Rastreamento/diagnóstico
Pacientes com câncer têm direito a receber o 1º tratamento no SUS, em até 60 dias do diagnóstico pelo laudo patológico, ou em prazo menor, conforme necessidade terapêutica individual. Para mais informações, acesse Lei nº 12.732, de 22 de novembro de 2012.
Processo de atenção à saúde de mulheres com câncer de mama
Fonte: The Breast Health Global Initiative 2018 Global Summit on Improving Breast Healthcare Through Resource-Stratified Phased Implementation: Methods and overview, Cancer: 2020.
Rastreamento
O rastreamento do câncer de mama pode ser realizado de forma organizada, quando as mulheres são convidadas/agendadas através da busca ativa à realizar exames de rastreamento na periodicidade preconizada, com adequada avaliação e monitoramento, ou oportunística, quando aproveita-se a presença da mulher na unidade de saúde, por motivos diversos, para solicitar os exames de rastreamento. No entanto, sugere-se que as Equipes da Atenção Primária, através do cadastro de sua população adscrita e reconhecimento do perfil epidemiológico do seu território, identifiquem as mulheres na faixa etária prioritária e realizem o rastreamento organizado.
A mamografia é o único exame que leva a uma redução da mortalidade por câncer de mama. Pode ser solicitada por médicos e enfermeiros no rastreamento.
População alvo e periodicidade de rastreamento precoce de câncer de mama
População-alvo | Periodicidade dos exames |
---|---|
Mulheres de 30 anos ou mais com risco elevado* | Conduta deve ser individualizada considerando riscos e benefícios dos exames de rastreamento. |
Mulheres de 50 a 69 anos | Mamografia a cada dois anos |
* Conforme especificação para cada condição de risco elevado.
A ultrassonografia mamária deve ser considerada como método adicional à mamografia em mulheres jovens com elevado risco de câncer de mama e mulheres com alta densidade mamária.
Critérios de alto risco para câncer de mama e indicação de rastreamento
Alto risco para câncer (CA) de mama* | Indicação de rastreamento com exame de imagem |
---|---|
Mulheres e homens com mutação ou parentes de 1° grau (materno ou paterno) com mutação comprovada dos genes BRCA 1/2, ou com síndromes genéticas como Li-Fraumeni, Cowden e outras |
Rastreamento anual com mamografia a partir dos 30 anos de idade Considerar adicionar ressonância magnética (RM) de mama ao rastreamento ou ultrassonografia mamária quando indicado |
Mulheres com história de:
|
Rastreamento anual com mamografia iniciando 10 anos antes da idade do diagnóstico do parente mais jovem, porém não antes dos 30 anos Considerar adicionar RM mamária ao rastreamento ou ultrassonografia mamária quando a RM não puder ser realizada |
Mulheres com história pessoal de câncer de mama invasor ou hiperplasia ductal ou lobular atípica, atipia epitelial plana ou carcinoma ductal in situ |
Rastreamento anual com mamografia a partir do diagnóstico, principalmente naquelas que foram tratadas com cirurgia conservadora Considerar adicionar ressonância magnética (RM) de mama ao rastreamento ou ultrassonografia mamária quando indicado |
Mulheres com história de radiação torácica (radioterapia torácica prévia) antes dos 30 anos |
Rastreamento anual com mamografia a partir do 8º ano após o tratamento radioterápico, porém não antes dos 30 anos Considerar adicionar ressonância magnética (RM) de mama ao rastreamento ou ultrassonografia mamária quando indicado |
* Mulheres com presença de nódulo ou massa palpável devem ser encaminhadas para o mastologista para avaliação.
Fonte: Adaptada de “Quais são as mulheres com alto risco para câncer de mama e como devem realizar o rastreamento?”, TelessaúdeRS-UFRGS: 2020.
Aspectos Gerais
Mulheres com sinais e sintomas suspeitos devem ter avaliação diagnóstica imediata independente da idade.
Para mulheres com idade ≥ 30 anos com risco elevado, a conduta deve ser individualizada considerando riscos e benefícios dos exames de rastreamento.
Atenção: Pacientes com nódulos ou massas palpáveis têm indicação de avaliação com exame de imagem: Com ultrassonografia se idade < 30 anos (se persistente por mais de 1 ciclo menstrual) e com mamografia se idade ≥ 30 anos.
Após a realização do exame, a mulher deve ter a consulta de retorno agendada na Unidade de Atenção Primária para a avaliação do resultado.
