Linhas de Cuidado

Acompanhamento

As mulheres devem permanecer em acompanhamento na Atenção Primária à Saúde durante todo o tratamento na Atenção Especializada, avaliando a necessidade de intervenções.

Pós tratamento do câncer de mama

O canal de consultoria do Telessaúde Brasil Redes do Ministério da Saúde - 0800 644 6543 pode ser utilizado para discussão de casos.

O seguimento clínico deve ser individualizado. Dependendo do diagnóstico, estadiamento e terapêutica realizada, muitas pacientes permanecerão indefinidamente com risco de complicações relativas ao tratamento, como também risco de recorrência local/sistêmica. O foco deve estar nas ações de:

  • Vigilância da recorrência
  • Identificação e manejo de sintomas físicos e psicológicos, decorrentes do tratamento e do câncer de mama
  • Promoção da saúde
Periodicidade de acompanhamento, tipo de avaliação e local
Período História e exame clínico Mamografia Local
Do primeiro ao terceiro ano Trimestral/semestral Anual Atenção especializada
Do quarto ao quinto ano Semestral/anual Anual Atenção especializada
Após o quinto ano Anual A cada dois anos Atenção Primária à Saúde

*Considerar o perfil de risco em pacientes sintomáticas

Mamografia: Após cirurgia conservadora, a primeira mamografia é solicitada pelo menos 6 meses após o término da radioterapia. Exames mais frequentes podem ser realizados em pacientes sintomáticos. Pacientes com ambas as mamas reconstruídas com próteses ou retalhos miocutâneos devem ter o seguimento radiológico individualizado.

Ressonância magnética: Não é indicada para rastreamento, a exceção são nas pacientes de alto risco, de forma complementar à mamografia.

Durante as avaliações:

  • Orientar a paciente sobre sinais e sintomas de recorrência local
  • Revisar a indicação de avaliação genética (se paciente preencher critérios)
  • Orientar sobre a importância de aderir à hormonioterapia, quando indicado, pois melhora a sobrevida, reduz risco de recidiva e de novos tumores primários
  • Orientar sobre a importância de manter um peso ideal e saudável (atividade física progressiva, se possível supervisionada). Pacientes com sobrepeso e obesidade têm maior risco de recidiva e de desenvolver linfedema naquelas submetidas à esvaziamento ganglionar axilar
  • Avaliar se há sinais precoces de linfedema e encaminhar para especialista, se indicado
  • Avaliar a presença de depressão e ansiedade. Em mulheres que tiveram câncer antes dos 45 anos, a infertilidade pode ser um problema com repercussão física e psicológica
  • Avaliar a saúde óssea (perda óssea frequente durante o tratamento), solicitar densitometria óssea da coluna lombar e fêmur durante ou após o tratamento nas mulheres na pós-menopausa e conforme indicação, a cada 2 anos. Suplementação com cálcio deve ser considerada em pacientes acima de 50 anos
  • Avaliar sintomas de menopausa (a quimioterapia pode causar danos na função ovariana ou como efeito colateral da terapia endócrina). Antidepressivos e a gabapentina podem ser usados para alívio de sintomas, assim como a acupuntura em locais que dispõem de profissionais capacitados. A adoção de um estilo de vida saudável com ações de promoção da saúde também contribuem para alívio de sintomas

Frequência das consultas

Rastreamento

Após o 5° ano do tratamento e liberada da Atenção Especializada, realizar avaliação anual, na Atenção Primária à Saúde

Para pacientes em cuidados paliativos, avaliar a frequência de retorno conforme a necessidade do caso e indicação de acompanhamento domiciliar.

Cuidados paliativos

O tratamento do câncer de mama nem sempre é curativo, em algumas situações o objetivo está em diminuir a ferida existente, aumentar a sobrevida e a qualidade de vida

Para informações gerais sobre os Cuidados Paliativos, informações sobre dor, medicações padronizadas no SUS e sedação terminal, consulte os Cuidados Paliativos na APS.

O principal objetivo do tratamento das feridas tumorais é assegurar uma melhor qualidade de vida aos pacientes com alívio de sinais e sintomas. Geralmente influencia na imagem corporal com perda da autonomia e autoestima, sensação de mutilação, ocasionando prejuízos físicos, psicológicos e sociais, com impacto na qualidade de vida.

