Linhas de Cuidado

Planejamento terapêutico

Pacientes com asma de difícil controle/grave (asma lábil, refratária ao tratamento usual ou com indicadores de risco de vida) devem ser avaliados pelo pneumologista.

Os pacientes em acompanhamento na Atenção Especializada (AE) devem manter o vínculo na Atenção Primária à Saúde (APS).

Avaliação clínica

Fatores de risco

Os fatores de risco podem ser divididos em:
Ambientais Próprios do paciente
  • Exposição à poeira domiciliar e ocupacional
  • Exposição domiciliar (como queima de biomassa, ácaros, alérgenos de barata, pelo de animais e materiais de limpeza)
  • Infecções virais (especialmente vírus sincicial respiratório e rinovírus)
  • Tabagismo
  • Tabagismo passivo
  • Poluição
  • Aspectos genéticos
  • Obesidade
  • Sexo masculino (durante a infância e adolescência)

Avaliação clínica

Diagnóstico

O diagnóstico específico de asma em crianças menores de 5 anos é difícil, assim como o manejo terapêutico. Em conformidade com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma, esta linha é direcionada para o cuidado de pacientes acima de 6 anos de idade.

O diagnóstico de asma é realizado com base em critérios clínicos e funcionais a partir da anamnese, exame clínico e exames de função pulmonar (espirometria).

Classificação diagnóstica (Cid-10):

  • J45.0 Asma predominantemente alérgica
  • J45.1 Asma não alérgica
  • J45.8 Asma mista
  • J45.9 Asma não especificada
  • Avalie sintomas recorrentes de obstrução das vias aéreas:
    • Sibilos, tosse, dificuldade para respirar, aperto no peito 
  • Questione se estes sintomas:
    • Ocorrerem/pioram à noite ou pela manhã ao despertar OU 
    • Ocorrem/pioram durante as atividades de rotina ou com a prática de atividade física, à infecção respiratória, exposição a alérgenos/irritantes inalatórios (avaliar perfil ocupacional), mudanças climáticas, riso ou choro intensos, estresse, ciclo menstrual 
  • Pergunte sobre tabagismo ativo ou passivo
10 Perguntas Importantes na Anamnese

1. Você tem ou teve episódios recorrentes de falta de ar?

2. Você tem ou teve episódios recorrentes de chiado no peito?

3. Você tem tosse persistente ao acordar ou à noite?

4. Você acorda por motivo de tosse ou falta de ar?

5. Você tem tosse, chiado ou aperto no peito depois de fazer atividade física (brincar), quando fica resfriado/gripado ou quando chora ou dá risada?

6. Você tem tosse, chiado ou aperto no peito ao ter contato com mofo, poeira, fumaça de cigarro, perfumes ou animais como cachorro e gato?

7. Você faz uso de algum medicamento quando tem tosse, chiado ou falta de ar? Com que frequência?

8. O medicamento alivia os sintomas?

9. Alguém na sua família tem doenças alérgicas ou asma?

10. Você já teve ou tem sintomas de doenças alérgicas?

Fonte: Adaptado de Cadernos de Atenção Básica (n° 25): Doenças respiratórias crônicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2010; Linhas de Cuidado: Asma/DPOC. Santo André: Secretaria da Saúde, 2016.

Pacientes adultos:

  • Avaliar DPOC, bronquite aguda, insuficiência cardíaca, fibrose cística, pneumonia eosinofílica, entre outras. Conforme a suspeita clínica, avalie a solicitação de radiografia simples de tórax

Se na espirometria houver padrão obstrutivo sem resposta ao broncodilatador, especialmente em pacientes tabagistas, considere o diagnóstico diferencial com DPOC, se padrão restritivo, considere doença pulmonar intersticial.

Crianças e adolescentes: os achados do exame clínico devem ser descritos na Caderneta da Criança (Menino e Menina) ou Caderneta de saúde do adolescente durante TODAS as consultas e compartilhados com os pais/cuidadores.

Os sintomas mais frequentes são os sinais de obstrução das vias aéreas (sibilos expiratórios, hiperexpansão pulmonar e tiragem intercostal).

Podem ocorrer sinais de atopia como, rinite alérgica, sinais de dermatite atópica, entre outros.

Atenção: No período intercrises, o exame clínico pode ser normal, o que não exclui o diagnóstico de asma.

Critérios clínicos para o diagnóstico de asma

Fator diagnóstico

Critérios para diagnóstico de asma 

  • Sibilância, falta de ar, aperto no peito e tosse
  • Alguns termos podem variar, por exemplo, crianças podem descrever como respiração pesada
  • Geralmente mais do que um tipo de sintoma respiratório (em adultos, tosse isolada raramente é devida a asma)
  • Sintomas mudam ao longo do tempo e variam em intensidade
  • Sintomas são frequentemente piores à noite ou ao acordar
  • Sintomas são frequentemente desencadeados durante a prática de atividade física, riso, exposição a alérgenos ou/e ar frio
  • Sintomas frequentemente surgem ou pioram com infecções respiratórias

Fonte: Adaptado do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

A espirometria é o exame mais utilizado e está indicada para:

  • Estabelecer o diagnóstico
  • Avaliar a gravidade da obstrução ao fluxo aéreo
  • Monitorar o curso da doença
  • Avaliar a resposta ao tratamento

Deve ser realizada no diagnóstico/ início do tratamento e  no mínimo anualmente, a partir dos 5 anos de idade, ou com maior frequência de acordo com o risco de exacerbação ou declínio da função pulmonar (idealmente a cada 6 meses em pacientes que fazem uso contínuo de medicamentos para avaliar controle do tratamento).

Atenção: A espirometria para diagnóstico e acompanhamento de pacientes com asma deve estar disponível na atenção primária à saúde, visando a maior resolubilidade desse nível de atenção à saúde e pelo fato de ser uma condição sensível à APS.

Diagnóstico de asma a partir de espirometria

A espirometria deve ser solicitada para pacientes a partir dos 5 anos de idade, é possível fazê-la em crianças de até 3 anos em centros de referência, entretanto é um exame limitado para diagnóstico na infância.