Caso a mulher não agende e/ou compareça ao retorno agendado, recomenda-se a realização de busca ativa.
O resultado da mamografia deve ser repassado e explicado à mulher durante a consulta e caso apresente alterações, a mesma deverá ser encaminhada ao serviço especializado de referência, conforme fluxo de encaminhamento local, para confirmação diagnóstica e início do tratamento.
O cuidado da mulher deve ser compartilhado entre APS e AE, sendo a APS, a principal responsável pelo acompanhamento longitudinal dessa paciente.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce tem como objetivo reduzir a morbidade e a mortalidade por câncer da mama. O foco está na identificação da doença em estágios iniciais por meio da imediata avaliação diagnóstica:
Uma boa anamnese, exame clínico e o complemento com exames de imagem são fundamentais para avaliar a necessidade de avaliação histológica (biópsia) de uma lesão.
Avaliar e caracterizar a queixa específica da paciente.
O nódulo de mama é o sintoma mais comum do câncer de mama. Geralmente é indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e com bordos bem definidos.
Outros sinais:
- Saída de secreção pelo mamilo (transparente, rosada ou avermelhada) – especialmente quando é unilateral e espontânea
- Coloração avermelhada da pele da mama
- Edema cutâneo semelhante à casca de laranja, retração cutânea
- Dor ou inversão no mamilo, descamação ou ulceração do mamilo
- Linfonodos palpáveis axilares, supra e infraclaviculares
Avalie e registre em prontuário:
- Nódulo: Data da percepção, localização, crescimento, relação com ciclo menstrual ou história de traumatismo
- Dor mamária: Data do início, localização, intensidade da dor, uso de medicações, relação com ciclo menstrual, traumatismo ou relação com esforço físico
- Derrame papilar: Data do início, cor, espontâneo ou provocado, unilateral ou bilateral e relação com o uso de fármacos
- Anormalidades de pele/mamilo e sinais inflamatórios: Data do início, localização, saída de secreção purulenta, flogose, presença de retração ou abaulamento, queixa de prurido
O atendimento deve ser realizado de forma integral e individualizada, com detalhamento da história clínica:
- História de cirurgias e/ou biópsias mamárias
- História familiar de outros cânceres
- Hábitos alimentares e atividades físicas
- Idade da menarca
- Número de gestações e de nascidos vivos
- Idade da primeira gestação
- Realização de aleitamento materno
Mulheres na pré-menopausa:
- Data da última menstruação
- Duração e regularidade dos ciclos
- Uso de anticonceptivos hormonais
Mulheres na pós-menopausa:
- Data da menopausa
- Uso de terapia de reposição hormonal, tempo de uso e esquema de terapia
Atenção: Avalie a indicação da realização de exame citopatológico do colo do útero.
Identificação e prescrição de tratamento para as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), de acordo com os protocolos ou normas técnicas estabelecidos.
Para mais informações, acesse a Linha de Cuidado do Câncer do colo do útero.
A realização do exame clínico das mamas é feita por profissionais treinados, geralmente médicos e enfermeiros. É imprescindível na avaliação de lesões suspeitas de neoplasia mamária, bem como na diferenciação entre nódulos palpáveis e não palpáveis.
Realize e descreva o exame em 3 etapas: Inspeção estática e dinâmica, palpação e avaliação da descarga papilar, consulte Exame clínico das mamas.
Exames de imagem
Os métodos diagnósticos que podem ser utilizados são a mamografia, a ultrassonografia e a ressonância magnética.
Indicação diagnóstica: Deve ser realizada nas mulheres com sinais e/ou sintomas suspeitos de câncer de mama, controle radiológico de lesão provavelmente benigna (BI-RADS® categoria 3), mulheres assintomáticas com alto risco para câncer de mama a partir dos 30 anos e na avaliação de mama masculina.
Os resultados do exame mamográfico são classificados de acordo com o Breast Imaging Reporting and Data System (BI‐RADS®) e divididos em categorias de 0 a 6. Para mais informações, consulte Risco de câncer e conduta a partir da categoria de avaliação BI-RADS®.
Pacientes com suspeita ou diagnóstico de neoplasia mamária (BI-RADS® categoria ≥ 4) devem ser encaminhadas para a Atenção Especializada (oncologia), conforme fluxo de regulação local. As Unidades de Assistência de Alta Complexidade (Unacon) e Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) oferecem assistência integral e especializada ao paciente com câncer, através do diagnóstico da neoplasia, a extensão (estadiamento), o tratamento e demais cuidados, de acordo com as rotinas e condutas estabelecidas.
