Manejo inicial / Conduta
Avaliação inicial
- Escuta acolhedora para compreensão e amenização de sofrimento
- Escuta terapêutica que o possibilite falar e clarificar para si sua situação de crise
- Facilitar a vinculação do paciente ao suporte e ajuda possível ao seu redor – Social e institucional
- Caso o paciente esteja sozinho, esclareça a necessidade de entrar em contato com a família, os amigos e/ou colegas e explique a situação, informando o necessário e preservando o sigilo de outras informações sobre particularidades do indivíduo
- Quebra de confidencialidade: Em situações que envolvem risco de vida, a quebra de confidencialidade é permitida. A segurança do paciente deve ser uma prioridade. Se o paciente não concordar, o contato deve ser realizado para informar o risco
- Faça da família e amigos do paciente os verdadeiros parceiros no acompanhamento
- Tratar se transtorno mental presente ou otimizar o tratamento de transtorno mental já identificado
- Se não for necessário encaminhar para emergência, reavaliar o paciente em até 1 semana
Se necessário encaminhamento para emergência:
- Esclareça ao paciente os motivos do encaminhamento
- Garantir que o paciente não fique sozinho
- Sempre que possível chame um familiar ou responsável
- Cuidado com possíveis meios de cometer suicídio que possam estar no próprio espaço de atendimento
- Entre em contato com um profissional da saúde mental ou do serviço de emergência mais próximo
- Certifique-se do atendimento e agilize ao máximo
- Avalie a necessidade de transporte via ambulância
- Nos serviços especializados, avalie possibilidade de solicitação de vaga para internação, via central de regulação, mantendo o paciente acompanhado no serviço até a transferência
Atenção: Quando houver casos suspeitos ou confirmados de violência autoprovocada (suicídio consumado; tentativa de suicídio; ato de automutilação, com ou sem ideação suicida), realizar notificação compulsporia imediata (Portaria nº 204/GM/MS, de 17 de fevereiro de 2016 e Lei nº 13.819, de 26 de abril de 2019), por meio da Ficha de Notificação de Violência Interpessoal Autoprovocada.
Avaliação do Risco de Suicídio
A identificação e a avaliação do risco de suicídio são competências de toda a rede de saúde, sendo fundamental que todos estejam capacitados para realizá-la:
- Identificar
- Avaliar
- Manejar
- Encaminhar quando indicado (encaminhamento com a certeza de atendimento e contra referência; e acompanhamento após encaminhamento)
O risco de suicidio deve ser avaliado em todas as consultas de pacientes com depressão.
O risco de suicídio geralmente tem relação direta com o isolamento, silêncio e falta de suporte psicossocial. Desta forma, o acolhimento, respeito e o não julgamento são atitudes-chave para o manejo dessas situações.
Aspectos gerais
- O profissional de saúde não deve ficar receoso de investigar o risco de suicídio. O tema deve ser abordado com cautela, de maneira gradual
- Saber ouvir o paciente e entender suas motivações subjacentes. Muitas vezes os pacientes com possível risco de suicídio chegam na atenção primária com queixas diferentes daquelas que chegariam ao psiquiatra, principalmente queixas somáticas
- Todo paciente que fala sobre suicídio tem risco em potencial e merece investigação e atenção especial. São fundamentais a escuta e o bom julgamento clínico
- O manejo se inicia durante a investigação do risco. A abordagem verbal pode ser tão ou mais importante que a medicação. Isso porque faz com que o paciente se sinta aliviado, acolhido e valorizado, fortalecendo a aliança terapêutica
- Verificar fatores de risco, de proteção, avaliar as características da intencionalidade suicida, determinar o perfil do paciente e mobilizar suporte psicossocial são ações indispensáveis para definir o plano terapêutico e a necessidade de encaminhamento
Diagrama do Risco de Suicídio
Como investigar:
1) Você está desanimado com seu estado de saúde?
2) Nos momento dificeis, o que passa pela sua cabeça?
3) Você tem sentido que a vida não vale a pena?
4) Você tem pensado em pôr fim à sua vida?
5) Você chegou a pensar em alguma forma de pôr fim à sua vida?
6) Você tem acesso a meios de fazer isso?
7) Você já tomou alguma providência para isso?
¹ As intervenções de curto prazo estão descritas abaixo
Fonte: Adaptado de Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2022.
Intervenções de curto prazo (1ª semana) após a situação aguda (quando não há indicação de avaliação em Serviço de Emergência).
Monitorar e obter colaboração
- Incrementar e facilitar contatos
- Consultas frequentes
- Telefonemas periódicos
- Elaborar um plano de segurança
- Identificar gatilhos
- Diminuir estressores e fatores de risco
- Trabalhar com identificação e solução de problemas
- Discutir preocupações e percepções do paciente sobre seu tratamento
- Aumentar o apoio social
- Viabilizar contatos emergenciais
- Discutir o plano com o paciente e familiares
- Psicoeducação breve em relação ao suicídio e fatores de risco
- Repetir avaliações do quadro clínico e do risco
- Avaliar situação dos familiares
Manter o paciente estável
- Lidar com estressores crônicos
- Abordar comportamentos disfuncionais
- Cuidar da adesão ao tratamento
Quebra de confidencialidade: Em situações que envolvem risco de vida, a quebra de confidencialidade é permitida. A segurança do paciente deve ser uma prioridade. Se possível, solicite sua autorização para contatar a família/pessoa significativa, entretanto se o mesmo não concordar o contato deve ser realizado para informar o risco de suicídio.
Atenção: Quando houver casos suspeitos ou confirmados de violência autoprovocada (suicídio consumado; tentativa de suicídio; ato de automutilação, com ou sem ideação suicida), realizar notificação compulsporia imediata (Portaria nº 204/GM/MS, de 17 de fevereiro de 2016 e Lei nº 13.819, de 26 de abril de 2019), por meio da Ficha de Notificação de Violência Interpessoal Autoprovocada.
Atenção: Para esclarecimento de dúvidas e qualificação do encaminhamento, discutir o caso clínico com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.