Atenção: Na asma grave ou em exacerbações pode não ocorrer reversibilidade. Em todas as intensidades da asma (leve, moderada ou grave) a espirometria pode ser normal, principalmente na infância e adolescência.

Se a espirometria identificar distúrbio ventilatório grave, hipoxemia crônica ou manifestações clínicas desproporcionais ao grau de obstrução pela espirometria, considere uma avaliação funcional pulmonar completa (pletismografia), se disponível.

Realização do exame: Idealmente os pacientes não devem estar sob efeito de medicamentos broncodilatadores. Orientar aos pacientes que toleram ficar sem essas medicações, que não utilizem o broncodilatador de curta ação quatro horas antes do exame e broncodilatador de longa ação 15 horas antes do exame. Pacientes com suspeita de tuberculose não devem fazer a espirometria.

Teste de broncoprovocação positivo (acima de 5 anos): Pode ser usado no processo diagnóstico, quando houver sintomas compatíveis e espirometria normal; deve ser realizado em serviços especializados.

A decisão de iniciar o tratamento na falta de avaliação funcional pulmonar deve levar em conta a probabilidade de asma, conforme os achados clínicos e a urgência do tratamento. Realizar a espirometria logo que possível.

O PFE permite avaliar a variabilidade da obstrução; auxilia a monitorização clínica e detecção precoce de crises. O monitoramento de PFE de longo prazo é geralmente recomendado para pacientes com asma grave ou aqueles com percepção prejudicada de limitação do fluxo de ar, sua utilização também é condicionada conforme disponibilidade e pactuações locais.

O uso da medida de Pico de Fluxo deve ser realizado por equipe treinada periodicamente para a assistência do paciente com asma e seu objetivo de uso bem determinado. Na medida do Pico de Fluxo é necessária a cooperação do paciente, profissional de saúde treinado. A avaliação com o PFE não é fundamental para o tratamento e acompanhamento do paciente.

Como usar o medidor de pico de fluxo expiratório

Na falta de espirometria, uma mudança de pelo menos 20% no PFE é indicativa de asma, sendo especialmente útil no diagnóstico de asma ocupacional. Assim como na espirometria, valores normais de PFE não excluem o diagnóstico de asma. Na síndrome de sobreposição asma-DPOC, uma variabilidade excessiva no PFE também pode ser observada.

Fator diagnóstico

Critérios para diagnóstico de asma 

Demonstração de variabilidade excessiva do fluxo aéreo expiratório (por um ou mais dos testes abaixo) E limitação do fluxo aéreo expiratório*

Quanto maiores as variações e quanto mais frequentes elas ocorrem, maior a confiabilidade no diagnóstico

Ao se detectar redução do VEF1, confirmar se a relação VEF1/CVF está também reduzida (< 0,75-0,80 em adultos e < 0,90 em crianças)

Teste de reversibilidade ao broncodilatador (BD)* - maior sensibilidade se BD suspenso antes do teste: ≥ 4 horas para BD de curta ação e ≥ 15 horas para BD de longa ação

Adultos/adolescentes: Aumento no VEF1 de > 12% e > 200 mL em relação ao valor basal, 10–15 minutos após 200–400 mcg de salbutamol ou fenoterol - maior confiança se aumento > 15% e > 400 mL

Crianças: Aumento no VEF1 acima de > 12% do valor previsto

Variação excessiva no PEF medido duas vezes ao dia durante duas semanas*

Adultos/adolescentes: Variabilidade diária diurna do PFE > 10%**

Crianças: Variabilidade diária diurna do PFE > 13%**

Aumento significativo da função pulmonar após 4 semanas de tratamento anti-inflamatório

Adultos/adolescentes: Aumento no VEF1 > 12% e > 200 mL (ou > 20%) no PFE† em relação ao valor basal após 4 semanas de tratamento, na ausência de infecções respiratórias

Teste de broncoprovocação - Geralmente realizado apenas em adultos

Queda no VEF1 ≥ 20% do valor basal com doses-padrão de metacolina ou histamina ou ≥ 15% com hiperventilação, solução salina ou manitol

Teste de broncoprovocação com exercício*

Adultos/adolescentes: Queda no VEF1 de > 10% e > 200 mL do valor basal

Crianças: Queda no VEF1 de > 12% do valor previsto, ou > 15% no PFE

Variação excessiva entre consultas* - menos confiável

Adultos/adolescentes: Variação no VEF1 > 12% e > 200 mL entre consultas, na ausência de infecção respiratória

Crianças: Variação no VEF1 > 12% ou > 15% no PFE entre consultas (pode incluir medidas durante infecções respiratórias)

* Esses testes podem ser repetidos durante a presença dos sintomas ou no início da manhã.
** Adaptado de Global Initiative for Asthma, 2021.
VEF1: volume expiratório forçado no primeiro segundo; PFE: Pico de fluxo expiratório; CVF: capacidade vital forçada.
Fonte: Adaptado do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2021; Global Strategy for Asthma Management and Prevention: Updated 2021. USA: Global Initiative for Asthma, 2021.

Hemograma: É útil para excluir a anemia como causa ou fator agravante de dispneia, identificar eventuais anormalidades da série branca e eosinofilia.

Investigação da sensibilização IgE específica: Realizar nos pacientes com asma grave na etapa V de tratamento, quando disponível, para identificar sensibilização atópica específica, auxiliar no manejo da doença com redução de exposição e escolha do tratamento (anticorpo monoclonal).

Radiografia simples de tórax: Deve ser solicitada na avaliação inicial, quando dúvida do diagnóstico diferencial, principalmente em fumantes.

Para mais informações acesse o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma.

Não é necessário realizar uma investigação completa de todos os fatores associados à dificuldade do controle da asma em todos os asmáticos.