Para mais informações, acesse o Formulário de requisição do exame de mamografia e o Formulário de resultado do exame de mamografia.
Atenção: Não deve ser utilizado como método no rastreamento do câncer de mama.
Deve ser utilizada como exame adicional à mamografia quando:
- BI-RADS® = 0 (inconclusivo)
- Contraindicação à mamografia (pacientes que não possam ser expostas à radiação)
- Mulheres com alta densidade mamária
- Substituta da ressonância magnética (quando as mulheres não puderem realizá-la por qualquer motivo)
Como método diagnóstico, na presença de sinais e sintomas do câncer de mama, está indicada para:
- Diagnóstico diferencial entre lesão sólida e lesão cística, nos nódulos detectados no exame físico e/ou na mamografia
- Avaliação de lesão palpável sem expressão na mamografia
- Avaliação de lesão palpável nas pacientes jovens, abaixo de 30 anos
- Na doença inflamatória e no abscesso
- Na orientação de procedimentos de drenagem de coleções inflamatórias ou císticas e no seu controle evolutivo
- Nas alterações da mama no ciclo gravídico puerperal
- Na avaliação de linfonodos alterados no exame físico
Os achados são classificados de acordo com a categoria de avaliação BI-RADS®e condutas preconizadas, na mesma linha da mamografia.
Achados ultrassonográficos:
- Cistos (classificado na sessão de casos especiais no BI-RADS®: categorias 2, 3 ou 4)
- Achados com características provavelmente benignas (BI-RADS® categoria 3)
- Achados com características suspeitas (BI-RADS® categoria 4)
- Achados com características altamente suspeitas (BI-RADS® categoria 5)
Indicada como exame de rastreamento: Adicional a mamografia anual, em mulheres de alto risco para câncer de mama (pacientes com mutações conhecidas de BRCA1 ou BRCA2, TP53, ou para risco superior a 20% de câncer de mama ao longo da vida).
Indicação como exame diagnóstico:
- Situações não conclusivas: Quando exame clínico, mamografia e/ou ultrassonografia são inconclusivos
- Carcinoma oculto: Situação em que a primeira manifestação do câncer de mama é o comprometimento neoplásico do linfonodo axilar
- Suspeita de recidiva: Nas mulheres já tratadas por câncer de mama, quando o exame clínico, mamografia e/ou ultrassonografia mostram lesão que pode representar recidiva
- Complicações de implantes mamários: Suspeita de deslocamento, ruptura ou coleção
A ressonância magnética não é um exame isento de falsos positivos, devendo ser solicitada por profissional especialista com critérios bem definidos.
Os resultados são classificados de acordo com a categoria de avaliação BI-RADS® e condutas preconizadas, na mesma linha da mamografia.
O diagnóstico definitivo de câncer é feito por meio do exame histopatológico.
Biópsia percutânea: Método de escolha, realizada com agulha grossa (core biópsia) ou biópsia assistida a vácuo - mamotomia. São procedimentos minimamente invasivos, de boa acurácia e que permitem a avaliação histopatológica e imuno-histoquímica do tumor.
Punção aspirativa por agulha fina (PAAF): Principal indicação para avaliação do linfonodo axilar e na diferenciação de lesões ovóides, normalmente classificadas como BI-RADS® 3.
As punções são realizadas tanto em lesões palpáveis, quanto impalpáveis guiadas por exame de imagem (ultrassonografia, mamografia ou ressonância).
Biópsia cirúrgica: Indicada quando a biópsia percutânea é inviável (questões técnicas) ou quando persiste a suspeita de malignidade, mesmo com core biópsia já realizada (laudo anatomopatológico indeterminada/suspeito, adequabilidade da amostra insatisfatória, laudo benigno com exame de imagem BI-RADS® 5).
A concordância entre os resultados da biópsia e a clínica/imagem dá segurança no diagnóstico e auxilia no planejamento terapêutico. Quando há discordância é necessário reforçar a investigação diagnóstica.
Plataforma web que integra os Sistemas de Informação do Câncer do Colo do Útero (Siscolo) e o Câncer de mama (Sismama).
