando os ciclos de vida, gestantes e puérperas, pessoas com deficiência e educação física escolar, acesse o Guia de Atividade Física para a População Brasileira e a versão com Recomendações para Gestores e Profissionais de Saúde.

Atenção: Pacientes com queixa de dor lombar podem receber atendimento qualificado em relação à prática de atividade física em locais como nas Unidades de Saúde e nos polos do Programa Academia da Saúde, quando disponíveis.

Municípios que não dispõem de espaços com infraestrutura mínima para essas práticas, vinculadas à Secretaria de Saúde, devem buscar identificar possibilidades no entorno das Unidades de Saúde e parcerias com as Secretarias de Esporte e Lazer, de Assistência Social e de Educação ou, até mesmo, solicitar que as equipes multidisciplinares de saúde desenvolvam ações e programas que promovam a atividade física para esses pacientes.