Em pacientes com asma de difícil controle, deve-se iniciar uma investigação sistematizada para identificar e minimizar ou eliminar comorbidades que possam piorar o controle da doença:

  • Refluxo gastroesofágico, obesidade 
  • Disfunção de cordas vocais, rinossinusite crônica, polipose nasal
  • Ansiedade, depressão
  • Apneia do sono, DPOC, aspergilose broncopulmonar alérgica, bronquiectasias
  • Asma piorada ou causada por exposição ocupacional, entre outras
  • Tabagismo ativo, causa de dificuldade de controle da doença e de exacerbações
Baixa adesão ao plano de cuidados

A baixa adesão medicamentosa e a técnica inalatória inadequada são importantes fatores desencadeantes/agravantes da asma.

O plano de ação e a técnica inalatória devem ser revisados em todas as consultas, a contagem de comprimidos, e a verificação dos registros de farmácias são estratégias para acompanhamento da adesão.

Tabagismo

O tabagismo aumenta a gravidade da asma, piora o seu controle além de provocar perda acelerada de função pulmonar e redução na resposta ao corticóide inalatório. Todos os asmáticos devem ser aconselhados a cessação do tabagismo. O tabagismo passivo também aumenta o risco de exacerbações e dificulta o controle da asma em adultos e crianças.

Consulte a Linha de cuidado do Tabagismo.

Exposição ambiental e ocupacional

A exposição ambiental e ocupacional são importantes fatores associados à dificuldade de controle da asma.

  • Exposição ambiental (ex. poeiras, poluição, queima de biomassa, ácaros, alérgenos de barata e pelo de animais)
  • Exposição ocupacional (ex. alergias a látex, agentes de baixo peso molecular e material de limpeza)

Atenção: Se possível, as causas devem ser eliminadas ou minimizadas, especialmente na asma ocupacional.

Medicamentos que podem dificultar o controle da asma
  • Ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios não esteroidais: Podem causar exacerbação grave da asma em pacientes sensibilizados
  • β-bloqueadores por via oral e formulações oftálmicas tópicas: Podem causar broncoespasmo

Atenção: Sempre avalie as interações medicamentosas e considere individualmente os riscos e benefícios para a tomada de decisão sobre a utilização.

Avaliação clínica

Controle e gravidade da Asma

A avaliação periódica do controle da asma é um importante marcador do nível da doença e o principal parâmetro para ajuste no plano de tratamento do paciente. A asma é classificada em controlada, parcialmente controlada e não controlada.

A avaliação abrange dois domínios: controle das limitações clínicas atuais e a redução de riscos futuros. É feita, em geral, em relação às últimas 4 semanas e expressa a intensidade com que as manifestações da asma são suprimidas pelo tratamento.

Definição do controle da asma por diferentes instrumentos

Instrumento/itens

Asma controlada

Asma parcialmente

controlada

Asma não

controlada

GINA

 
Sintomas diurnos > 2 vezes por semana Nenhum item 1-2 itens 3-4 itens

Despertares noturnos por asma

Medicamento de resgate > 2 vezes por semana

Limitação das atividades por asma

ACT (escore 1-5 por item)

Escore

Limitação das atividades por asma

  • Nenhuma vez = 5
  • Poucas vezes = 4
  • Algumas vezes = 3
  • Maioria das vezes = 2
  • Todo tempo = 1

≥ 20

15-19

≤ 15

Dispneia

  • Completamente controlada = 5
  • Bem controlada = 4
  • Um pouco controlada = 3
  • Pobremente controlada = 2
  • Totalmente descontrolada = 1

Despertares noturnos por asma

  • Nenhuma vez = 5
  • Uma ou duas vezes no último mês = 4
  • Uma vez por semana = 3
  • Duas ou três vezes por semana = 2
  • Quatro ou mais vezes por semana = 1

Medicamento de resgate

  • Nenhuma vez = 5
  • Uma vez por semana ou menos = 4
  • Poucas vezes por semana = 3
  • Uma ou duas vezes por dia = 2
  • Três ou mais vezes por dia = 1

Autoavaliação do controle da asma

  • Completamente controlada = 5
  • Bem controlada = 4
  • Um pouco controlada = 3
  • Pobremente controlada = 2
  • Totalmente descontrolada = 1
GINA: Global Initiative for Asthma; ACT: Asthma Control Test.
Fonte: Adaptado de Recomendações para o manejo da asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia-2020. Brasília: Jornal Brasileiro de Pneumologia, 2020; Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Asma. Brasília: Ministério da Saúde/Conitec, 2021; Validação do Teste de Controle da Asma em português para uso no Brasil: validation for use in Brazil. Brasília: Jornal Brasileiro de Pneumologia, 2010.

A avaliação de risco de desfechos desfavoráveis deve ser feita no diagnóstico e nas consultas de revisão e incluem risco para limitação persistente do fluxo aéreo, exacerbações e efeitos colaterais das medicações.

Fatores de risco modificáveis para exacerbação 

  • Sintomas não controlados
  • Dose elevada de broncodilatador de curta ação (aumento de mortalidade se utilizado mais de um frasco de 200 doses ao mês)
  • Uso inadequado de corticoide inalatório (incluindo não prescrição, baixa adesão e técnica inalatória incorreta)
  • VEF1 < 60% do previsto
  • Problemas psicológicos e sociais maiores
  • Exposição a cigarros e alérgenos
  • Comorbidades: Obesidade, rinossinusite, alergia alimentar
  • Gravidez
  • História de ventilação mecânica ou internação em UTI devido a asma
  • Uma ou mais exacerbações graves nos últimos 12 meses com necessidade de internação

Fatores de risco para desenvolver limitação fixa do fluxo aéreo 

  • Não utilização de corticoide inalatório 
  • Exposição a tabaco, agentes químicos e exposição ocupacional
  • VEF1 baixo no início do diagnóstico, hipersecreção crônica, eosinofilia sérica

Fatores de risco para efeitos adversos aos medicamentos 

  • Sistêmicos: Uso frequente de corticóide oral, uso por longo tempo de altas doses de corticóide inalatório, uso concomitante de inibidores do citocromo P450 (como inibidores de protease, amiodarona, verapamil, diltiazem, entre outros)
  • Inalatórios: Altas doses ou corticoide inalatório potente; técnica inadequada 
VEF1: volume expiratório forçado no primeiro segundo; UTI: unidade de terapia intensiva.
Fonte: Adaptado Global Strategy for Asthma Management and Prevention: Updated 2021. USA: Global Initiative for Asthma, 2021; TeleCondutas: Asma. Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS, 2017.