As informações estão disponíveis em tempo real, após inseridas no sistema de forma on-line. Nas unidades de saúde sem conectividade, as requisições dos exames podem ser feitas pelo formulário impresso e entregues ao gestor local para que providencie a inclusão no sistema ou conforme fluxo já estabelecido. Com base na identificação da mulher, o histórico e a situação de seguimento são atualizados automaticamente.
Todos os exames e tratamentos que tenham alguma alteração deverão ser registrados em seu histórico. Os resultados e condutas poderão ser visualizados pela coordenação de seu estado, município, unidade de saúde e profissional solicitante.
Para informações sobre o registro no Siscan, acesse Manual do Sistema de Informação do Câncer (Siscan) - Módulos 1 e 2.
Para o acompanhamento e controle dos exames de mamografia solicitados na unidade de saúde, como complemento, as equipes podem estruturar uma planilha/tabela específica ou outra ferramenta para auxiliar no controle dos prazos, principalmente pelo laboratório e necessidade de agendamento de consulta. A mesma planilha pode ser compartilhada para acompanhamento de solicitações de exames de mamografia e exames citopatológicos.
Atenção: A planilha contém informações confidenciais. Deve ser armazenada de forma segura, com acesso restrito, minimizando os riscos de uso indevido das informações.
DN: data de nascimento; CNS: Cartão Nacional de Saúde do SUS; CP: citopatológico
Fatores de risco
Os fatores de risco devem ser avaliados na primeira consulta clínica.
A idade é o fator de risco mais importante para desenvolver câncer de mama (quanto maior a idade, maior o risco), associada à fatores genéticos, endócrinos e comportamentais.
Fatores de Risco:
- Idade (idade > 50 anos)
- História familiar (câncer de mama ou ovário em parentes de primeiro grau; casos de câncer de mama antes dos 50 anos; caso de câncer de mama e ovário em um mesmo familiar; câncer de mama bilateral; caso de câncer de mama em homem)
- Etnia (pacientes com descendência judaica Ashkenazi tem maior frequência de mutações no gene BRCA2)
- Menarca precoce (antes dos 12 anos)
- Menopausa tardia (após os 55 anos)
- Idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos
- Nuliparidade
- Exposição à radiação torácica
- Terapia de reposição hormonal na pós menopausa por tempo prolongado (> 5 anos)
- Sobrepeso, obesidade e inatividade física
- Ingestão de álcool
- Tabagismo
- Mulheres e homens com mutação ou parentes de 1° grau com mutação comprovada dos genes BRCA 1/2, ou com síndromes genéticas como Li-Fraumeni, Cowden e outras
- Mulheres com história de:
- Familiar de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama em idade < 50 anos
- Familiar de primeiro grau com diagnóstico de câncer de mama bilateral
- Familiar de primeiro grau com diagnóstico de câncer de ovário, em qualquer idade
- Homens, em qualquer grau de parentesco, com diagnóstico de câncer de mama
- Mulheres com história de câncer de mama invasor ou hiperplasia ductal ou lobular atípica, atipia epitelial plana ou carcinoma ductal in situ
- Mulheres com história de radioterapia torácica prévia antes dos 30 anos
Pacientes com história pessoal ou familiar de risco elevado para câncer de mama e ovário devem ter a indicação de aconselhamento genético considerada e avaliada individualmente conforme disponibilidade local.
Critérios para avaliação de risco genético para câncer de mama e/ou ovário
História pessoal de câncer de mama com qualquer uma das seguintes características:
|
História pessoal de câncer de ovário epitelial em qualquer idade |
História pessoal de câncer de pâncreas exócrino em qualquer idade |
História pessoal de câncer de próstata metastático em qualquer idade |
Ascendência judaica Ashkenazi e câncer de mama ou câncer de próstata de alto grau (Gleason ≥ 7) |
Pessoal de qualquer idade com mutação deletéria em um gene de suscetibilidade ao câncer dentro da família ou encontrado em testes de tumores (Ex: BRCA 1/2) |
¹ Doença bilateral ou pelo menos dois tumores primários ipsilaterais separados.
² Familiar de 1°, 2° e 3° graus do mesmo lado da família. Os lados materno e paterno devem ser considerados independentemente.
Fonte: Adaptado de Protocolos de encaminhamento para Genética Médica, TelessaúdeRS-UFRGS: 2020.
Consulta de enfermagem
A abordagem deve ser centrada na mulher, de forma integral, humanizada e individualizada, relacionando os aspectos biológicos, sociais e psicológicos, respeitando sua autonomia.
