Avaliação e conduta - Situações Agudas
Manejo inicial
O atendimento deve ser feito em local seguro e de forma segura para o paciente e profissionais, preferencialmente em ambiente com o menor nível de estímulo visual e auditivo possível. O paciente pode não aceitar uma abordagem verbal, demonstrando atitude não colaborativa e irritabilidade importante, porém a equipe deve ser preparada para o manejo da situação embasado em protocolos assistenciais Avalie a necessidade de acionar a equipe de segurança.
A presença de delírios ou alucinações indica psicose e pode aumentar as chances de atitudes violentas (não confrontar, pois há risco de piorar a agitação com agressividade).
Os principais objetivos do manejo na agitação psicomotora são: interromper a agitação e reduzir o sofrimento do paciente, minimizando os riscos:
- Tratamento medicamentoso (antipsicóticos de alta potência e/ou benzodiazepínicos isolados ou em associação): 1ª escolha - haloperidol injetável + prometazina; olanzapina e ziprasidona também podem ser utilizados. Na falta de outra opção, pode ser utilizada clorpromazina injetável (utilizar com cuidador, monitorar pressão arterial - risco de hipotensão) ou midazolam injetável (risco de reação paradoxal)
- Restrição mecânica: Deve ser evitada, mas se necessária, realizar por o mínimo de tempo possível. A contenção deve ser realizada por uma equipe treinada e com materiais que evitem maiores danos e lesões (faixas de contenção). A avaliação deste paciente pela equipe assistencial deve ser constante e as medidas de Segurança do Paciente devem ser intensificadas
Fonte: Guia de medicina de urgência - 4ª ed. São Paulo: Manole, 2021
O protocolo de contenção física tem a finalidade de garantir uma assistência multidisciplinar que garanta que o procedimento seja realizado de forma humanizada. Para informações sobre a organização do protocolo, acesse a Resolução Conselho Federal de Medicina nº 2.057, de 12 de novembro de 2013 e a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem nº 427, de 08 de maio de 2012.
Internação hospitalar
Condições que sugerem indicação de internação hospitalar:
- Sintomas psicóticos que ameacem a vida
- Lentificação psicomotora marcada, catatonia, síndrome de Cotard e/ou anorexia
- Transtorno psiquiátrico grave: Paciente psicótico, depressão grave, transtorno de ansiedade grave
- Risco de suicídio
- Baixo suporte social - Ausência de rede de apoio social/família com condições de oferecer suporte ao paciente ou em situação de exaustão
- Comportamento impulsivo atual, agitação grave, crítica comprometida ou recusa de ajuda evidentes
- Se o paciente apresentar mudança no estado mental com uma etiologia metabólica, tóxica, infecciosa ou de outra natureza que exija uma investigação mais complexa
Atenção: Se for necessária a transferência do paciente para outra instituição, esta deve ser realizada de ambulância, e não pelos familiares.
Plano de alta do Serviço de Emergência
A possibilidade de alta deve ser considerada apenas quando o paciente apresentar melhora do quadro clínico e for realizado o contrarreferenciamento para o seu acompanhamento na Unidade de Atenção Primária ou Atenção Especializada, considerando a continuidade de supervisão por um familiar.
A nota de alta deve conter um resumo detalhado do quadro clínico e da estratégia terapêutica adotada durante o atendimento.
- Diagnóstico e informação médica relevante
- Disponibilizar os resultados dos exames realizados
- Relato dos fármacos utilizados no período em que o paciente esteve na emergência
- Conforme condição clínica associada, considerar encaminhamento para médico especialista
- Ênfase nas medidas de autocuidado - Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico
- Orientações e reforço de vínculos aos familiares/cuidadores e rede de apoio social
- Encaminhamento à Unidade de Atenção Primária ou Atenção Especializada de referência preferencialmente dentro de uma semana após a alta para consulta de revisão