A gravidade da asma é avaliada retrospectivamente a partir da quantidade de medicamentos exigidos para controlar os sintomas e exacerbações e pode ser avaliada quando o paciente está em tratamento de controle há vários meses.

Gravidade da Asma
Leve Moderada Grave

Asma bem controlada com os tratamentos das etapas I ou II

Asma bem controlada com o tratamento da etapa III, em geral, com dose baixa CI + B2LA

Asma que requer tratamento das etapas IV e V, ou seja, que necessitam dose moderada/alta de CI + B2LA, associados a outros medicamentos controladores, para atingir o controle ou porque ocorre piora quando se reduz esse tratamento

B2LA: broncodilatador β2-agonista de longa ação; CI: Corticoide inalatório.
Fonte: Adaptado de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

As etapas do tratamento da asma podem ser consultadas em Tratamento.

Pacientes que apresentam um ou mais dos fatores de risco descritos abaixo, têm maior risco de morte relacionada à asma.

Indicadores de risco de vida
  • Episódio de crise de asma grave alguma vez na vida com necessidade de intubação e ventilação mecânica
  • Hospitalização ou atendimento na emergência por crise de asma no último ano
  • Atualmente usando ou parou recentemente de usar corticoides orais (marcador de gravidade do evento)
  • Atualmente NÃO está usando corticoide inalatório
  • Uso frequente de B2CA, especialmente mais de um frasco no mês
  • Baixa adesão ao tratamento farmacológico que contém corticóide inalatório e/ou baixa adesão a (ou falta de) um plano de ação por escrito para asma
  • História de doença psiquiátrica ou problemas psicossociais
  • Alergia alimentar em paciente com asma
  • Comorbidades severas como, pneumonia, diabetes e arritmias
B2CA: broncodilatador β2-agonista de curta ação.
Fonte: Adaptado Global Strategy for Asthma Management and Prevention: Updated 2021. USA: Global Initiative for Asthma, 2021; Protocolos de encaminhamento para pneumologia adulto. Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS, 2018.

Avaliação clínica

Fluxograma diagnóstico

Fluxograma diagnóstico
Fonte: Adaptada de Global Strategy for Asthma Management and Prevention: Updated 2021. USA: Global Initiative for Asthma, 2021.

Acompanhamento

Acompanhamento

Controle da asma (controle dos sintomas e risco de efeitos adversos)

Aspectos relevantes do tratamento

Comorbidades

  • Avalie o controle dos sintomas nas últimas 4 semanas. Consulte definição do controle da asma por diferentes instrumentos
  • Identifique fatores de risco para exacerbações, limitação persistente do fluxo de ar ou efeitos adversos
  • Avaliar a função pulmonar no diagnóstico/ início do tratamento, anualmente, sendo que nos pacientes mais graves, a cada 3-6 meses, com intuito de avaliar se existe perda progressiva funcional
  • Registre em prontuário a etapa atual de tratamento do paciente Consulte tratamento farmacológico
  • Revise a técnica com o inalador, avalie a adesão e os efeitos adversos
  • Revise se o paciente tem um plano de ação por escrito para a asma
  • Questione e reforce sobre a autonomia e autocuidado
  • Ajustar as doses, no mínimo, após 3 meses da obtenção e manutenção do controle da asma (objetivando utilizar as menores doses para manter o controle da doença)
  • A suspensão completa do tratamento não é recomendada por aumentar o risco de exacerbações
  • Avalie a presença de comorbidades que podem contribuir na piora dos sintomas e redução da qualidade de vida como: Rinite, rinossinusite, refluxo gastroesofágico, obesidade, apneia obstrutiva do sono, depressão e ansiedade

Fonte: Adaptado de Global Strategy for Asthma Management and Prevention: Updated 2021. USA: Global Initiative for Asthma, 2021; Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

Para mais informações, consulte Gravidade da Asma.

Acompanhamento

Fatores que influenciam o controle da asma

Ter sintomas de asma não controlados é um importante fator de risco para exacerbações.

A asma mal controlada ou não controlada contribui para o aumento da incapacidade, redução da produtividade, da qualidade de vida e alta morbimortalidade.

Antes de qualquer modificação no tratamento de pacientes com asma parcialmente ou não controlada, verifique a presença de fatores potencialmente modificáveis que podem influenciar o controle, como:

  • Falta de adesão
    • É a principal causa de falta de controle da asma, pode estar relacionada a fatores voluntários (medos e mitos sobre o tratamento) ou fatores involuntários (falta de acesso ao tratamento ou dificuldade no uso do dispositivo)
    • Avalie em todas as consultas a adesão, realize contagem de medicamentos, verificação dos registros na farmácia, detecção de efeitos colaterais ou qualquer recurso que possa auxiliar no acompanhamento
    • Reforce o autocuidado e autonomia do paciente, inclua o paciente e familiares/responsáveis no processo de educação para um bom controle da asma
  • Uso de medicações que podem diminuir a resposta ao tratamento (β-bloqueadores, AINE)
  • Uso frequente de B2CA (risco aumentado de exacerbações e mortalidade, particularmente se ≥ 1 frasco/ mês)
  • Exposições (ex. fumo, exposição a alérgenos se sensibilizado, poluição do ar)
  • Condições de saúde associadas (ex. obesidade, rinossinusite crônica, refluxo gastroesofágico, alergia alimentar confirmada, gravidez)
  • Diagnóstico incorreto

Acompanhamento

Frequência de consultas

A frequência de acompanhamento dos pacientes com asma deve ser individualizada a partir do controle da doença, características do paciente e disponibilidade do serviço, paciente/família.

Recomenda-se um intervalo entre consultas de 3-6 meses.

Pacientes que estão em acompanhamento na Atenção especializada (pneumologia) avaliar a possibilidade/disponibilidade de intercalar as consultas com a Atenção primária.

