Manejo inicial - Situações agudas
Seguir as orientações de acordo com o protocolo específico do Serviço de Emergência vigente na região.
Orientações gerais para o MANEJO DA CRISE EM SAÚDE MENTAL
- Avaliar ambiente, sujeitos e segurança (ACENA)
- Definir um mediador (considerar a receptividade do paciente)
- Aproximar-se de forma tranquila
- Desligar a sirene e manter apenas os sinais luminosos, sem pisca ou estrobo
- Identificar-se, oferecer ajuda
- Iniciar a comunicação observando a linguagem verbal e não verbal; identificar as situações relacionadas ao contexto da crise
- Realizar avaliação primária e secundária observando o estado mental e condições clínicas específicas de cada situação
- Identificar familiares/pessoas que possam conhecer a história do paciente para facilitar o entendimento e manejo da situação
- Coletar dados da história de saúde (antecedentes relevantes, comorbidades, medicações em uso, crises anteriores); capacidade de autocuidado
- Realizar contato com a Regulação Médica para comunicar a situação clínica atualizada, orientações e definição do encaminhamento. Locais que não dispõem de Regulação Médica: Realizar contato com o Centro de Atenção Psicossocial ou encaminhar para a Emergência da Unidade Hospitalar
- Definido o encaminhamento, é responsabilidade do Serviço de Atendimento Móvel/SAMU o transporte do paciente do local de atendimento para a unidade de saúde de referência
- Registrar ações e intercorrências na ficha de atendimento. Recomenda-se o registro das orientações passadas à família, se houver
- Orientar os familiares e a rede de apoio social para procurarem a Unidade de Saúde da APS ou CAPS de referência para avaliação e acompanhamento posterior
- Se estiverem presentes objetos ou condições que promovam risco de agressão ou autoagressão, informar a regulação para que solicite apoio de equipes especializadas e/ou autoridades policiais
- Manter o paciente seguro, orientar os familiares para que não deixem a pessoa sozinha e restringir seu acesso a meios letais são os primeiros passos a serem tomados
- Afastar os estímulos que possam contribuir para o aumento do estresse na cena (ex. imprensa, curiosos)
- Avaliar, a partir da mediação, a presença de fatores de risco e fatores de proteção
- Intencionalidade suicida, nível de impulsividade, estado mental
- Utilizar as estratégias de comunicação terapêutica (acolhimento, empatia, escuta ativa e ausência de julgamento em relação ao paciente)
- Considerar a abordagem medicamentosa, em casos de intensa agitação
- Manter a vigilância do paciente durante o transporte na ambulância (ex. retirar do alcance objetos ou substâncias, evitar o uso de sirene)
Atenção: Quando houver casos suspeitos ou confirmados de violência autoprovocada (suicídio consumado;tentativa de suicídio;ato de automutilação, com ou sem ideação suicida), realizar notificação compulsporia imediata (Portaria nº 204/GM/MS, de 17 de fevereiro de 2016 e Lei nº 13.819, de 26 de abril de 2019), por meio da Ficha de Notificação de Violência Interpessoal Autoprovocada.
Na impossibilidade de iniciar o registro da notificação, a equipe deve repassar de forma sistemática e organizada as informações coletadas à unidade de saúde referenciada para garantir a continuidade do cuidado.
Paciente armado
- Se estiverem presentes objetos ou condições que promovam risco de agressão ou autoagressão, informar a regulação para que solicite apoio de equipes especializadas e/ou autoridades policiais
- Na presença da equipe de apoio tentar negociar com o paciente a entrega/abandono do objeto (situações envolvendo arma de fogo ou nos casos de resistência à entrega/abandono do objeto, a autoridade policial deve assumir a mediação)
- Após o desarme, para tranquilizar o paciente, pode ser utilizado:
- Haloperidol 5 mg IM + Prometazina 50 mg IM. Em longos deslocamentos pode-se repetir a dose do Haloperidol a cada 30 minutos
- Midazolan 5 mg IM pode ser associado caso haja suspeita de intoxicação por drogas estimulantes
Paciente desarmado
- A conversa é uma estratégia potente para a redução da agitação, mesmo não havendo resposta verbal do paciente
- O profissional deve procurar utilizar um tom de voz baixo e de ritmo lento na fala, trazendo tranquilidade
- Na abordagem, perguntar o que está acontecendo que possa estar causando a agitação (raiva, euforia, medo, confusão mental)
- Utilizar as estratégias de comunicação terapêutica (ser empático, não completar frases, resumir o raciocínio, não mentir, não fazer falsas promessas)
- Não confrontar (ex. não debater/julgar ou dizer que a pessoa está errada), não ser agressivo, nem ríspido ou ameaçador
- Não se aproximar pelas costas
- Permanecer com as mãos visíveis e com as palmas abertas
- Não ficar sozinho e nunca dar as costas ao paciente
- Evitar posicionar-se em um local mais alto que o do paciente (permanecer no “nível dos olhos”)
- Não fazer anotações no momento da abordagem
- Superado o estado de agitação e/ou situação de violência, pode ser utilizado para tranquilizar o paciente:
- Diazepan 10 mg VO
- Haloperidol 5 mg IM + Prometazina 50 mg IM caso persista o estado de agitação. Em longos deslocamentos pode-se repetir a dose do Haloperidol a cada 30 minutos
- Midazolan 5 mg IM pode ser associado caso haja suspeita de intoxicação por drogas estimulantes
- Contenção física: Deve ser utilizada em pacientes que estejam em quadro de agitação psicomotora e deve ter como objetivo principal sua proteção, a da equipe de saúde e de outras pessoas (último recurso)
- Deve haver pelo menos cinco pessoas para realizar a contenção (uma para cada membro e o coordenador para tórax e fronte). Caso não haja as cinco pessoas a recomendação é solicitar apoio a outra equipe, para que não se coloquem os profissionais, o próprio paciente e as demais pessoas da cena em risco