A assistência deve ter caráter interdisciplinar.
Quando detectadas alterações, deve-se discutir o caso de forma multidisciplinar, solicitar exames complementares e, se necessário, gerenciar o encaminhamento da paciente à Atenção Especializada.
Planejamento da assistência:
Realizar o processo de enfermagem: Investigação (anamnese e exame clínico), diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação.
- Fazer uma escuta qualificada, proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o estabelecimento do vínculo. Valorize os diversos saberes e práticas
- Valorizar os diversos saberes e práticas
- Investigar quanto às condições físicas, condição de trabalho e renda, apoio familiar e suporte social, percepções sobre a doença, desejos e expectativas, cultura e crenças
- Examinar e avaliar se há sinais e sintomas relacionados aos cânceres de mama e do colo do útero. Acesse a Linha de Cuidado do Câncer do colo do útero
- Realizar a Anamnese e Exame Clínico
- Realizar o Exame clínico das mamas, se houver indicação (queixa clínica ou situações específicas que justifiquem a realização do exame pelo profissional)
- Conversar com a mulher sobre a importância de observar as mamas no dia-a-dia e procurar o serviço de saúde em caso de alterações mamárias suspeitas
- Solicitar os exames de mamografia/ultrassonografia conforme indicação e demais exames de acordo com os protocolos ou normas técnicas estabelecidos pelo gestor local
- Realizar o exame citopatológico, se indicado, de acordo com a faixa etária e quadro clínico. Consulte a Técnica para realização do exame citopatológico, Controle de exames citopatológicos e Sistema de Informação do câncer
- Acompanhar a liberação dos resultados dos exames e realizar agendamento do retorno
- Avaliar resultados dos exames solicitados e coletados, de acordo com os protocolos e diretrizes clínicas. Encaminhar a paciente para os serviços de referência em diagnóstico e/ou tratamento dos cânceres de mama e do colo do útero, quando necessário
- Revisar os medicamentos em uso (indicação, doses, horários, efeitos adversos)
- Identificar e prescrever o tratamento para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), de acordo com os protocolos ou normas técnicas estabelecidos, se necessário
- Identificar a presença de comorbidades/complicações, promovendo medidas de prevenção secundária
- Encaminhar/acompanhar a avaliação com cirurgião dentista
- Encaminhar para avaliação médica
- Verificar esquema vacinal imunizações
- Em pacientes com indicação de cuidados paliativos, realizar os cuidados na unidade de saúde ou no domicílio, de acordo com as necessidades da mulher
- Implemente metas de cuidado em conjunto com a paciente e sua família
- Acompanhe a adesão ao tratamento a cada retorno
- Avalie o grau de satisfação e engajamento da paciente ao tratamento
- Avalie e solicite o apoio da Equipe Multiprofissional (psicólogo, nutricionista, assistente social, educador físico, fisioterapeuta, farmacêutico e etc.) e do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543, de acordo com as necessidades de cada caso e recursos disponíveis
- Em cuidados paliativos, avaliar periodicamente a situação dos pacientes e sempre que ocorrer alguma intercorrência. Se necessário, acionar a equipe multiprofissional de atenção domiciliar ou encaminhar para um Serviço de emergência
Avaliação odontológica
A abordagem multidisciplinar deve ser realizada antes, durante e após o tratamento.
A intervenção odontológica tem como base três pilares:
- Investigação e diagnóstico de lesões bucais, de qualquer natureza
- Remoção e/ou estabilização de focos infecciosos e na educação da paciente sobre possíveis efeitos adversos
- Prevenção e manejo de possíveis sequelas do tratamento oncológico
A avaliação da saúde bucal com cirurgião-dentista deve ser realizada, no mínimo, anualmente ou conforme necessidade e indicação de reavaliações e/ou procedimentos.
Atenção especial em pacientes realizando tratamento com antineoplásicos e radioterapia, bem como com câncer avançado ou em cuidados paliativos devido ao elevado risco de complicações bucais. Nesses pacientes a frequência de acompanhamento deve ser menor, de 3 a 6 meses ou conforme orientação do cirurgião-dentista.
Realizar cuidados paliativos, na unidade de saúde ou domicílio, conforme as condições clínicas e necessidades apresentadas pela mulher.
Se a unidade de saúde não tiver equipe de saúde bucal, a mulher deve ser referenciada para atendimento com outra equipe, conforme fluxo de regulação local.