Atenção: Após uma exacerbação, deve-se agendar consulta de revisão dentro de 2-7 dias de acordo com o contexto clínico e social do paciente. Em crianças < 5 anos reavalie em 1–2 dias e após dentro de 1–2 meses, dependendo do contexto clínico, social e prático da exacerbação.

Acompanhamento

Aspectos específicos em crianças (maiores de 6 anos) e adolescentes

Controle de sintomas 

Sintomas diurnos 

Com que frequência a criança/adolescente tem tosse, chiado, dispnéia ou respiração pesada (número de vezes por semana ou dia)? O que desencadeia os sintomas? Como eles são tratados?

Sintomas noturnos 

Tem tosse? Cansaço durante o dia? Número de vezes que acorda a noite (Se o único sintoma for tosse, considere outros diagnósticos, como rinite ou doença do refluxo gastroesofágico)

Uso para alívio de sintomas

Com que frequência o medicamento de alívio é usado? Diferencie o uso antes da prática de atividade física e o uso para o alívio dos sintomas

Atividade física

Quais esportes/atividades/interesses a criança/adolescente tem, na escola e nas horas vagas? Como o nível de atividade da criança/adolescente se compara ao de seus colegas ou irmãos? Avalie a rotina diária da criança a partir da criança/adolescente, sem interrupção dos responsáveis se possível

Fatores de risco para eventos adversos

Exacerbação

Como as infecções virais afetam a asma da criança/adolescente? Que agentes ambientais afetam ou desencadeiam crises? Os sintomas interferem na escola ou na prática de atividade física ou de esportes? Quanto tempo duram os sintomas? Quantos episódios ocorreram desde a última consulta? Alguma visita a emergência? 

Função pulmonar

Verifique as curvas e a técnica. O foco principal está no volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e na relação VEF1/CFV (capacidade vital forçada). Registre o % previsto para esses valores e acompanhe a tendência ao longo do tempo

Efeitos adversos

Verifique a altura da criança/adolescente pelo menos uma vez por ano, pois a asma mal controlada pode afetar o crescimento. Pergunte sobre a frequência e a dose de CI e CO

Fatores relacionados ao tratamento

Técnica inalatória

Peça à criança para mostrar como usa o inalador. Consulte técnica inalatória

Adesão

Questione a criança/responsáveis sobre o uso das medicações. Compare com o plano de ação por escrito

Onde o inalador é guardado - Está à vista para reduzir o esquecimento? 

É mais fácil lembrar de usar pela manhã ou à noite?

Verifique a data no inalador e como é feita a higienização 

Objetivos/ preocupações

A criança/adolescente e seus responsáveis têm alguma preocupação sobre a asma (ex. medo de algum medicamento, efeitos colaterais, interferência nas atividades)? Quais são os objetivos da criança/adolescente e seus responsáveis para o tratamento?

Comorbidades

Rinite alérgica

A criança/adolescente tem coceira, espirros, obstrução nasal? Consegue respirar pelo nariz? Usa algum medicamento para os sintomas nasais?

Eczema

Apresenta algum distúrbio do sono? Utiliza corticoides tópicos?

Alergia alimentar 

A criança/adolescente é alérgica a algum alimento? (a alergia alimentar é um fator de risco para morte relacionada à asma)

Obesidade

Avalie o IMC ajustado pela idade. Calcule o IMC

Questione sobre os hábitos alimentares e a prática de atividade física. Para mais informações consulte a Linha de cuidado da Obesidade

CI: Corticoide inalatório; CO: Corticoide oral.
Fonte: Adaptado de Global Strategy for Asthma Management and Prevention: Updated 2021. USA: Global Initiative for Asthma, 2021.

Atenção: Com base nas perguntas acima, se ainda houver dúvidas em relação à avaliação da criança/adolescente no acompanhamento, peça à criança/adolescente ou responsável para fazer um diário dos sintomas de asma, registrando por 2 semanas as queixas e necessidade do uso de medicamentos para alívio de sintomas.

A asma grave e não controlada pode prejudicar o crescimento da criança, entretanto, até o presente momento os estudos demonstram que o uso regular de CI na infância causa uma redução transitória da velocidade de crescimento (menor nos primeiros 1-2 anos de tratamento) e parece resultar em uma pequena redução na estatura final. A osteopenia e o risco de fraturas estão associados ao uso mais frequente de corticoides sistêmicos (orais ou injetáveis).

Os benefícios do CI no controle da asma superam os potenciais efeitos adversos no crescimento.

Se for necessário o uso de corticoide sistêmico prolongado é fundamental no seguimento tentar rastrear precocemente as potenciais complicações deste tratamento. Verifique a pressão arterial, peso e altura do paciente em todas as consultas de acompanhamento. Avalie a solicitação de hemograma, ionograma, glicemia de jejum, perfil lipídico, PPD em intervalos de três a seis meses e radiografia de tórax e avaliação oftalmológica semestralmente ou anualmente. Se o PPD for maior ou igual a cinco milímetros, ou se houver cicatriz à radiografia de tórax, iniciar profilaxia com isoniazida por seis meses.

  • Avaliar se a exacerbação foi resolvida e se o corticoide oral pode ser interrompido
  • Avaliar o nível de controle dos sintomas e fatores de risco do paciente e investigar a causa potencial da exacerbação
  • Revisar/fornecer o plano de ação escrito para a asma

O tratamento de manutenção geralmente pode ser reduzido aos níveis de pré-exacerbação 2–4 semanas após a exacerbação, a menos que a exacerbação tenha sido precedida por sintomas sugestivos de asma cronicamente mal controlada. Nesta situação, desde que a técnica inalatória e a aderência tenham sido verificadas, pode ser indicada uma intensificação do tratamento.

Tratamento

Objetivo do tratamento

Objetivo do tratamento da asma
Objetivo do tratamento da asma

O tratamento da asma deve ser direcionado a partir de um ciclo contínuo de avaliação, tratamento e revisão de acordo com a resposta do paciente, controle dos sintomas, riscos futuros e preferências do paciente/família.

O ciclo de gestão da Asma para um tratamento personalizado
Ciclo de Gestão da Asma
Fonte: Adaptado Global Strategy for Asthma Management and Prevention: Updated 2021. USA: Global Initiative for Asthma, 2021.