Classificação das feridas tumorais
Aspecto da ferida Odor
Ulcerativa maligna Fungosa maligna Fungosa maligna ulcerada Grau 1 Grau 2 Grau 3
Ulcerada e forma crateras superficiais Apresenta protuberâncias nodulares semelhantes ao aspecto de uma couve-flor Apresenta partes vegetativas e ulceradas Sentido ao abrir o curativo Sentido ao se aproximar do paciente Sentido no ambiente, sendo muito forte e até nauseante

Fonte: Adaptada de Tratamento e controle de feridas tumorais e úlceras por pressão no câncer avançado, Instituto Nacional de Câncer: 2009.

O controle dos sinais e sintomas também pode ser realizado por intervenções tópicas que incluem a realização de curativos. Conforme redução de odores, controle do sangramento e exsudato, o desconforto diminui.

O plano de cuidados deve englobar, orientações aos pacientes e familiares/cuidadores sobre os cuidados com a pele de modo geral, além da prevenção de complicações.

Rastreamento

Fonte: Adaptado de Diretrizes oncológicas, Doctor Press Editora Científica: 2019; Prevenção e tratamento de lesões cutâneas: perspectivas para o cuidado, Editora Moriá: 2018.

Registro das ações
  • Avaliação da paciente
  • Avaliação da ferida tumoral:
    • Localização: Tamanho, configuração, área de envolvimento, cor, extensão (fístula ao redor), odor, exsudato, sangramento, dor, prurido, descamação, sinais de infecção, acometimento ou invasão de órgãos e sistemas
    • Avaliar a progressão ou mudança na ferida
    • Definir os produtos necessários/apropriados para a ferida
  • Intervenções realizadas
  • Resultados obtidos
  • Necessidade de encaminhamento para outros profissionais
  • Educação realizada ao paciente/cuidador, sinalizando os pontos de dificuldade de entendimento e habilidades

A radiação afeta as células malignas e também as células saudáveis, pois causa um desequilíbrio entre dano e reparo do tecido cutâneo. As células que se dividem rapidamente, como as células da pele, são mais suscetíveis aos efeitos da radiação.

Estágios de progressão das lesões de pele
Estágio Tempo de exposição Descrição
Prodrômico Horas após a exposição Eritema precoce (primeira onda de eritema), sensação de calor e coceira que definem a área de exposição
Latente 1 a 2 dias após a exposição Sem manifestação cutânea evidente
Manifestação Dias a semanas após a exposição Começa com o eritema principal (segunda onda), sensação de calor e edema leve, geralmente acompanhados por aumento da pigmentação. Outros sintomas variam de descamação seca ou ulceração a necrose
Terceira onda de eritema 10 a 16 semanas após a exposição Eritema tardio, lesão nos vasos sanguíneos, edema e aumento da dor. Uma cor azulada pode ser observada no local
Efeitos tardios Meses a anos após a exposição Variam desde leve atrofia dérmica à recorrência constante de úlcera, necrose dérmica e deformidade; telangiectasia; destruição da rede linfática; linfostase regional; aumento da fibrose invasiva; vasculite e esclerose subcutânea do tecido conjuntivo; alterações pigmentares e dor. O câncer de pele é possível nos anos subsequentes
PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DE RADIODERMITE
Objetivo: minimizar a radiotoxicidade aguda na pele durante o tratamento.
INDICAÇÕES
1 Hidratação de dois litros por dia (por via oral, sonda nasoenteral ou gastrostomia)
2 Uso correto do creme hidratante natural e orgânico à base de Aloe vera, duas vezes por dia
3 Não usar creme antes da aplicação com radiação ionizante
4 Não usar a força do jato de água diretamente na pele irradiada
5 Não depilar com lâmina ou cera (barba, axila, púbis, virilha e tórax)
6 Usar roupas de tecido de algodão
7 Não expor a pele ao sol durante o tratamento
8 Evitar uso de tecido sintético durante a terapia
9 Em descamação seca, reforçar a hidratação e manter hidratação

Fonte: Ações de enfermagem para o controle do câncer, Instituto Nacional de Câncer: 2008.

Outras ações preventivas:

  • Avaliação constante da pele, com registro de sinais e sintomas
  • Higiene regular da pele irradiada: Lavagem da pele com água e sabão suave (pH neutro entre 4 e 6, sem perfume) sem esfregar a área (redução do prurido e eritema)