Fluxo da atenção após rastreamento
Legenda
Verde: Atenção Primária à Saúde
Vermelho: Unidade Hospitalar
* Para BI-RADS 4 e 5 a biópsia também ocorre na rede, em serviços de radiologia. Em situações específica, na categoria BI-RADS 3, a conduta pode ser diagnóstico histopatológico.
¹ Municípios que não possuem contratualização com clínicas capacitadas, encaminhar para ambulatório especializado.
² Semestral no primeiro ano e anual no segundo e terceiro ano.
³ Avaliar indicação de acordo com o quadro clínico e histórico dos exames da paciente.
- Rotina de rastreamento: mamografia a cada 2 anos. Alto risco: Mamografia anual
- Consulte Critérios de alto risco para câncer de mama e indicação de rastreamento
- Acompanhamento longitudinal na APS para controle e avaliação do acesso/realização do tratamento
Encaminhamento para atenção especializada
Está previsto pelo SUS o acesso ao tratamento do câncer de mama para todas as mulheres em até 60 dias do diagnóstico histopatológico ou em prazo menor, conforme necessidade terapêutica individual.
Para qualificação do encaminhamento, discutir com o canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543.
Oriente a paciente a levar na primeira consulta ao serviço especializado, a solicitação de encaminhamento, receitas de medicamentos em uso e os exames complementares realizados.
A equipe da atenção primária de referência deve realizar o acompanhamento longitudinal da paciente, desde o início do tratamento, adesão da ao planejamento terapêutico proposto, até o pós tratamento.
O encaminhamento para o especialista deve conter:
- Dados da mulher com história médica pregressa: História pessoal de câncer de mama ou de câncer em outros órgãos. Se sim, descreva a lateralidade (se câncer de mama), qual o órgão acometido, tratamentos realizados e o local de tratamento do câncer
- Quadro clínico: Sinais e sintomas (nódulo, dor mamária, derrame papilar, anormalidades de pele ou mamilo e sinais inflamatórios)
- Fatores de risco
- Exame clínico das mamas: Inspeção estática, dinâmica e palpação
- Anexar laudo de exames de imagem: Principalmente mamografia e ultrassonografia mamária, ou descrever na íntegra os seus resultados, com data
- Exames complementares (se realizados)
- Prioridade no encaminhamento: Pacientes com suspeita ou diagnóstico de neoplasia mamária (lesões BI-RADS® categorias 4, 5 e 6) devem ter preferência no encaminhamento e ser direcionadas a serviços de Mastologia/Oncologia, respeitando-se as referências regionais de cada município
- Número da teleconsultoria, se caso discutido com Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543
Para alterações benignas (descarga papilar bilateral leitosa) descreva: Medicamentos em uso e resultados de prolactina e TSH, com data.
Encaminhar para serviço de Mastologia/Oncologia
- altamente sugestivos de neoplasia da mama
- Adenopatia axilar, mesmo com exame de imagem normal (na ausência de causa infecciosa ou inflamatória conhecida após investigação inicial)
- Achados em exame de imagem de BI-RADS® categoria 4 ou 5
- Diagnóstico histopatológico ou citopatológico de neoplasia da mama
- Nódulo palpável ao exame clínico, mesmo com exame de imagem sem lesão suspeita, nas seguintes condições:
- Nódulo persistente por mais de um ciclo menstrual em mulher com mais de 30 anos
- Nódulo recente depois da menopausa
- Nódulo em mulher com menos de 30 anos, com ultrassonografia mostrando lesão sólida ≥ 2 cm ou com alta suspeita clínica
- Paciente assintomática com BI-RADS® categoria 3 com indicação precisa de Terapia de Reposição Hormonal - provável indicação de citologia e/ou histologia
Encaminhar para Mastologia
- Pacientes assintomáticas com para câncer de mama e ovário, com indicação de intensificação no rastreamento por imagem, sem condições de acompanhamento na APS
Critérios de alto risco para câncer de mama e indicação de rastreamento
Alto risco para câncer (CA) de mama* | Indicação de rastreamento com exame de imagem |
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Mulheres e homens com mutação ou parentes de 1° grau (materno ou paterno) com mutação comprovada dos genes BRCA 1/2, ou com síndromes genéticas como Li-Fraumeni, Cowden e outras |
Rastreamento anual com mamografia a partir dos 30 anos de idade Considerar adicionar ressonância magnética (RM) de mama ao rastreamento ou ultrassonografia mamária quando indicado |
Mulheres com história de:
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Rastreamento anual com mamografia iniciando 10 anos antes da idade do diagnóstico do parente mais jovem, porém não antes dos 30 anos Considerar adicionar RM mamária ao rastreamento ou ultrassonografia mamária quando a RM não puder ser realizada |
Mulheres com história pessoal de câncer de mama invasor ou hiperplasia ductal ou lobular atípica, atipia epitelial plana ou carcinoma ductal in situ |
Rastreamento anual com mamografia a partir do diagnóstico, principalmente naquelas que foram tratadas com cirurgia conservadora Considerar adicionar ressonância magnética (RM) de mama ao rastreamento ou ultrassonografia mamária quando indicado |
Mulheres com história de radiação torácica (radioterapia torácica prévia) antes dos 30 anos |
Rastreamento anual com mamografia a partir do 8º ano após o tratamento radioterápico, porém não antes dos 30 anos Considerar adicionar ressonância magnética (RM) de mama ao rastreamento ou ultrassonografia mamária quando indicado |
* Mulheres com presença de nódulo ou massa palpável devem ser encaminhadas para o mastologista para avaliação.