A abordagem personalizada inclui:

  • Tratamento farmacológico
  • Educação do paciente/família/responsáveis
  • Plano de ação por escrito
  • Treinamento para uso do dispositivo inalatório
  • Revisão da técnica inalatória a cada consulta

Atenção: A decisão de iniciar o tratamento na falta de avaliação funcional pulmonar deve levar em conta a probabilidade de asma, conforme os achados clínicos e a urgência do tratamento. Realizar a espirometria logo que possível.

Tratamento

Tratamento farmacológico

O tratamento da asma DEVE ser individualizado. NÃO existe um medicamento, dose ou dispositivo inalatório que se aplique a todos os asmáticos.

A educação em asma e o manejo criterioso do tratamento farmacológico são intervenções fundamentais para o controle da doença.

A base do tratamento farmacológico é constituída pelo uso de corticoide inalatório (CI) associado ou não a um β2-agonista de longa ação (B2LA).

A escolha do medicamento, sua dosagem e o dispositivo inalatório deve ser baseada na avaliação do controle dos sintomas, nas características e preferências do paciente (fatores de risco, capacidade de usar o dispositivo de forma correta, preferência pelo dispositivo inalatório) e no julgamento clínico.

O tratamento de controle da asma é dividido em cinco etapas (1-5) (Manejo da asma em pacientes com idade > 6 anos). Os medicamentos são ajustados subindo e descendo as etapas. A dose de CI é aumentada progressivamente e/ou outros tratamentos de controle são adicionados.

As estratégias de ajuste de dose devem ser centradas no paciente, antes de realizar qualquer alteração no tratamento farmacológico, considere:

  • Avaliar a estabilidade da asma (controle atual e ausência de exacerbações graves no último ano)
  • Adesão ao tratamento
  • Controle das comorbidades
  • Risco de exacerbações
  • Avaliar a exposição ambiental e ocupacional
  • Potenciais efeitos adversos
  • A etapa do tratamento

O objetivo é manter o paciente com a menor dose para manter o controle da asma. Após atingir o controle e a manutenção da doença por um tempo prolongado (não inferior a 3 meses), o CI pode ser reduzido.

Efeitos adversos:

  • Locais (irritação na garganta, disfonia, candidíase)
    • O uso de inalador pressurizado dosimetrado com espaçador e com higiene oral após a inalação de cada dose do CI reduz o risco destes efeitos
  • Sistêmicos (redução da densidade mineral óssea, infecções respiratórias (incluindo tuberculose), catarata, glaucoma, supressão do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal)
    • Doses altas por tempo prolongado aumenta o risco destes efeitos

Em pacientes com idade > 12 anos, a associação de CI + B2LA é mais eficaz do que a monoterapia com CI para controlar os sintomas da asma, reduzir as exacerbações e a perda acelerada da função pulmonar após exacerbações. O efeito sinérgico que as medicações apresentam resulta também em maior eficácia anti-inflamatória com uma menor dose de CI e assim, menos efeitos adversos.

Na estratégia de manutenção e resgate, o ajuste da dose é feito pelo paciente/família na presença de sintomas.

Atenção: O uso de B2LA como monoterapia é contraindicado por aumentar o risco de hospitalização e morte por asma.

Omalizumabe:

Restrito a pacientes com asma alérgica grave não controlada apesar do uso de corticoide inalatório associado a um B2LA. (Portaria nº 956/SAES/MS, de 22 de setembro de 2021).

Mepolizumabe:

Restrito a pacientes adultos com asma eosinofílica grave refratária ao tratamento com CI + B2LA. (Portaria nº 22/SCTIE/MS, de 28 de maio de 2021).

O B2CA por demanda (sempre associado a CI) é eficaz para alívio imediato de sintomas, bem como na prevenção em curto prazo dos sintomas induzidos durante a prática de atividade física.

  • Salbutamol ou fenoterol: 100-200 mcg (1-2 jatos), a cada 20 min, uma ou duas doses. Prevenção de broncoespasmo no exercício (adultos) ou exposição inevitável a alérgeno: Salbutamol ou fenoterol 200 mcg antes da exposição

A redução do uso do B2CA deve ser uma das metas do tratamento da asma. Seu uso excessivo (> 3 frascos no ano) está associado a um maior risco de exacerbações ou a um maior risco de morte por asma (> 1 frasco /mês).

Manejo da asma em pacientes com idade > 6 anos

Manejo da asma
CI: Corticoide inalatório; B2LA: broncodilatador ß2–agonista de longa ação; Anti-IgE: anti-imunoglobulina E; CO: Corticoide oral; FORM: formoterol; B2CA: broncodilatador ß2–agonista de curta ação.
Fonte: Adaptado de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2021

Atenção: Pacientes de qualquer idade com asma não controlada na etapa 4 do tratamento devem ter acompanhamento compartilhado com a Atenção Especializada.

Para iniciar o tratamento farmacológico em pacientes sintomáticos sem tratamento controlador prévio, consulte os fármacos e doses no PCDT de Asma em Tratamento da asma - conduta inicial em adultos e adolescentes sintomáticos sem tratamento controlador prévio.

Lista para alteração

Fármacos

  • Beclometasona: Cápsula inalante ou pó inalante de 200 mcg e 400 mcg e aerossol ou spray de 50 mcg e 250 mcg
  • Budesonida: Cápsula inalante de 200 mcg e 400 mcg e pó inalante ou aerossol bucal de 200 mcg
Equivalência das doses de corticoides inalatórios disponíveis para uso no PCDT de asma* (adultos e adolescentes ≥ 12 anos)
Corticóide  Tipo de dispositivo Dose baixa¹ mcg/dia Dose média mcg/dia Dose alta² mcg/dia

Dipropionato de Beclometasona 

DIP, HFA

200-500

> 500-1000 

> 1000

Dipropionato de Beclometasona 

HFA Partícula extrafina 

100-200 

> 200-400

> 400

Budesonida 

DPI, HFA

200-400 

> 400-800

> 800

* Dose etiquetada na caixa do medicamento.
¹ Dose padrão para iniciar e manter o tratamento da maioria dos pacientes.
² Aumentam a frequência e intensidade dos efeitos colaterais sistêmicos.
DPI: Dispositivo de pó inalatório; HFA: hidrofluoralcano, dispositivo pressurizado.
Fonte: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

  • Formoterol: Cápsula ou pó inalante de 12 mcg
  • Formoterol mais budesonida: Cápsula ou pó inalante de 12 mcg/400 mcg e de 6 mcg/200 mcg
  • Fenoterol: Aerossol de 100 mcg
  • Salbutamol: Aerossol de 100 mcg e solução inalante de 5 mg/mL
  • Prednisona: Comprimidos de 5 mg e de 20 mg
  • Prednisolona: Solução oral de 1 mg/mL e 3 mg/mL
  • Omalizumabe: É um anticorpo monoclonal IgG anti IgE. Está disponível para uso na apresentação pó (150 mg) para solução injetável e ampola diluente com 2 mL. Aprovado para pacientes com seis anos ou mais com diagnóstico de asma alérgica grave, confirmação de alergia mediada por IgE (teste cutâneo de hipersensibilidade imediata ou IgE sérica específica a pelo menos, um aeroalérgeno) e nível sérico total de IgE entre 30 e 1.500 UI/mL
  • Mepolizumabe: É um anticorpo monoclonal IgG anti-IL5. Está disponível para uso na apresentação pó para solução injetável de 100 mg ou caneta aplicadora (100 mg em 1 mL). Aprovado para pacientes com seis ou mais velhos com diagnóstico de asma eosinofílica grave. Está indicado no PCDT para pacientes com 18 anos ou mais velhos com eosinofilia periférica (Eos > 300 células/mm³)

Para acessar os esquemas completos de administração consulte o item 7.4 (Esquemas de administração) no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma.

Os benefícios do CI no controle da asma superam os potenciais efeitos adversos no crescimento.

A asma grave e não controlada pode prejudicar o crescimento da criança, entretanto, até o presente momento os estudos demonstram que o uso regular de CI na infância causa uma redução transitória da velocidade de crescimento (menor nos primeiros 1-2 anos de tratamento) e parece resultar em uma pequena redução na estatura final. A osteopenia e o risco de fraturas estão associados ao uso mais frequente de corticoides sistêmicos (orais ou injetáveis).

Se for necessário o uso de corticoide sistêmico prolongado é fundamental no seguimento tentar rastrear precocemente as potenciais complicações deste tratamento. Verifique a pressão arterial, peso e altura do paciente em todas as consultas de acompanhamento. Avalie a solicitação de hemograma, ionograma, glicemia de jejum, perfil lipídico, PPD em intervalos de três a seis meses e radiografia de tórax e avaliação oftalmológica semestralmente ou anualmente. Se o PPD for maior ou igual a cinco milímetros, ou se houver cicatriz à radiografia de tórax, iniciar profilaxia com isoniazida por seis meses.

Para mais informações, consulte Técnica Inalatória e Plano de Ação.

Tratamento

Tratamento não farmacologico

Ações Educativas e Cuidados Ambientais

O manejo não-farmacológico dos pacientes com asma envolve diferentes ações educativas e cuidados ambientais importantes para o controle da doença.

Intervenção

Recomendações 

Cessação do tabagismo e exposição à fumaça do tabaco

  • Avalie em todas as visitas. Incentive e oriente sobre a cessação do tabagismo. Consulte a Linha de cuidado para o Tabagismo
  • Oriente a família/responsáveis pelo cuidado das crianças a não fumar e a não permitir fumar nos quartos ou carros que as crianças usam
  • Incentive os pacientes a evitar exposição à fumaça ambiental

Atividade física

  • Incentive a prática regular de atividade física (pelo menos 150 minutos na semana)
  • Essa prática pode envolver atividades aeróbias (por exemplo: caminhada, corrida, natação e ciclismo), assim como atividades de fortalecimento de músculos e ossos e de alongamentos
  • As atividades físicas podem ser de intensidade leve, moderada e vigorosa, diferindo entre si pelo aumento da frequência cardíaca e da respiração
  • Benefícios à saúde podem ser obtidos com a prática em qualquer intensidade, porém, para benefícios adicionais, recomenda-se que as atividades sejam praticadas em intensidade moderada a vigorosa, tomando-se os devidos cuidados e considerando o estado de saúde de cada indivíduo
  • Pessoas diagnosticadas com asma podem participar de todas as atividades físicas, desde que sejam tomados os devidos cuidados e, se necessário,  seguindo as orientações de um profissional de saúde 
  • A prática de atividade física deve ser evitada em caso de crise de asma, especialmente em atividades de alta intensidade, e em dias frios e secos 
  • Verifique a necessidade de avaliação sobre o uso de medicamentos (como B2CA e CI-formoterol), antes da prática de atividade física, para a prevenção de broncoconstrição
  • Para os casos em que há a necessidade, oriente sobre a prevenção de broncoconstrição induzida pela atividade física com o uso regular do medicamento prescrito pelo médico de referência 
  • Oriente a realização de aquecimento antes de iniciar a prática de atividade física e de relaxamento após finalizar a prática
  • Pacientes com asma podem receber atendimento qualificado em relação à prática de atividade física em locais como as Unidades de Saúde e os polos do Programa Academia da Saúde, quando disponível
  • Municípios que não dispõem de espaços com infraestrutura mínima para essas práticas vinculadas à Secretaria de Saúde, devem buscar identificar possibilidades no entorno das Unidades de Saúde e parcerias junto às Secretarias de Esporte e Lazer, de Assistência Social e de Educação ou, até mesmo, solicitar que as equipes multidisciplinares de saúde desenvolvam ações e programas que promovam a atividade física para esses pacientes
  • Para mais informações sobre recomendações para um estilo de vida ativo, considerando os ciclos de vida, gestantes e puérperas, pessoas com deficiência e educação física escolar,  acesse o Guia de Atividade Física para a População Brasileira