Fonte: Adaptada de “Quais são as mulheres com alto risco para câncer de mama e como devem realizar o rastreamento?”, TelessaúdeRS-UFRGS: 2020.
Encaminhar para Mastologia
Qualquer uma das condições clínicas abaixo:
- Cisto simples recidivante
- Cisto simples sintomático (dor/desconforto)
- Lesão benigna sintomática, como fibroadenoma ou lipoma, com confirmação benigna (por biópsia ou imagem), mas que haja desejo de exérese cirúrgica
- Abscesso subareolar crônico recidivante
- Pacientes com mamas acessórias ou supranumerárias que desejem cirurgia
- Descarga papilar bilateral leitosa sem hiperprolactinemia, descartadas causas secundárias, se desejado tratamento pela paciente
Encaminhar para Endocrinologia
- Descarga papilar bilateral leitosa com hiperprolactinemia, não induzida por medicação
Encaminhar para reconstrução de mama
Pacientes com diagnóstico de neoplasia de mama que sofreram mastectomia total ou parcial da mama em decorrência do tratamento do câncer, que desejam a reconstrução mamária.
Atenção: A reconstrução mamária após cirurgia para tratamento de neoplasia de mama deve ser realizada preferencialmente no serviço original onde a paciente realizou tratamento do câncer.
O direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico de mulheres que se submetem a mastectomia é garantido por lei (Lei nº 12.802, de 24 de abril de 2013). Os procedimentos de simetrização da mama contralateral e de reconstrução do complexo aréolo-mamilar integram a cirurgia plástica reconstrutiva, garantidos pela Lei 13.770, de 19 de dezembro de 2018.
A cirurgia plástica reconstrutiva da mama é obrigatória nos Cacon (Centros de Alta Complexidade em Oncologia) e facultativa nas Unacon (Unidades de Assistência de Alta Complexidade), que devem indicar quais os serviços de referência para esse procedimento. Quando a reconstrução no centro de tratamento original não for possível, a paciente poderá ser encaminhada para outro serviço de Cirurgia Plástica.
Promoção da Saúde
Os cânceres fazem parte do grupo de doenças crônicas de maior impacto mundial (doenças do aparelho circulatório, diabetes, cânceres e doenças respiratórias) e que possuem quatro fatores de risco em comum: Tabagismo, comportamento sedentário, alimentação não saudável e consumo excessivo de álcool.
Para mais informações sobre Promoção da alimentação saudável, Prática de atividade física/exercício físico, Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e Tabagismo, consulte Promoção da Saúde - Profissionais.
Tanto para prevenção como durante o tratamento do câncer, o tabagismo deve ser desencorajado. A recomendação de não fumar está relacionada à redução de complicações durante o tratamento do câncer.
Para mais informações, consulte a Linha de Cuidado do Tabagismo.
Imunização de pessoas com neoplasia ou em uso de drogas imunossupressoras: vacina influenza, pneumocócica conjugada 13-valente (VPC13), haemophilus influenzae tipo b, meningocócicas conjugadas (MenC), hepatite A, hepatite B, vacina HPV.
Para mais informações, acesse o Calendário de vacinação para pacientes especiais-SBIM.