Redução do peso

Evitar exposições ocupacionais

No manejo da asma ocupacional, identifique e oriente o paciente a eliminar os sensibilizantes ocupacionais o mais rápido possível

Evitar medicamentos que podem piorar a asma

  • Aspirina e AINEs geralmente não são contra-indicados, a menos que tenha uma história de reações adversas anteriores 
  • A prescrição de betabloqueadores orais ou oftálmicos, deve ser avaliada caso a caso, de acordo com a relação risco-benefício 

Alimentação adequada e saudável

Oriente uma dieta rica em frutas e vegetais. Consulte os Dez passos para uma alimentação adequada e saudável 

Evitar alérgenos em ambientes fechados

  • Não é uma recomendação como estratégia geral na asma
  • Interromper/resolver o problema de umidade ou mofo em casa, reduz os sintomas de asma e o uso de medicamentos em adultos
  • Para pacientes sensibilizados aos ácaros do pó doméstico e/ou animais de estimação, há evidência limitada de benefício clínico para asma com estratégias de prevenção (apenas em crianças)

Evitar a poluição do ar interno

Oriente a utilização de fontes de aquecimento não poluentes, e se necessária a utilização, manter o ambiente com ventilação externa (ex. fogão a lenha, fogareiro) 

Estresse emocional

  • Estratégias de relaxamento e exercícios respiratórios podem auxiliar na redução do estresse. As práticas integrativas e complementares podem ser consideradas como uma oferta em unidades que contam com profissionais habilitados. Acesse a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS
  • Avalie a necessidade de encaminhamento se os pacientes apresentarem sintomas de ansiedade ou depressão

Explicar sinais de alerta

Aumento da frequência dos sintomas, despertares noturnos por causa da asma, aumento do uso de medicamento de alívio

Monitorizar função pulmonar

Solicitar a espirometria no diagnóstico ou início do tratamento

Avaliar controle regularmente (no mínimo a cada 6 meses)

A partir dos 5 anos realizar a espirometria anualmente, ou com maior frequência de acordo com o risco de exacerbação ou declínio da função pulmonar

Consulte Função pulmonar

Informar doses máximas diárias

Atenção para efeitos adversos

Treinar a técnica inalatória

Prescrever aerocâmaras se adequado; considerar espaçadores artesanais

Consulte Técnica inalatória

Monitorar a adesão ao tratamento

Avaliação contínua da adesão e da resposta ao tratamento deve ser realizada por equipe multidisciplinar

Avaliação pela anamnese, contagem de medicamentos, verificação do registro da farmácia

Construir um plano de ação por escrito

Individualizado e elaborado em conjunto com o paciente com o objetivo de auxiliá-lo a reconhecer e ajustar o tratamento precocemente, se piorar. Quando procurar ajuda da equipe de saúde

O plano deve ser entregue ao paciente/cuidadores

Consulte Plano de ação por escrito

Fonte: Adaptado de Global Strategy for Asthma Management and Prevention: Updated 2021. USA: Global Initiative for Asthma, 2021; Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

Para mais informações, consulte Técnica Inalatória e Plano de Ação por escrito.

Tratamento

Tecnica inalatoria

Tratamento

Plano de ação

Contra-referência para Atenção Primária à Saúde

Os pacientes em acompanhamento na Atenção Especializada (AE) devem manter o vínculo na Atenção Primária à Saúde (APS), entretanto os pacientes que permanecerem com a asma controlada nas etapas de tratamento III ou IV por pelo menos 3 meses podem receber alta da Atenção especializada.

Em locais com maior variação climática considerar um tempo mais prolongado de estabilização da doença (4-6 meses) antes da alta da Atenção especializada.

  • Crianças  < 11 anos se estiverem na etapa 3 por pelo menos 3 meses

Asma grave

Pacientes com asma grave devem receber atendimento de equipe multidisciplinar.

Pacientes com asma grave, na etapa 5 do tratamento devem fenotipar (anti-IgE e dosagem de eosinófilos no sangue), se disponível, conforme pactuação:

  • Asma alérgica grave: Associar omalizumabe ao tratamento de base
  • Asma eosinofílica grave em adultos: Associar mepolizumabe ao tratamento de base

Consulte tratamento medicamentoso.

Nas situações em que não é possível realizar testes cutâneos (ex. pacientes com risco de anafilaxia, dermatite atópica moderada-grave, pacientes que utilizam algumas medicações que podem interferir na acurácia dos testes como antidepressivos tricíclicos, inibidores da enzima de conversão da angiotensina) ou na impossibilidade de acesso a métodos para investigação da sensibilização IgE específica, dados da anamnese e exame clínico podem subsidiar o diagnóstico de asma alérgica (ex. história familiar; rinite alérgica, dermatite atópica, alergia alimentar; piora do quadro clínico com a exposição aos alérgenos ambientais).

Realize a investigação para comorbidades/ diagnóstico diferencial (considere exames complementares se ainda não realizados como BNP, tomografia de seios da face, ecocardiograma).

O principal diagnóstico diferencial da asma em adultos é a DPOC, entretanto há inúmeras condições que podem estar envolvidas. Para informações complementares sobre o diagnóstico diferencial da asma, acesse o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma.

Revise continuamente a resposta ao tratamento:

  • Controle dos sintomas, exacerbação, função pulmonar
  • Controle de comorbidades (ex. dermatite atópica, polipose nasal)
  • Tratamento farmacológico: Intensidade, efeitos adversos, acesso ao tratamento
  • Satisfação do paciente/adesão/técnica inalatória

Em pacientes que NÃO apresentarem uma boa resposta ao tratamento adicional:

  • Considere interromper a terapia biológica
  • Revise diagnóstico diferencial, técnica inalatória, adesão, comorbidades, efeitos adversos, suporte familiar/social
  • Considere solicitar tomografia de tórax (se não realizada)
  • Reavalie o fenótipo e opções de tratamento
    • Expectoração induzida
    • Considere adicionar azitromicina
    • Considere adicionar baixa dose de corticóide oral (atenção aos efeitos adversos)
    • Considere solicitar broncoscopia
  • Interrompa tratamento ineficazes
  • NÃO interrompa o corticoide inalatório